tag:blogger.com,1999:blog-62104966456532395172024-02-29T07:34:21.641-08:00O REPÓRTER ANDARILHO...Em busca de boas histórias.
Um espaço para o jornalismo narrativo.
Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.comBlogger38125tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-15078537508837088722024-02-29T07:26:00.000-08:002024-02-29T07:33:50.691-08:00UMA MULHER MARCADA PARA RESISTIR...<p><span style="color: #2b00fe;"> <b style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Símbolo
da luta pela terra no Brasil, Elizabeth Teixeira, que completou 99 anos,
continua a luta do marido, assassinado em 1962, a mando de latifundiários, que
deu origem ao documentário de Eduardo Coutinho, “Cabra marcado para morrer”</span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: #2b00fe;"><b><span face=""Arial",sans-serif">Texto:</span></b><b><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt; line-height: 150%;">
Donizete Oliveira<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: #2b00fe;"><b><span face=""Arial",sans-serif">Foto:</span></b><b><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt; line-height: 150%;">
Memorial das Ligas e Lutas Camponesas<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="color: #2b00fe;">1,
2, 3... três tiros ecoaram nas margens da BR-230, que liga João Pessoa a Sapé,
município de 52 mil habitantes, a 57 quilômetros da capital paraibana. Era 2 de
abril de 1962. A vítima assassinada a tiros de fuzil pelas costas era o
agricultor João Pedro Teixeira. Marido de Elizabeth Altino Teixeira, ele
travara uma luta ferrenha com latifundiários da região. Rechaçava os maus
tratos a trabalhadores rurais e exigia a reforma agrária. Reivindicação antiga
que põe o Brasil entre os raros países do mundo que não a fizeram. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="color: #2b00fe;">João
Pedro sabia que podia morrer, mas foi às últimas consequências contra os
algozes daqueles que lavravam a terra e dela tiravam o sustento. A altiva luta
dele se transformou em famoso documentário: “Cabra marcado para morrer”.
Obra-prima que Eduardo Coutinho começou a produzir após a morte do camponês. O
golpe civil/militar de 1964 a interrompeu. Após a anistia, ele voltou a
filmá-la e a lançou em 1984. Uma reflexão que escancara as mazelas de um Brasil
desconhecido, mas presente no nosso cotidiano.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="color: #2b00fe;">De
família de posses, o pai de Elizabeth não quis que a filha se casasse com João
Pedro. Até dinheiro lhe ofereceu para que o deixasse, mas ela resistiu. Com a
morte do marido, assumiu a luta pela reforma agrária. Um embate sem trégua.
Tentaram silenciá-la. Num ataque a tiros, à casa dela, a prenderam. Paulo
Pedro, seu filho, de 11 anos, quase morreu com uma bala na cabeça. Marluce, uma
de suas filhas, com medo de que matassem a mãe e o resto da família, bebeu
veneno e morreu. Após constatar a injusta prisão, o delegado a soltou. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="color: #2b00fe;">Mas
a luta de Elizabeth não parou. A exibição de “Cabra marcado para morrer” lhe
deu visibilidade. Ela transformou sua luta em embate permanente pela reforma
agrária. Proferiu palestras e participou de eventos pelo Brasil. Em Cuba, o
então comandante Fidel Castro a recebeu. Para escapar da perseguição lhe
ofereceu asilo político. Mas ela preferiu ficar e encarar a cruel realidade. Na
ditadura civil/militar, por 16 anos, foi exilada no seu próprio país. Mudou o
nome e viveu no interior do Rio Grande do Norte. Sobrevivia lavando roupa. <o:p></o:p></span></span></p>
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><div style="text-align: right;"><span style="color: #2b00fe; font-size: 12pt;">Resistência e coragem
não lhe faltam. Em 13 de fevereiro de 2024, ela completou 99 anos. Mora no
bairro Cruz das Almas, em João Pessoa, com alguns dos seus 11 filhos e netos. Sem
ceder um milímetro naquilo que a motiva: “um Brasil com terra para quem
precisa”. Com ajuda da presidente do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, Alane
Lima, em Vila de Antas, Sapé, Elizabeth disse que a luta continua, sem tréguas.
“A reforma agrária é uma causa nobre e necessária, portanto, vou até o fim
nesse ideal, a exemplo do meu marido”, afirma. Uma mulher marcada para
resistir..</span><span style="color: #9fc5e8; font-size: 12pt;">.</span></div><div style="text-align: right;"><span style="color: #9fc5e8; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="color: #9fc5e8; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="text-align: right;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZnKsXhqJllk5SHpLaUPpg_u77um-WLk4vcchJaUSDvrDO7HfVAE8z2SytpliBuJU4buCm36xdo5tT2aUh4WHSGAOy54gQw5Al5f7oOig6jClaPcLR-z3yk8Dg-Okxh6Jrrj7SMtu5fDfuzPAaY7CR_hJdcam2TqejrbDlRoOYJcN5OAf7AsP4aRVduZo/s1600/Foto%201.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="721" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZnKsXhqJllk5SHpLaUPpg_u77um-WLk4vcchJaUSDvrDO7HfVAE8z2SytpliBuJU4buCm36xdo5tT2aUh4WHSGAOy54gQw5Al5f7oOig6jClaPcLR-z3yk8Dg-Okxh6Jrrj7SMtu5fDfuzPAaY7CR_hJdcam2TqejrbDlRoOYJcN5OAf7AsP4aRVduZo/w180-h400/Foto%201.jpg" width="180" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Elizabeth resiste aos 99 anos</td></tr></tbody></table><br /><span style="color: #9fc5e8; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="color: #9fc5e8; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="text-align: right;"><span style="color: #9fc5e8; font-size: 12pt;"><br /></span></div></span>Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-52424574439520379352023-11-23T05:08:00.000-08:002023-11-23T05:08:08.185-08:00O maratonista que venceu o alcoolismo e o cigarro<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Atleta
de 71 anos, que perdeu uma visão num acidente, se tornou o segundo melhor
corredor brasileiro de longa distância na sua categoria e treina para superar o
primeiro, correndo 20 quilômetros por dia </span><o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Texto: Donizete Oliveira - Foto: Divulgação</span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: x-large;"><b>M</b></span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">agro,
cabelos grisalhos. Passadas curtas e rápidas, muito rápidas. Quase sempre
campeão na sua categoria. Quem acompanha corridas de rua logo vai perceber que
se trata de Mário de Jesus Almeida, conhecido por Mukeira, na sua cidade, Mauá
da Serra, no Vale do Ivaí. Por muitos anos foi saqueiro. No muque punha um saco
de café ou cereal na cabeça e carregava, daí o apelido. Nascido em
Pitangueiras, em 3 de outubro de 1952, mora em Mauá desde 1986. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quem
o vê correr pode imaginar que é um atleta que começou menino, mas não. Ele
corre desde os 41 anos. Antes era sedentário, fumante e alcoólatra. Chegava a
beber dois litros de cachaça por dia. Cigarro, consumia dois maços diários. Num
dado momento, pensando na vida, descobriu que estava se destruindo. Se
continuasse naquela rotina, logo morreria. Viu no esporte uma saída. Primeiro,
o caratê, que praticou por alguns anos, mas encontrou a corrida e não parou
mais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mukeira
participa de diversas corridas pelo Brasil. Na sua categoria, ganhou mais de
800 troféus e em torno de cinco mil medalhas. Na sua casa, tem um quarto para
acomodar a premiação. Vez ou outra, nas competições que oferecem dinheiro, ele
fatura alguns trocados. “Mas minha maior vitória é o que superei para chegar até
aqui”, comemora. Casado com Maria Almeida, é pai de seis filhos e avô de 13
netos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Comemorar
é preciso porque nada parece fácil para Mukeira. Um acidente lhe tirou a visão
esquerda e o deixou com apenas 15% da direita. Para não tropeçar nas corridas, ele
acompanha um atleta do seu mesmo ritmo, evitando cair nas lombadas. À noite, a
dificuldade é maior, mas ele diz que o pior já passou e nada lhe tira o foco.
“Me apego em Deus e busco sempre a superação, evitando reclamar dos percalços”,
afirma. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Superação
que se revela a cada corrida. Na Maratona de Curitiba, em 2019, ele concluiu os
42 quilômetros com 3 horas e 17 minutos; na Maratona Internacional de Foz do
Iguaçu, no ano passado, correu em 3 horas e 32 minutos. Os 10 quilômetros, ele
percorre em 42 minutos; os 5 quilômetros, em 21 minutos. As marcas o colocaram
em segundo lugar no ranking brasileiro de sua categoria. “Mas estou me
preparando para ser o primeiro e com fé em Deus e treinamentos vou conseguir”,
diz. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por
dia, ele corre 20 quilômetros. Um amigo o acompanha de bicicleta por causa do
problema de visão. Preparação que o deixou em condições de correr 26 maratonas
pelo Brasil. A alimentação também ajuda. Mukeira consome carne magra, verduras
e frutas. “Na medida do possível, mantenho o organismo em dia para se
sobressair nas corridas e treinos”, diz, agradecendo seus patrocinadores, as
farmácias Hiperfarma e Boa Saúde, de Mauá da Serra. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEsEg7wIOTFEMWLKzB9exYhmuzIuMq2-z6kw3_7F40wGjAW1so2jmArDsquRST4yFclWiFuXJGnvYiS10-Pcu_jcC8_Uc0rcYp4ovewDE4PlhoI8Qqp6oqoCK4zF_fjGKybBDPSasEunpyytwAIz23JRxlDNbYpOBzwk6BqBYu865B1gyrS10HcdscCtg/s1274/Atleta%20-%20foto%201.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1274" data-original-width="720" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEsEg7wIOTFEMWLKzB9exYhmuzIuMq2-z6kw3_7F40wGjAW1so2jmArDsquRST4yFclWiFuXJGnvYiS10-Pcu_jcC8_Uc0rcYp4ovewDE4PlhoI8Qqp6oqoCK4zF_fjGKybBDPSasEunpyytwAIz23JRxlDNbYpOBzwk6BqBYu865B1gyrS10HcdscCtg/w362-h640/Atleta%20-%20foto%201.jpg" width="362" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: x-small;">Mukeira na Corrida 28 de Janeiro, de
2023, em Apucarana</span></span></td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></p>Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-78905285669996007272023-08-23T06:33:00.003-07:002023-08-23T06:33:26.241-07:00 LITERATURA - A vitalidade de um escritor octogenário<p> <b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Antônio Torres nasceu no
povoado do Junco, atual cidade de Sátiro Dias, na Bahia, em 13 de setembro de
1940. Menino, mudou-se para Alagoinhas para cursar o antigo ginásio. Mais tarde
foi parar em Salvador, onde se tornou repórter do Jornal da Bahia. Aos 20 anos
transferiu-se para São Paulo, ingressando-se no diário Última Hora. Lá, mudou
de ramo e passou a trabalhar em publicidade. Viveu por três anos em Portugal e
atualmente dedica-se à atividade literária.
Após viver no Rio de Janeiro por várias décadas, mora em Itaipava,
distrito de Petrópolis (RJ). É casado com Sonia Torres, doutora em literatura
comparada, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), e tem dois filhos,
Gabriel e Tiago.</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Eleito em 2013 para a cadeira
23 da Academia Brasileira de Letras (assumiu em 2014), cujo patrono é José de
Alencar. Em 1976, publicou <i>Essa terra</i>, um grande sucesso. Narrativa que
aborda a questão do êxodo rural de nordestinos em busca de uma vida melhor nas
grandes metrópoles do Sul, principalmente São Paulo. Recentemente reunida num
só volume pela Editora Record com o título de <i>Trilogia Brasil</i>, e que
representa “três tempos de um personagem catalisador da vida brasileira”, na
definição do escritor paranaense Miguel Sanches Neto, reitor da Universidade
Estadual de Ponta Grossa.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Por e-mail, Torres
respondeu, a seguir, as perguntas de Donizete Oliveira.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></b><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Você passou pelo jornalismo e
publicidade, como essas áreas o influenciaram na literatura?</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O
jornalismo me ensinou a ver o mundo. E a publicidade, a contar isso rapidinho.
Acrescento que venho de um tempo em que faculdade de jornalismo era o berro do
chefe de reportagem. O mesmo que, já no primeiro dia, ensinava a um inseguro<span style="mso-bidi-font-style: italic;"> foca</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>à sua frente que para se fazer uma reportagem era preciso
responder às seguintes perguntas: o quê, quem, como, quando, onde? Na
publicidade, o aprendizado era o da arte da sedução e do poder da síntese. As
duas experiências me deram régua e compasso. Mas sinto falta de uma formação
universitária, sobretudo, na área das letras. Teria me dando um outro
embasamento, com certeza.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Alguns dos seus livros trazem
uma linguagem seca, quase real, do sofrimento de uma gente que vai do campo à
cidade grande em busca de oportunidades e, muitas vezes, não a encontra. Você
viveu essa realidade ou presenciou histórias semelhantes?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Imagino
que você esteja se referindo à trilogia formada pelos romances <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Essa Terra/ O cachorro e o lobo/ Pelo fundo
da agulha, </i>recentemente reunida num só volume pela Editora Record com o
título de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Trilogia Brasil, </i>e que
representa<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>“três tempos de um
personagem catalisador da vida brasileira”, na definição do escritor paranaense
Miguel Sanches Neto (hoje reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa). Mas
também sou o autor de uma tetralogia do Rio de Janeiro, constituída pelos romances
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Um táxi para Viena d’Áustria/ Meu Querido
Canibal/ O nobre sequestrador,</i> e mais uma longa crônica em torno da
história daquela cidade, intitulada <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Centro das nossas desatenções</i>. Aliás, os meus dois primeiros romances, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Um cão uivando para a Lua, </i>de 1972, e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os homens dos pés redondos, </i>de 1973, são
urbaníssimos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Assim
como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Querida Cidade </i>(2021). E – por
favor - não esqueça o contista de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Meninos,
eu conto, </i>que já chegou à 15ª. edição. Não sou um sambista de uma nota só. Tenho
passeado por personagens e cenários rurais, urbanos e históricos. À cada cena,
a sua linguagem. Que pode ser seca ou lírica, conforme o momento pedir. Mas
sim: conheço bem a realidade do ir e vir nacional, pois convivi por um longo
tempo com os retirantes nordestinos em São Paulo, dos quais ouvi muitas
histórias. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Li uma entrevista sua em que
você diz que, aos 70 anos, já não tinha mais ambições como escritor, e hoje,
após os 80, quais são as suas perspectivas literárias?<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Felizmente,
o romance <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Querida Cidade </i>veio me desmentir.
Foi o mais ambicioso de todos que escrevi. Tomou mais tempo que os outros (12
anos!) e resultou num volume alentado: 430 páginas. É o melhor de todos, pode
conferir. No mais, tomara o velho escriba aqui venha a ter tempo e fôlego para
novos voos. Eis aí a minha perspectiva. <b><o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Você vive onde, atualmente, e
qual sua rotina literária, algum lançamento à vista?<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Vivo
em Itaipava, um distrito de Petrópolis – a <span style="mso-bidi-font-style: italic;">Cidade Imperial</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>– na
região serrana fluminense. Hoje, tenho dividido o meu tempo entre a agenda da
Academia Brasileira de Letras, à qual pertenço desde 2014, e as palestras pra
lá e pra cá. Daqui a pouco vou voltar a Portugal, onde estive em fevereiro, por
causa do lançamento lá de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Querida Cidade.
</i>Enquanto isso, há um caderno de anotações, feitas durante a pandemia,
pedindo-me para não esquecer delas. Nesse caderno tem história, com certeza. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Como você vê o mercado
editorial brasileiro, novos autores, lançamentos, livros interessantes?<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Se
você prestar atenção nas listas dos mais vendidos, vai ver que elas são
predominantemente dominadas pelos lançamentos estrangeiros, sobretudo os de
ficção. O mais preocupante é o quadro dos livros infanto-juvenis. Aí chega-se,
semana sim, outra também, ao predomínio completo, ou quase isso, do imaginário
global. Quanto aos novos romancistas, são tantos e tão diversificados que não
dá para acompanhar todos a um só tempo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Dos
que li, meus aplausos para a paraibana Marília Arnaud de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Liturgia do fim, </i>a mineira Eltânia André de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Terra dividida</i>, o carioca radicado em Porto Alegre Jeferson Tenório
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O avesso da pele, </i>o gaúcho Paulo
Scott de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marrom e amarelo, </i>os baianos
Aleilton Fonseca (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nhô Guimarães</i>),
Luís Pimentel (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Danação</i>), Franklin
Carvalho (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Céus e Terra</i>), Itamar
Vieira Júnior, este um campeão de crítica e público, para muito além de nossas
fronteiras, salve, salve! Fé nas teclas, gente boa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></b><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Obras</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Ei-las abaixo, algumas
traduzidas para vários países<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Um cão uivando para a lua –
1972<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Os homens dos pés redondos –
1973<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Essa terra – 1976<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Carta ao bispo – 1979<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Adeus, velho – 1981<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Balada da infância perdida –
1986<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Um táxi para Viena d’Áustria –
1991<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O centro das nossas
desatenções – 1996<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O cachorro e o lobo – 1997<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O circo no Brasil – 1998<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Meninos, eu conto – 1999<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Meu querido canibal – 2000<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Essa Terra (edição
comemorativa de 25 anos) – 2001<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O Nobre Sequestrador –<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>2003<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Pelo Fundo da Agulha – 2006<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Minu, o gato azul – 2007
(história para crianças)<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Sobre pessoas – 2007
(crônicas, perfis e memórias)<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Do Palácio do Catete à venda
de Josias Cardoso – crônica, 2007<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Querida Cidade – 2021<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaoWadMffR7FL0BLQfIKAudb3dLquF46rgtlbi442epKUWRnxVswOAE-saval-YqX6G2nsoQX4Gv6lvx8vWG0pkele4aJaxCLOjybQft9P7k-VMJXBOcbuUfRJmUoaA4du95J48OEoNUZCVvQ9w24ZHqU6pQOpQELll4cFynF5O9310Lo1hRcHCaj580E/s830/Escritor%20-%20foto%201.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="552" data-original-width="830" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaoWadMffR7FL0BLQfIKAudb3dLquF46rgtlbi442epKUWRnxVswOAE-saval-YqX6G2nsoQX4Gv6lvx8vWG0pkele4aJaxCLOjybQft9P7k-VMJXBOcbuUfRJmUoaA4du95J48OEoNUZCVvQ9w24ZHqU6pQOpQELll4cFynF5O9310Lo1hRcHCaj580E/w640-h426/Escritor%20-%20foto%201.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Antônio Torres continua a produzir literatura da melhor qualidade (Foto: Guilherme Gonçalves)</td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></b></p>Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-65361832387666189552022-08-15T08:22:00.000-07:002022-08-15T08:22:57.843-07:00Destino: Faxinalzinho...<p><span style="font-family: arial;"> <b>Antiga v</b><b style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">enda de secos e molhados, cujo
dono confia nos fregueses e mantém a tradição do fiado, vira atração de
distrito de Faxinal, no Vale do Ivaí</span></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 8.0pt; line-height: 150%;">Texto e fotos Donizete Oliveira<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
professor Donha, de Mandaguari, e o engenheiro agrônomo João Flávio, de
Marialva, vez ou outra saem por aí a visitar lugares que muitos só conhecem
pelo nome. Um distrito, uma igreja quase esquecida pelo tempo ou uma venda.
Daquelas de balcões de madeira, que vendem de tudo. De açúcar, sal, café em pó,
feijão e arroz a um remedinho corriqueiro para uma repentina dor de cabeça. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Algumas
vezes, eu embarco junto. Conhecer mais um lugar escondido nas entranhas do
tempo. Da última vez, fizemos um giro pelo Vale do Ivaí. Passamos por
Apucarana, Rio Bom, pelo seu distrito de Nova Amoreira e chegamos ao seu outro
distrito, Santo Antônio do Palmital. De lá seguimos rumo a Faxinalzinho, ou
Nova Altamira, seu nome atual. Mas o pessoal parece gostar do nome antigo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Distrito
de Faxinal, a 120 quilômetros de Maringá e a 90 de Apucarana. A rua principal.
Algumas casas. Uma antiga venda. De portas enormes. Balcão de madeira. A única
por ali. O movimento não é grande, mas constante. Uma mulher compra uma caixa
de sabão em pó. Outra um remédio para dor de cabeça. Um sujeito chega a cavalo
e pede um litro de cachaça. Para beber em casa. “A gente vendia bebida
alcoólica no balcão, mas paramos porque começou a dar problemas”, diz Roberson
Moreira Rodrigues, 45. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas
a regra não é tão rígida. O Donha pediu uma cerveja de latinha. O João Flávio
acompanhou. Eu também. Consumimos ali. Afinal, somos visitantes. Ele abriu uma
exceção. A venda era do sogro dele, que morreu há 17 anos. Desde então,
Rodrigues a assumiu. “O movimento não é grande, mas dá para manter (o negócio)”,
conta. A 15 quilômetros de Faxinal, é a única opção de comércio por lá. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O fiado funciona. Rodrigues marca num
caderninho. O freguês paga no dia combinado. A maioria trabalha na roça. Uns
recebem por semana; outros, por mês. “De um modo geral, a gente vende na
confiança e funciona”, diz. “Talvez porque eu conheça todo mundo, a maioria paga
certinho”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
venda dele é conhecida, inclusive, por pessoas de outras cidades que vão
visitar as cachoeiras de Faxinal. Um turismo em alta por lá, pois o município
tem dezenas delas espalhadas pela zona rural. “Nos fins de semana, eles vêm e
param aqui para fazer lanche ou comprar alguma coisa”, afirma Rodrigues,
terminando de arrumar uma compra para mais um freguês levar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um
senhor falante. De cabelos lisos, camisa branca, calça jeans e botas azuis. Uniforme
de trabalho. É empregado numa lavoura de tomate. Pede se podemos levá-lo com a
compra até a casa dele. O motorista e dono do carro João Flávio concorda. Colocamos
as mercadorias no bagageiro e fomos. Ele fala rápido. Embolado. Difícil
entender. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nem mesmo a pronúncia do nome.
Entendi apenas o que ele insistia em dizer: “sou filho do Rubens”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
uns três quilômetros dali chegamos à casa dele. Ao lado mora um casal que
também trabalha na lavoura de tomate. A principal atividade rural por ali. Marli
e Antônio plantam, pulverizam e colhem tomates. O senhor de fala ligeira e
confusa, que continua a dizer que é filho do Rubens, acrescenta que tem
internet em casa, se chama Mariano. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Rubens
é patrão dele. “Às vezes, ele bebe umas cervejinhas a mais e exagera na fala,
mas é gente boa”, diz Marli. Despedimos deles e seguimos pela estrada de terra.
A beleza da paisagem distrai e ameniza um pouco o cheiro de inseticidas usados
na plantação de tomate. Mauá da Serra, Marilândia do Sul, Leão do Norte,
Califórnia, Apucarana, Cambira, Jandaia do Sul, Mandaguari, Marialva, Maringá.
Outro dia tem mais... <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNnneSHBK4Pj8hNntFdSQd5FBumigfb1cxKLTXLThddKxMNuxuGPc2BsuRA8q8uTDq1YEP1_hC9InUigfJccH_4I4Vrc_I9locbQVryp0eXoXKNgBogFJSVUk_ri1uNkAsRr5ZqALQInOulz3tCPFx1_6yVjkXIO47OQ0JZolf8TpUo6awgO_5A_Md/s4608/Foto%201.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNnneSHBK4Pj8hNntFdSQd5FBumigfb1cxKLTXLThddKxMNuxuGPc2BsuRA8q8uTDq1YEP1_hC9InUigfJccH_4I4Vrc_I9locbQVryp0eXoXKNgBogFJSVUk_ri1uNkAsRr5ZqALQInOulz3tCPFx1_6yVjkXIO47OQ0JZolf8TpUo6awgO_5A_Md/w640-h480/Foto%201.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Reberson continuou o trabalho do sogro na antiga venda no distrito de Faxinalzinho, no Vale do Ivaí</td></tr></tbody></table></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span></b></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></p></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXsTw_-C4n8uhukxSQ2JirlqZKU1I76KIyi-LDIu97Yj85t23rlefsAYlIE4wutFsV81Fu2vQnaK-MXqiPLJok9v9ihqi9bFxXP5iADmyUN9so0T2Z6EE9LQNZ5_o8zsaPem3GM16ZbUzHGZWa1IyJ1fyPuHvSfAHds7spnPYwEZm-6LjStBKzndZM/s4608/Foto%203.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXsTw_-C4n8uhukxSQ2JirlqZKU1I76KIyi-LDIu97Yj85t23rlefsAYlIE4wutFsV81Fu2vQnaK-MXqiPLJok9v9ihqi9bFxXP5iADmyUN9so0T2Z6EE9LQNZ5_o8zsaPem3GM16ZbUzHGZWa1IyJ1fyPuHvSfAHds7spnPYwEZm-6LjStBKzndZM/w640-h480/Foto%203.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ao chegar em casa, de carona, com as compras que trouxe da venda, a cachorra recepciona Mariano</td></tr></tbody></table><br /><div><br /></div><div> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwD-OSRHAE8yutuVCY0DBHPHZAJr4NKIbiF8I7FdGiSVSpj39pQhDWJNqjuq5_cCOVAlA2j09mIxxMICQNFPZNs76S07gcsYII1Je5b8c9lLAaPVFdeH4cV2T5g-qRd1q2zwLrcM9-OEoxKkbg_4QxvwJ7lV6buzDCYQLjWiVZXplO_7gXUll1djTp/s4608/Foto%202.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwD-OSRHAE8yutuVCY0DBHPHZAJr4NKIbiF8I7FdGiSVSpj39pQhDWJNqjuq5_cCOVAlA2j09mIxxMICQNFPZNs76S07gcsYII1Je5b8c9lLAaPVFdeH4cV2T5g-qRd1q2zwLrcM9-OEoxKkbg_4QxvwJ7lV6buzDCYQLjWiVZXplO_7gXUll1djTp/w640-h480/Foto%202.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Marli e Antônio ganham a vida trabalhando na lavoura de tomate, uma das principais atividades do município</td></tr></tbody></table><br /> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgM0ULmuGbU6OznuhvLfwBoER_Cejv0x1pE76qndCFgKVfdSPJkNsq_t9mlf50FTEDmOk9eqwMLOjH0pEUOkSumi0XTF67K0Tf0vmcLSnJQuomkkFqX-d8iC8cz257AXNNzC3Uqhj4V0EAhOGP9hq-ksfWhp8HQVaxEVS5MuRpW9tIqP5rMc2tAKZHl/s4608/Foto%204.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgM0ULmuGbU6OznuhvLfwBoER_Cejv0x1pE76qndCFgKVfdSPJkNsq_t9mlf50FTEDmOk9eqwMLOjH0pEUOkSumi0XTF67K0Tf0vmcLSnJQuomkkFqX-d8iC8cz257AXNNzC3Uqhj4V0EAhOGP9hq-ksfWhp8HQVaxEVS5MuRpW9tIqP5rMc2tAKZHl/w640-h480/Foto%204.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Taperas de beira de estrada, algumas abandonadas, iguais a esta, enfeitam a paisagem na região</td></tr></tbody></table><br /><br /><br /></div>Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-47900397615125965412022-07-18T15:19:00.003-07:002022-07-21T06:02:03.565-07:00O dia em que os cafezais ficaram tingidos de negro<b><span style="color: red;">
Faz 47 anos que a geada negra dizimou os cafezais do Paraná anulando </span></b><b><span style="color: red;">sonhos e </span></b><div><b><span style="color: red;">obrigando muitas famílias a trocarem a roça pelas médias e grandes cidades </span></b><div> </div><div><b><span style="color: #2b00fe;">Texto: Donizete Oliveira</span></b></div><div><br /></div><div> <span> </span>Eu tinha hábito de acordar cedo para beber o primeiro leite que saía das tetas das vacas. Meu pai as ordenhava, e eu corria com uma caneca de alumínio. Ele a enchia de leite. Minha mãe misturava café do bule. Dava um gosto especial.
Acompanhado de uma batata doce assada era a primeira refeição do dia. Mas naquele dia foi diferente. Meu pai era meeiro e tocava uma propriedade de café na zona rural de Tapejara, no oeste do Paraná. Não lembro quantos, mas eram milhares de pés de café. </div><div><span> </span>A noite não foi tranquila. Dormi de calça e com duas blusas. Minha mãe me cobriu com um colchoado de paina. Pesado, me fez sumir no colchão de palha. Manhã de 18 de julho de 1975, dia do meu aniversário. Eu completava nove anos. O frio não me impediu de sair correndo com a caneca de alumínio. A cada assoprada expelia um tucho de fumaça pela boca.
Queria o leite quentinho misturado ao café. Encontrei meu pai mudo e estático observando os pés de café, que se avizinhavam da casa. Ele tentava recuperar as forças para ordenhar as vacas. </div><div><span> </span>Lágrimas lhe caíam dos olhos. Eu agarrei às pernas dele e desandei a chorar.
Esta cena não me sai da cabeça: meu pai contemplando a lavoura negra. O frio que abateu os cafezais do Paraná está na lembrança de quem o vivenciou. Muita gente rumou para as grandes e médias cidades. Alguns permaneceram na zona rural. Derrotados pela monocultura do café adotaram a diversificação agrícola, iniciada nos anos 1980. </div><div>A família Dada é uma das que apostaram em outras culturas. Até hoje vive numa propriedade de dois alqueires na Estrada Vieira, na zona rural de Marialva. “Na época, meu pai tocava apenas café”, conta Eduardo Dada, 46 anos. “Não chegamos a passar fome como alguns produtores, mas sofremos bastante”.
Ele e a mãe, Elvira Angelotti Dada, 83 anos, não sabem precisar quantos pés de cafés perderam em 1975. “Aquilo foi um horror”, diz ela. “O sol esquentou, e o cheiro de folha verde queimada tomou conta”.</div><div> <span> </span>Elvira afirma que o prejuízo não foi maior porque eles não tinham meeiro. A própria família cultivava o café. “Mesmo assim, meu pai teve de cortar despesas e reduzir os investimentos na propriedade”, acrescenta Eduardo.
O andar vagaroso de Hisato Hashimoto, amparado por uma bengala, não condiz com sua memória. Aos 91 anos, ele se lembra de fatos e pessoas. Nascido em Lins (SP), ele chegou a Marialva em 1947. Vive na mesma propriedade de cinco alqueires, nas margens da estrada que liga a cidade ao distrito de Santa Fé. </div><div> <span> </span>Em 1975, Hashimoto era empregado, mas perdeu todo o café que cultivava. “Foi uma catástrofe, que nos deixou a zero”, conta. “Nossa sorte que naquele tempo, vivia-se de qualquer jeito, mesmo sem dinheiro, sustentando do que se plantava na roça e dos porcos e galinhas criados no quintal”.
Na época, ele colhia uma média de 700 sacas de café plantado com espaçamento, possibilitando o cultivo de milho, arroz e feijão entre os pés. Hashimoto diz que após a geada de 1975, o trabalho maior foi dar destino à lenha seca que restou. “Trabalhamos vários dias para retirar aquele entulho sem serventia”, afirma.
Mas ele não desanimou com a geada. Ao contrário de muita gente que partiu para a cidade, permaneceu no sítio, comprando-o, mais tarde, com dinheiro oriundo do trabalho no local, onde mora até hoje. </div><div><span> </span>Casado com Tomie Hashimoto, 89 anos, ele tem quatro filhos, dez netos e dois bisnetos.
Mora apenas com a mulher no local, que é um verdadeiro museu do café. As casas de madeira. O terreirão, a tulha e o secador. O café, oito mil pés, continua o carro-chefe da propriedade. Ele não soube informar números da safra, alegando que, de ano para ano, varia muito.</div></div><div><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHEj6Qe3CWzj0m2j__mTR5VI2hQIdhkGHiX_ZSzAFBPC9r30vAOCxAtkTPqEPd4ciLHyW5QtaGYZgKvMyI6r9crFMjiz2bXIIs0BsXfpGXAqBU5s42_AA9nVmiuMI_9AB1WtjeC4NuduY3-mdXR2mPX2SRbUt-pjpiFl8PmzrMIgj0NwUPNZ8AmruE/s900/Jornal%201.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="685" data-original-width="900" height="488" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHEj6Qe3CWzj0m2j__mTR5VI2hQIdhkGHiX_ZSzAFBPC9r30vAOCxAtkTPqEPd4ciLHyW5QtaGYZgKvMyI6r9crFMjiz2bXIIs0BsXfpGXAqBU5s42_AA9nVmiuMI_9AB1WtjeC4NuduY3-mdXR2mPX2SRbUt-pjpiFl8PmzrMIgj0NwUPNZ8AmruE/w640-h488/Jornal%201.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jornais de todo o Brasil estamparam manchetes da tragédia que arrasou com os cafezais do Paraná</td></tr></tbody></table><br /><div><b style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Pioneiro viveu auge do café </span></span></b></div><div><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Uma
das maiores produtoras de café da região foi a Companhia Melhoramentos Norte do
Paraná (CMNP). Colonizadora que nasceu da Companhia de Terras Norte do Paraná,
fundada por ingleses em 1925. Paralelo à venda de terras, a companhia comprou
algumas fazendas para cultivar café.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quem
viveu essa época de fortuna dos grandes cafezais é o pioneiro José Remígio
Pereira, que chegou a Maringá em 1953. Ele morreu em 2016, aos 103 anos, mas em
2015, no aniversário de 40 anos da “geada negra”, me recebeu na casa dele, em
Maringá, para uma entrevista sobre o assunto. O pioneiro se recordou de quando
saía pela região para consertar as máquinas de café da companhia, onde
trabalhava. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Um
de seus trajetos era ir até Umuarama (160 quilômetros de Maringá) reparar uma
máquina cafeeira. Com chuva, de jipe, demorava sete horas pela estrada de chão
batido. O meio mais fácil era o avião teco-teco, que fazia o percurso em 40
minutos. “Lá de cima, a gente via aquela nuvem de poeira que saía do chão, era
Maringá”, conta. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Na
cidade, tornou-se operador da Cafeeira Santo Antônio, que funcionava na Avenida
Mauá, esquina com a Avenida Tuiuti. Em 1965, foi vendida para a Companhia
Melhoramentos Norte do Paraná. O gerente da colonizadora, Alfredo Nyfeller,
impôs uma condição: só compraria a cafeeira se Remígio, Luiz Roberto Bolotta e
Dante Panzeri (também funcionários) viessem juntos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Proposta
aceita, Remígio permaneceu 31 anos na companhia. Ele lembra que em época de
safra beneficiava 200 sacas de café por dia. As fazendas da colonizadora tinham
1 milhão de pés de café e produziam em torno de 50 mil sacas por ano. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Luiz
Roberto Bolotta, 73, da Cafeeira Santo Antônio foi transferido para o
escritório da companhia, na esquina entre a Avenida Duque de Caxias e rua
Joubert de Carvalho, onde trabalhou por 35 anos. Na época, havia mais de 50
máquinas de beneficiar café em Maringá. Segundo ele, o café rendia muito
dinheiro para a companhia. “No período de venda, minha rotina era contar maços
de cédulas no balcão do escritório e levar tudo a pé numa sacola ao banco”,
conta. “Naquele tempo não havia assalto”. </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Remígio
tem oito filhos de três casamentos. É casado pela terceira vez com Florinda
Rossi Pereira, 81. Ele diz que naquele dia 18 de julho de 1975 fez tanto frio
que se os pés de café tivessem sido cobertos queimariam do mesmo jeito. “Eu fiz
o teste”, conta. “Cobri um pé que tinha no quintal de casa, mas ficou todo
preto soltando a casca”. As mangueiras de água amanheceram congeladas. “Algumas
chegaram a partir”, acrescenta o pioneiro.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="color: red; font-size: 12pt; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b>Golpe de misericórdia e até suicídios</b></span></span><b style="color: red; font-size: 12pt; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></b></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">
</span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
jornalista Valderi dos Santos diz no seu livro, “O café no norte do Paraná –
ascensão e queda”, que a geada de 1975 destruiu mais de 900 milhões de pés de
café no Estado. Ele ressalta, no entanto, que o fenômeno foi apenas um golpe de
misericórdia. Para o jornalista, o governo federal não dera devida atenção aos
cafeicultores, derrubando o preço da cultura, desvalorizando-a no mercado. Eram
tempos difíceis. Os agricultores, que não recebiam incentivos do governo, foram
mais rápidos à lona com as condições adversas do clima. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O engenheiro agrônomo Marcos Aurélio Volpato,
56 anos, diretor geral de Agricultura, da Prefeitura de Marialva, afirma que o
estrago da geada se ampliou porque a maioria dos agricultores dependia apenas do
café. Houve casos em que a perda chegou ao extremo. “Alguns que já estavam
endividados acabaram cometendo até suicídio”, conta. Na época, ele era estudante
do antigo segundo grau. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Volpato ressalta que o pior ocorreu
após a destruição dos cafezais. Muita gente se mudou da zona rural para
capitais. Irineu Pozzobon, no livro: “A epopeia do café no Paraná”, afirma que
entre 500 e 600 mil trabalhadores deixaram o Estado. A maioria foi para São
Paulo trabalhar nas indústrias automobilísticas. “Com as crises econômicas
muitos perderam o emprego e ficaram na penúria”, declara. “Os que não conseguiram
voltar ou não trocaram de ramo sofreram muito”. A soja foi uma das
opções para quem quis continuar na agricultura. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A
safra paranaense de 1975, colhida antes da geada, rendeu 10,2 milhões de sacas
de café, 48% da produção brasileira. O Estado tinha uma produtividade superior
à média nacional. No ano seguinte, a produção foi de 3,8 mil sacas. Não houve
exportação. A participação paranaense na produção brasileira caiu para 0,1%. <o:p></o:p></span></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">
</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Especialistas avaliaram que o prejuízo chegara a Cr$ 600 milhões
(pela cotação da época, o equivalente a US$ 75 milhões) apenas nas lavouras de
café. Outras culturas também foram atingidas. Mas o café sustentava a economia
do Paraná naquela época. Uma situação que mudaria em seguida, pois os
cafeicultores nunca mais se recuperariam daquele evento climático. </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b style="text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">O fotógrafo do café</span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em
seu Jipe Willys fabricado em Toledo Ohio, nos Estados Unidos, em 1954, ele
cortava as estradas barrentas do norte e noroeste do Estado. “Por aqui havia a
fama: quando não era pó, era lama, mas a gente encarava e ia em frente”,
recordara-se ele, em entrevista, em 2013. Trata-se do fotógrafo Armínio Archimedes
Pedro Gonçalves Kaiser, que morreu em 2014, aos 88 anos. Engenheiro agrônomo,
ele trabalhou no Instituto Brasileiro do Café entre 1953 e 1989. Nas visitas
que fazia pelo Paraná fotografava assuntos relacionados ao café.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
acervo fotográfico de Armínio veio a público com os livros “Ao sabor do Café” e
“Ao aroma do café”. A autoria dos trabalhos é do Instituto de Memória e Imagem
“Câmara Clara”. Não faltavam cenas para a câmera dele. Em 1967, em Mandaguari,
um homem, que vem da zona rural, leva ao cemitério, o corpo do filho num
caixãozinho. Dois sujeitos proseiam na beira de uma estrada, que, segundo
Armínio, se intitula: “Esperando Godot”. “Mas Godot não veio”, complementa. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">As
cenas mais tristes que fotografou talvez tenham sido em 1963, ano de um incêndio
nas lavouras do Paraná. Após uma grande geada, pastos e cafezais ficaram secos.
Trabalhadores atearam fogo para fazer o plantio esperando a chuva, que não
veio. O fogo se alastrou e por cerca de quatro meses transformou em cinzas
casas, lavouras, pontes e tudo que tinha pela frente. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Mas
as geadas de 1962 e 1963 e o incêndio rural que se seguiu no Paraná não
impediram a grande produção cafeeira. Veio a erradicação. Em seu livro “A
epopeia do café no Paraná”, o engenheiro agrônomo Irineu Pozzobon escreve que a
erradicação atingiu 1,34 bilhões de cafeeiros no Brasil; 249 milhões no Paraná.
<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Com
a crise de 1929, o preço do café despencou no exterior. O governo federal
resolveu comprar 18 milhões de sacas, ajudando os produtores. Sem ter o que
fazer com tanto café, queimou-as. Armínio descrevera: “Quem passasse entre
Arapongas e Sabáudia em junho de 1961 assistiria a um espetáculo inédito: um
mundaréu de café pegando fogo. Por aqui, ouvi falar em 10 milhões de sacas de
café virando cinzas”. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">
</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Após as geadas e os incêndios da década de 1960, o frio voltou em
1975. As lavouras que mal tinham saído de uma catástrofe eram dizimadas pela
geada negra. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwVsH3oWJW4OY_d0AnrX3O_Vo2ynfnR96ZXX6DIuA9yvDfCTHZtTR3EjYab08uCAbCbLull1QyUGYLlYhjIfgs2MJWiGYszad2OtEmnUSs9_iRfBDPdb_1oyfvy03tpRmHF5w28XbQUUwO-kDDEdYRxAnNV-Oq2ndYrHtYdz34XsNFEMe6lV9qpk2W/s2846/Geada%20-%20foto%2014.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2751" data-original-width="2846" height="618" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwVsH3oWJW4OY_d0AnrX3O_Vo2ynfnR96ZXX6DIuA9yvDfCTHZtTR3EjYab08uCAbCbLull1QyUGYLlYhjIfgs2MJWiGYszad2OtEmnUSs9_iRfBDPdb_1oyfvy03tpRmHF5w28XbQUUwO-kDDEdYRxAnNV-Oq2ndYrHtYdz34XsNFEMe6lV9qpk2W/w640-h618/Geada%20-%20foto%2014.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Em milhares de fotos como esta, que mostra a mulher rural, Armínio Kaiser retratou o auge do café no Paraná</td></tr></tbody></table><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"></span><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Geada negra mata até a raiz</span></span></b></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A
geada negra é formada por uma condição atmosférica que congela a parte interna
da planta. O poder de destruição é maior. Ocorre quando há atuação de massa de
ar polar de forte intensidade, com temperatura baixa e pouca umidade. Em
contato com a superfície há o congelamento, provocando enormes danos físicos na
planta. “É um fenômeno precedido de muito vento”, diz o professor Hélio
Silveira, 44, do departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá
(UEM) e coordenador da Estação Climatológica da mesma instituição. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quando
se forma apenas uma camada de gelo na superfície chama-se de geada branca. Se a
seiva da planta congelar é geada negra. Esse último tipo é a mais devastadora
para as plantações, mas só ocorrem em cidades bem frias. No Brasil, na maioria
das vezes, apenas nas regiões serranas do Sul. Foi o que ocorreu em 18 de julho
de 1975. No dia anterior ventou muito. “A geada negra se forma devido ao vento
muito gelado, congelando a seiva da planta e ocasionando perda total”, afirma
Silveira. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
jornalista Valderi dos Santos, no livro “O Café no norte do Paraná – ascensão e
queda” relata que em 1953, a geada provocou queda de 58% nas safras seguintes.
Em 1955, 65%; 1962, 49%; 1963, 22%; 1966, 24%; 1969, 87%; 1972, 58% e 1975
prejuízo total. “Na época foi destruído todo o parque cafeeiro do Estado”,
escreve ele. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></span></p>
<p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"></span></b></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6NvPkE6rxIyfqw_7rnHLIFAUnr9vNpaLODZ96T2_cWOKxc_B1Pb5cavyRGXnBAX8r6C1F_IwwbivFnNmudG5fm_D9XalziMs0SOOrdS8O1dSI_YGc1hPBbJD9aiXrl0mHOTFNU8crwLD26WokdWUPXs1tPdHnGZXnnfbWHsteG6HJSTEiB10znqxw/s875/Geada%20-%20foto%206.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="875" data-original-width="655" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6NvPkE6rxIyfqw_7rnHLIFAUnr9vNpaLODZ96T2_cWOKxc_B1Pb5cavyRGXnBAX8r6C1F_IwwbivFnNmudG5fm_D9XalziMs0SOOrdS8O1dSI_YGc1hPBbJD9aiXrl0mHOTFNU8crwLD26WokdWUPXs1tPdHnGZXnnfbWHsteG6HJSTEiB10znqxw/w480-h640/Geada%20-%20foto%206.jpg" width="480" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A economia, que dependia muito do café, demorou a se recuperar</td></tr></tbody></table><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b style="font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Produção ressurge com qualidade</span></span></b><b style="font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
Paraná hoje não figura entre os maiores produtores de café do Brasil. Há muitos
anos, perdeu o posto para Minas Gerais. Mas o Estado vive um bom momento na
produção do grão. As pequenas propriedades lideram a produção. A maioria é cultivada
mecanicamente. É o caso de Antônio Geraldo Rosseto, 54, de Mandaguari. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Descendente
de italiano, cujos pais, em 1953, atraídos pelo café, vieram do interior de São
Paulo para Mandaguari.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A família Rosseto
tem um sítio nas margens da rodovia que liga a cidade à Maringá. Antônio, que
nasceu na propriedade, cultiva 20 mil mudas. A colheita lhe garante em torno de
500 a 600 sacas em coco. A diferença está na lida do produto. Tudo mecanizado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A
colheita dos grãos é feita com máquinas manuais. Em seguida, são transportados
numa caminhonete até o terreiro. Rosseto não quis nem posar para foto com um
rastelo na mão. Mas nem sempre foi assim. Segundo ele, antigamente, “era tudo
no braço”. Quando ameaçava chuva durante a colheita era um problema. “A gente
ia pegar um animal para pôr no carrinho era um Deus nos acuda”, afirma. “Parece
que o bicho adivinhava e danava a correr”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Apesar
dos contratempos na economia que atrapalham a agricultura, ele e a família
apostam no café, que já lhe deu um título de melhor produtor regional em
concurso organizado pela Cooperativa Agropecuária e Industrial de Mandaguari
(Cocari). “Hoje, o que manda é a qualidade”, diz. “Pouca planta e bastante
colheita”. Antigamente, plantava-se muito, mas produzia menos e com qualidade
inferior. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Para
ele, a geada de 1975 foi uma catástrofe, mas quem não dependia de mão de obra
conseguiu se recuperar. É o caso da família Rosseto que sofreu o impacto do
fenômeno climático, mas se reergueu. Mesmo assim, alguns dos parentes foram para
São Paulo, onde moram até hoje. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
agrônomo Marcos Aurélio Volpato diz que o café é um bom negócio, levando em
conta o preço, que gira em torno de R$ 400 a saca de 60 quilos. Mas ele
aconselha o produtor a explorar a atividade com mão de obra familiar, evitando
gastos excessivos. “Mecanizar o máximo possível e só contratar mão de obra
esporadicamente”, diz, acrescentando: “Cultivar a lavoura no sistema adensado;
utilizar cultivares mais resistentes a pragas e doenças; colher no pano com
sopradores de palhas motorizados e secar em terreiros suspensos ou em lonas
plásticas”.<o:p></o:p></span></p><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpcB-c3e60JeHSPy1B_Dz4Bkr09UTLmhbD90QpBKJsFs6MXw7M7yNDvTvdceufBTitiojLQvZ-1Xov4KA_QSZVBXNzLPR5Ap94f7eICacCBBwZs0Nj7Z6gIT2dCHaz-j6N82UupshlOjygYu2KVhIzoS0tQLrmzKi4KB9RY5-I57Yb6AVdQ3dbj7iZ/s2304/Geada%20-%20foto%2017.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1728" data-original-width="2304" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpcB-c3e60JeHSPy1B_Dz4Bkr09UTLmhbD90QpBKJsFs6MXw7M7yNDvTvdceufBTitiojLQvZ-1Xov4KA_QSZVBXNzLPR5Ap94f7eICacCBBwZs0Nj7Z6gIT2dCHaz-j6N82UupshlOjygYu2KVhIzoS0tQLrmzKi4KB9RY5-I57Yb6AVdQ3dbj7iZ/w640-h480/Geada%20-%20foto%2017.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rosseto, de Mandaguari, diz que colheita atual é à base de máquina e prima pela qualidade (Foto: Donizete)</td></tr></tbody></table><b><br /></b><p></p></div><div><b>Nota: </b>Esta reportagem é de 2017, publiquei na revista Tradição, de Maringá.<b> </b></div>Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-66647108674922705662022-03-21T12:43:00.006-07:002022-03-26T09:21:08.485-07:00 Chuva, Lula, Requião, solidariedade, sem terras, sem comida, sem autógrafo e beijo na mão<p><b> TEXTO E FOTOS:</b> <b style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;">Donizete Oliveira</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="line-height: 150%;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">M</span></b><span face="Arial, sans-serif" style="font-size: 12pt;">anhã
de sol. Mas o tempo ameaçava com nuvens pesadas no horizonte. Destino Lerroville.
Pela BR-376, trevo de Mauá da Serra. A 35 quilômetros sentido Londrina, da qual
é distrito. Uns três quilômetros à frente, por uma estrada de terra chega-se ao
assentamento Eli Vive, onde Lula, Requião e parte do staff petista estiveram sábado.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Fui
de carona com amigos de Apucarana. Gava, Rosa, Magrão e Paulo Reis. Quem
chegou cedo a Lerroville, nosso caso, os pinheiros eram referência. No pinheiro, virem à direita. Nos explicaram. Mas tinha mais de um à beira
da estrada de chão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A
sinalização começou a ser colocada assim que a gente chegou. Bandeirinhas
vermelhas indicavam a rota. Logo caiu o aguaceiro. As laterais de algumas
barracas precisaram ser tombadas para escorrer a água acumulada. Gentes munidas
de enxadões improvisavam sulcos para escoar a água que as invadia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A
expectativa era a presença de Lula. Dizia-se que ele chegaria<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ao local antes das 11 horas. Mas chegou por
volta das 14 horas. Desde cedo, fotógrafos e cinegrafistas ficaram no
chiqueirinho, na entrada de um enorme pátio. Nos disseram que a comitiva de
Lula e Requião passaria em frente. Eles visitariam a barraca de produtos
cultivados e produzidos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
chiqueirinho de fora era a céu aberto. Por causa da chuva, nos transferiram
para o fundo da barraca. Apesar do improviso, a mudança melhorou nossa posição.
Ideal para fotografar quem adentrava. Lula e comitiva iriam ver os produtos.
Aquelas demonstrações de praxe. Uma autoridade ouvindo sobre o que se planta e
o que se produz numa região. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Com
a comitiva veio um batalhão de gente na frente. Inclusive outros fotógrafos,
atrapalhando os que ficaram atrás. Lula distribuiu comprimentos.
Ouviu explicações e perguntou sobre alguns produtos. André Vargas, ex-deputado que
foi ativo nos quadros petistas, estava lá. Virou produtor de pitaia, numa
chácara em Ibiporã. Disse que levara uma caixa da fruta ao Lula. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Eu levei um exemplar do livro “Lula – biografia”, de Fernando Morais. Na saída
da barraca, pedi a Lula para autografá-lo. Ele mirou o livro, como se fosse
afirmar algo. Após alguns segundos disse: “depois eu assino”. Um dos seguranças
que o acompanhavam reforçou: “Ele assina, pode ficar tranquilo”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Fomos
ao barracão aberto ouvir os discursos. Estava lotado. Falavam-se em dez mil
pessoas. A maioria de assentamentos rurais. Vieram de ônibus. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eu calculei sete mil. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os discursos se revezaram. De João Pedro
Stédile, economista, um dos fundadores do MST, a Bela Gil, filha de Gilberto
Gil. Ela apresenta um programa de culinária numa TV por assinatura. Fiquei
sabendo quem era por uma coordenadora da barraca do assentamento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">No
barracão, o local reservado para fotógrafos e cinegrafistas, ao lado do palco,
foi tomado pelo público. Cada um teve que se virar no meio da multidão para
fotografar os falantes no palco. Deveriam ter feito um elevado de tábuas, como
fizeram em eventos semelhantes que cobri. Fotógrafos e cinegrafistas ficam
acima do público na entrada. Facilita o trabalho. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Após
sucessivos anúncios, Lula, enfim, falou. Declarou que o atual governo é uma
fábrica de mentiras. Apelou para que os eleitores votem em candidatos a
deputado e a senadores comprometidos com as propostas de um eventual governo
petista. “Não podemos pôr raposa no galinheiro, que ela vai comer as galinhas”,
comparou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ressaltou que entre os candidatos a presidente
da República ele é o que mais entende a alma do povo. “Eu conheço o chão de
fábrica e sei o que é sentar numa mesa e não ter o que comer”, disse. “Morei em
casa que, com chuva, a gente tinha de acordar de madrugada jogar água para
fora e espantar barata e outros insetos que saíam pelos ralos”. Daí porque ele decidiu
ser candidato, afirmou. Garantiu que vai recolocar o pobre no orçamento do
governo federal e cobrar impostos daqueles ricos que não pagam. “Não é
vingança, é justiça, sem isso, o Brasil não pode dar certo”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Stédile
disse acreditar na eleição de Lula, mas apelou “aos companheiros” que não
arredem pé e se organizem para elegê-lo. A organização se chama “Comitês
populares” que se encarregarão de divulgar a proposta de governo petista. “Deus
ajuda quem se organiza”, disse, citando o dito de um amigo, padre de uma
instituição em que ele estudou no Rio Grande do Sul. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Requião
revelou que aos 81 anos, a indignação o faz disputar mais uma eleição para o
governo estadual, que ocupou três vezes. “Quando vejo mulheres assaltando
caminhões de lixo em busca de comida, quando vejo açougues que descartavam
ossos, hoje, separando ossos de primeira e de segunda para vender aos
esfomeados sem salário, entendo que preciso voltar ”, declarou. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ele
disse se animar ao ver o MST a lutar por um Paraná e um Brasil melhores. “Vocês
me inspiram e reconfortam minha alma”, ressaltou, afirmando que está numa
caminhada por uma mobilização de redenção nacional. “Só temos um caminho,
eleger Lula presidente”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Fim
dos discursos. O povo se dispersa. Passavam das 15 horas. Ouvi dizer que teriam
dez mil marmitas para os presentes. Quem estava apenas com o café da manhã. Um
alívio. Mas não teve. Disseram que o caminhão que as trazia encalhara na
estrada. A boia azedara. Restou comer alguma coisa no trajeto de volta. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Antes
de partir fui ver a saída da comitiva. Com esperança de que Lula autografasse
meu livro. Fiquei ao lado do corredor por onde passariam. O povo se ajuntou. A
maioria mulheres. Uma foto com o Lula, apelavam. Ele veio parando para
autorretratos (as tais selfies). Indaguei o assessor que prometera o autógrafo
do ex-presidente. Mal me olhou. Sem autógrafo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Entre
os presentes, esperança. Ari Adelino de Assis, 64, viera de Ortigueira. Ele,
que vive num assentamento, diz esperar dias melhores. “Se continuar assim, a
gente não sobrevive”, reclama. “Está tudo caro, esperamos uma mudança, daí
porque apoiamos o Lula e o PT”. “Precisamos de um governo que nos dê incentivos
para produzir e vender nossos pães, bolos, pudins, marmitas”, emenda Josiane Cristina
dos Santos Lima, 38, do mesmo município, se referindo às mulheres do MST. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Uma
colega dela, de Santa Maria do Oeste, que não quis se identificar, diz que o
governo federal precisa investir em programas de qualificação profissional para
as mulheres dos assentamentos. “A gente faz produtos em casa para vender, mas precisamos
de aperfeiçoamento e tem aquelas que precisam aprender”, afirma. </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A servidora
municipal Yvi Rosa, 29, de Londrina, diz que a mulher do campo está mais organizada,
contudo, precisa de atenção do poder público. “É o que esperamos de um futuro
governo petista, que tire o Brasil desse imenso buraco em que nos enfiaram”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Cada
participante do evento em Londrina foi convidado a colaborar com a arrecadação
de alimentos. A expectativa era reunir em torno de 60 toneladas de legumes,
grãos, panificados, frutas e lácteos produzidos pelas famílias do MST. Seriam
doados a bairros periféricos de Londrina. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Na
parte interna do assentamento, meus olhos atiçavam o estômago em meio a frutas,
cereais, doces, pães, bolos, queijos, cachaças, entre outros. Só exposição. Não
vendiam. Na parte externa, havia quiosques, mas vegetarianos iguais a mim se
deram mal. Só iguarias de carnes. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Partimos.
Devagar atrás da imensa fila de carros na estrada lisa de lama. A rodovia. Paramos
no primeiro restaurante. Sem comida, tem razão Lula, a gente não vai a lugar
nenhum. Felicidade incontida era da Rosa. Havia um buraco na lona plástica que separava o corredor em que a comitiva de Lula passava e a multidão que o aguardava. Ela enfiou a mão lá no momento em que eles chegavam. Lula apertou a mão dela e a beijou. "Emocionante", repetia ela, no caminho de volta. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEillvp8ubvigVOip4ZPQvvtAmSIm8_31Zb_e5DOesoeuRwjxLIYEORbQs8QFQY92-ARt-0MLEQDyPIjLcgoxqPwSWCZ0ZMPmRlnLC5I2NUvIFD9jE5qW3hFoIM0Pz2CUyb-45M9_EJ3V5c8uc_g6kgWhzXGRSUFuQVKYQUJsbVGTA4BJB6ErEm16T13=s4608" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEillvp8ubvigVOip4ZPQvvtAmSIm8_31Zb_e5DOesoeuRwjxLIYEORbQs8QFQY92-ARt-0MLEQDyPIjLcgoxqPwSWCZ0ZMPmRlnLC5I2NUvIFD9jE5qW3hFoIM0Pz2CUyb-45M9_EJ3V5c8uc_g6kgWhzXGRSUFuQVKYQUJsbVGTA4BJB6ErEm16T13=w640-h480" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O ex-presidente Lula discursou no assentamento Eli Vive com críticas ao governo federal e a parlamentares</td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEivVy_kkA8EebedPN3gGOjDb9_XS8J0cHY42i1gcpUabSLsycStm6hCDpDhKpOc-eIM1TjuBB5hM0GdGMM4RJm1ariGi9HS9zwEOFlYzSwR3EQ06NNAJ-LySX1vS1MmaYJL-P26Tkhd3Gx5j8IvHxJsk5Is8I4pCpiPgtXaIYhiWOI8TK_3zaUj8t-f=s4608" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="4608" data-original-width="3456" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEivVy_kkA8EebedPN3gGOjDb9_XS8J0cHY42i1gcpUabSLsycStm6hCDpDhKpOc-eIM1TjuBB5hM0GdGMM4RJm1ariGi9HS9zwEOFlYzSwR3EQ06NNAJ-LySX1vS1MmaYJL-P26Tkhd3Gx5j8IvHxJsk5Is8I4pCpiPgtXaIYhiWOI8TK_3zaUj8t-f=w480-h640" width="480" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Barraca com alimentos cultivados e produzidos pelos trabalhadores assentados</td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg_NiOhWo5YJsr0sxNGBffCR5vYObmqLZj8EY3EHFlOQo3259Fqlw7YVOcxxkrp4T5L0by-rnv3gKYznBckpqqCuBNey-WyzlxvHjMHxptBq6P6w_VKuI2gop-Z9-s90sdxA6OHGCb--LWEHukPgjFvJ1_O3OFuPV1bh3UkXXGZ-LqVwl7A-PA3PDdy=s4608" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg_NiOhWo5YJsr0sxNGBffCR5vYObmqLZj8EY3EHFlOQo3259Fqlw7YVOcxxkrp4T5L0by-rnv3gKYznBckpqqCuBNey-WyzlxvHjMHxptBq6P6w_VKuI2gop-Z9-s90sdxA6OHGCb--LWEHukPgjFvJ1_O3OFuPV1bh3UkXXGZ-LqVwl7A-PA3PDdy=w640-h480" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O salão aberto do assentamento Eli Vive ficou lotado para ouvir os discursos de Lula, Requião e comitiva </td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhj4iiL5V6dQMMsDAW1Wg0slVXC_xqVPaIdvGK1Nz9sL1mFNlDtjS3Uo7TXOCibiQtOPcw9Vv3NfsRyLTYkVef2UfNg9zpI2GX5VdcMZ2M2haHYwZKouY1whFwSA8_RyWijMhqx9xb6vxjnoVFlIs_WC7GjkLet9mfrzik8hYrEufvgQhl4i4jeOc5a=s4608" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhj4iiL5V6dQMMsDAW1Wg0slVXC_xqVPaIdvGK1Nz9sL1mFNlDtjS3Uo7TXOCibiQtOPcw9Vv3NfsRyLTYkVef2UfNg9zpI2GX5VdcMZ2M2haHYwZKouY1whFwSA8_RyWijMhqx9xb6vxjnoVFlIs_WC7GjkLet9mfrzik8hYrEufvgQhl4i4jeOc5a=w640-h480" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parte das 60 toneladas de alimento que seriam arrecadas no evento e distribuídas na periferia de Londrina</td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh3XUXnV9TZFHQRzOtv51InLK8_UBS-gen-iOHRtsPcHliQxPWXH0QeliGxJmByEiutdQcBLoqJ-ql_0ka3IdentsYluTaC3QU3Co4JX1CJsvJCXQNuYhI2AwJY05tVTuEy7RcisFRLd_TLe4VVKWP8tizhck52udxS5JyJ47qsaAPkUBJpDoIwpEvB=s4608" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh3XUXnV9TZFHQRzOtv51InLK8_UBS-gen-iOHRtsPcHliQxPWXH0QeliGxJmByEiutdQcBLoqJ-ql_0ka3IdentsYluTaC3QU3Co4JX1CJsvJCXQNuYhI2AwJY05tVTuEy7RcisFRLd_TLe4VVKWP8tizhck52udxS5JyJ47qsaAPkUBJpDoIwpEvB=w640-h480" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lula assediado pela multidão, que implorava por uma foto, durante o evento do MST realizado em Londrina</td></tr></tbody></table><br /><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span><p></p>Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-20678325315312665682022-03-15T06:55:00.001-07:002022-04-18T11:57:11.385-07:00"Acabou o café, acabou o dinheiro"<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A saga do baiano Prudenciano, que deixou a
terra natal e veio para o norte do Paraná atrás do cobiçado ouro verde, como
eram chamados os cafezais de outrora<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 9.0pt; line-height: 150%;">Texto e fotos Donizete Oliveira<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
município baiano de Riacho de Santana, a 715 quilômetros de Salvador, guarda um
passado de desigualdades sociais e escassez de trabalho. A vida difícil obrigou
muitos a buscar oportunidades longe dali. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Uma rota preferida era o norte e o noroeste do
Paraná. Nas décadas de 50 e 60, um oásis de fartura. Impulsionado pelo café, o
cobiçado ouro verde. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um
dos que migraram em busca da terra prometida é um baiano que fala pouco, mas no
rosto traz as marcas do tempo. Sentado num banquinho de madeira na mercearia
Santo Antônio, antiga venda de secos e molhados, no distrito de Rio Bom, Santo
Antônio do Palmital, ele se recorda do auge do café na região. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
ano era 1962. Gentes chegavam e se instalavam atraídas pelos pés carregados de
grãos. “Moço do céu era um formigueiro”, diz Silvano Prudenciano do Carmo, 78,
meio desconfiado por que estou lhe fazendo perguntas. “Pra que você quer saber
essas coisas”, indaga. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Uma
entrevista. Para o senhor falar do passado da região, explico. Silêncio. A
gente proseia, proponho. Prudenciano faz cara de que não entende, mas aceita. Diz
que viera da Bahia mais um colega apanhar café. “A gente se deu bem porque tinha
muito serviço”, conta. Diversões também. Jogos de futebol, festas, bailes e até
cinema. “Um pessoal da cidade vinha passar filme aqui, num salão, que ficava
apinhado de gente”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
dez quilômetros de Rio Bom e a 40 quilômetros de Apucarana, Santo Antônio do
Palmital, no Vale do Ivaí, tem em torno de 300 moradores. A maioria trabalha na roça. Com a queda
do café, as pessoas foram se mudando. Alguns dos que permaneceram é porque
conseguiram comprar um pedaço de terra. É o caso de Prudenciano. “Guardei um
dinheirinho do tempo de vacas gordas e comprei uma chácara, onde moro com minha
família”, declara, se referindo aos bons tempos do café. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Casado com Maria do Carmo, ele tem dois filhos
e dois netos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Agnaldo Alves, 36, nasceu no distrito e concorda
com o pioneiro. “No tempo da bonança do café corria dinheiro”, afirma. Laércio
Maia, 54, que trabalha na roça e ganha R$ 80 por dia, diz ouvir os mais velhos
enaltecerem o passado. “Era uma época muito movimentada em que ninguém ficava
sem trabalho”. De cabeça baixa, Prudenciano emenda com um sorriso contido: “acabou
o café, acabou o dinheiro, acabou o que era doce”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiETTRRQKjbhkyIzLcK_AiERiIbl_RBGzW08O49gGVOKOtGekgYasw5-4b48BZMMAPA_1VR3fbKoMwUGfG3QbHt9ixaUrqDCAA03xqVTrPcvQ_8DGv_rVcUdNd3pekwyXKpKo2HZDOLG_Fj2tyVD5cW0t5vHH80lXr5vPZB2KV5Rp4temFdW2CxR-VS=s4608" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiETTRRQKjbhkyIzLcK_AiERiIbl_RBGzW08O49gGVOKOtGekgYasw5-4b48BZMMAPA_1VR3fbKoMwUGfG3QbHt9ixaUrqDCAA03xqVTrPcvQ_8DGv_rVcUdNd3pekwyXKpKo2HZDOLG_Fj2tyVD5cW0t5vHH80lXr5vPZB2KV5Rp4temFdW2CxR-VS=w320-h224" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Prudenciano se recorda da época dos cafezais</td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhz9v0MS727sZSCMtUT6hDW4Bp8OJOFCjfSBPFNu_-xPyoQp4-MZ0jX04WkVgBYdJrh9ohjlOn_LT2Lf2jLNwaH4Nau83KMMgPzS-ao6KmANJ6gyLQ1UDHIWDRhbWqBLd6626mRBUH6lfbqh-9hClt_ClqBC-ZE5UyQU3uakjp7q15wE514juT-J6aa=s4608" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhz9v0MS727sZSCMtUT6hDW4Bp8OJOFCjfSBPFNu_-xPyoQp4-MZ0jX04WkVgBYdJrh9ohjlOn_LT2Lf2jLNwaH4Nau83KMMgPzS-ao6KmANJ6gyLQ1UDHIWDRhbWqBLd6626mRBUH6lfbqh-9hClt_ClqBC-ZE5UyQU3uakjp7q15wE514juT-J6aa=s320" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tranquilidade é o que não falta em Santo Antônio</td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgXjhdH4xOVblXckhEuxSSL8PIV2gLD-_LBdcp0uVBmlR4C3rkua42Kh7cGK-ku4TvgODWWlFbJVxTPuTDK67oCvftp9uMB4pCluzrNW_9xu30A2UOqrkwP7gOy5ZfJkfhD1R5Z4GV1t6abbaWU7P99244Yt3Qn7rk7gMeG2jqcdhNdX56oRntLkfuE=s4608" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgXjhdH4xOVblXckhEuxSSL8PIV2gLD-_LBdcp0uVBmlR4C3rkua42Kh7cGK-ku4TvgODWWlFbJVxTPuTDK67oCvftp9uMB4pCluzrNW_9xu30A2UOqrkwP7gOy5ZfJkfhD1R5Z4GV1t6abbaWU7P99244Yt3Qn7rk7gMeG2jqcdhNdX56oRntLkfuE=s320" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A antiga venda de secos e molhados resiste</td></tr></tbody></table><br /><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></p>Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-71816374710600473472022-01-31T11:36:00.000-08:002022-01-31T11:36:11.041-08:00DENTISTA, FOTÓGRAFO, PILOTO...<p> </p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não faltam atividades para o pioneiro
Laércio Nickel, que nasceu em Poços de Caldas (MG) e chegou a Maringá em 1951,
ajudando a consolidar a profissão de dentista na cidade, onde vive até hoje no
seu apartamento cercado de objetos antigos e ainda exercendo um dos seus
hobbies: a fotografia<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; line-height: 150%;"><span style="font-size: x-small;">Texto Donizete Oliveira<o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; line-height: 150%;"><span style="font-size: x-small;">Fotos Arquivo pessoal e DO<o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; line-height: 150%;"><o:p><span style="font-size: x-small;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; line-height: 150%;"><span style="font-size: x-large;">U</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">ma
visita ao apartamento do dentista Laércio Nickel Ferreira Lopes, no centro de
Maringá, é uma volta ao passado. Aparelhos de som, máquinas de escrever,
câmeras fotográficas (mais de duzentas), entre outras relíquias, que só podem
ser vistas por lá. Ele vai à frente descrevendo cada objeto e se o visitante
imaginar que já viu tudo, Laércio Nickel mostra outro, olha nos olhos no interlocutor e dispara: “baba”. É de
babar mesmo ao descobrir detalhes de cada antiguidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nascido
em 14 de abril de 1928, em Poços de Caldas (MG), ele chegou a Maringá em 1951,
com o amigo de infância e de profissão Newman da Silva Gomes. Laércio Nickel se
formara em Alfenas, no sul de Minas Gerais. Em Maringá, ele exerceu a
odontologia por mais de 50 anos e se casou com Lúcia Moreira, filha de Napoleão
Moreira da Silva, tradicional político local, cujo nome batizou uma das
principais praças da cidade. O casal tem os filhos: Vânia, Ênio, Sônia, Vera e
Luciano, quatro netos e dois bisnetos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Fotógrafo,
apesar da idade, não tem dificuldade para explicar aberturas da lente e
velocidades do obturador conforme as condições de luz. Aliás, não faltam coisas
que ele faz, e bem feitas. Artesão (produz peças com miúdas pedras coladas),
escritor, rádio amadorista (quando havia poucos telefones em Maringá, ajudava
na comunicação), piloto de avião e colecionador de antiguidades. “Sempre fui
muito dedicado àquilo que gosto de fazer”, diz. “Tenho paixão em viver e
conviver com as pessoas”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um
livro seria pouco para contar as aventuras de Laércio Nickel. Só as de piloto
preencheriam algumas páginas. Por exemplo, aquela em que desligou o motor para
dar um rasante. O motor não religava, e ele tentou, tentou, até fazê-lo
funcionar no limite para completar a manobra. Por pouco, hein! Mas aquilo não
foi nada para quem se tornou um playboy de avião, como ele mesmo diz.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com
tantos afazeres, Laércio Nickel sempre arrumou tempo para participar de clubes
de serviços comunitários. Em 14 de maio de 1953 foi fundada a Associação Maringaense de
Odontologia (AMO), numa reunião no antigo Aeroclube de Maringá. O dentista
pioneiro participou do ato, se tornando um dos fundadores da entidade, cujo
primeiro presidente foi seu amigo Newman da Silva Gomes. “Tempos difíceis, mas
também de muita união e colaboração de todos, sempre pensando na melhoria das
condições de trabalho dos profissionais dentistas em Maringá”, afirma. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sua
atuação social em Maringá é ampla e diversa. Entre
outros feitos, fundador do Lions Clube de Maringá, na década de 50, um dos primeiros
do Brasil. Ele é o único fundador vivo e o Leão (membro do clube) mais
antigo do Paraná; homenageado diversas vezes pela entidade. Do Maringá Clube,
fundado pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP), é pioneiro
fundador. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Filho
de Luiz do Prado Ferreira Lopes e Maria Luiza Nickel Ferreira Lopes. O pai foi
coletor Federal em Alfenas e seu avô Gaspar José Ferreira Lopes prefeito
daquela cidade por três mandatos e senador mineiro na primeira República. Na
época, os Estados tinham câmaras legislativas, e ele exerceu o mandato em Minas
Gerais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
14 de abril de 2018, Laércio Nickel celebrou seus 90 anos. Para comemorar, seus
parentes se reuniram em Maringá. Nada mais justo, pois é um pedaço da história
mineira que se juntou ao noroeste do Paraná, onde continua fazendo história.
Alvo de muitos cumprimentos, ele ouviu repetidas vezes: que esta data se
prolongue por muitos anos!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi0of8fZKQ1MOIeNxQKaZvhsu4lNAI_4mVYqUA0B3lk2igvb7Mwb-d2Wyup3babYgu9zPAOOIYUwgKWAuGuLWQi6cPGyTwb5ONgYqa7c4DaTLfIRWODZ-ALaH6veiqtTsQuFROdEXxD3_PIe4UZFPrGYF8EYjpcvySGCoX2Igza5rIQm8PMTw8Wx8xM=s4608" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi0of8fZKQ1MOIeNxQKaZvhsu4lNAI_4mVYqUA0B3lk2igvb7Mwb-d2Wyup3babYgu9zPAOOIYUwgKWAuGuLWQi6cPGyTwb5ONgYqa7c4DaTLfIRWODZ-ALaH6veiqtTsQuFROdEXxD3_PIe4UZFPrGYF8EYjpcvySGCoX2Igza5rIQm8PMTw8Wx8xM=w400-h300" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Laércio no apartamento dele, que se tornou quase um museu</td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjXml6byzuDxjqrFtSknk0E2gNa1Q3kMfsdxq9U6BCkVG3dulLZM49m8jSpM9Ytv0W1uGfowl4kZM0WhIpErdulAPVnJwzXim-PbqTtPsNA21jyv_o-DSr55dvStbQMfy4hHk_YBL_6ughPSusrRy9BXCDm00jj-cFhHUvz0bP-TVNwFGXlnhaPMl7u=s4608" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjXml6byzuDxjqrFtSknk0E2gNa1Q3kMfsdxq9U6BCkVG3dulLZM49m8jSpM9Ytv0W1uGfowl4kZM0WhIpErdulAPVnJwzXim-PbqTtPsNA21jyv_o-DSr55dvStbQMfy4hHk_YBL_6ughPSusrRy9BXCDm00jj-cFhHUvz0bP-TVNwFGXlnhaPMl7u=w400-h300" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Com a mulher, Lúcia Moreira, cujo pai dá nome à praça em Maringá</td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiu77iSeZwgK9LQCZ_76D4JH5dLiyxKLbIbhVVFVwZ3nzZq9i-KAJJzSbfbDrFKg_FOD9DWHyE5y4vraw6Xxop5bQbD8pIm-megN4wKT2LSH76iCH1DkAO4XN_qNjFqrF9mez0hrothEQPVz7Rs6U1ABAfy3pG6wB4oDioutglh2cf8bwz74beINY-G=s4608" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="4608" data-original-width="3456" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiu77iSeZwgK9LQCZ_76D4JH5dLiyxKLbIbhVVFVwZ3nzZq9i-KAJJzSbfbDrFKg_FOD9DWHyE5y4vraw6Xxop5bQbD8pIm-megN4wKT2LSH76iCH1DkAO4XN_qNjFqrF9mez0hrothEQPVz7Rs6U1ABAfy3pG6wB4oDioutglh2cf8bwz74beINY-G=w300-h400" width="300" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vitrola, que funciona por corda, no apartamento dele</td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh7Fs0QHAhATb2PCgoeCTGRjrO_ny7TVvxj5e1Lvm1Ua83RqYyljUhDct397vRtOcE1vSZ8L73TbdWS2WjPQKL7B_TzGclafQl-fjqy3nlTLg8rQD3zLaF6fonQJlLNNcsrlK-l7kGvcCI3Q6b-XLW_qIWWWeI7EIZ6hj4F30pmNgd0ld6IxQyqC2u6=s4608" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh7Fs0QHAhATb2PCgoeCTGRjrO_ny7TVvxj5e1Lvm1Ua83RqYyljUhDct397vRtOcE1vSZ8L73TbdWS2WjPQKL7B_TzGclafQl-fjqy3nlTLg8rQD3zLaF6fonQJlLNNcsrlK-l7kGvcCI3Q6b-XLW_qIWWWeI7EIZ6hj4F30pmNgd0ld6IxQyqC2u6=w400-h300" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Filhos e demais parentes na comemoração dos 90 anos de Laércio</td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-61724651322162857072022-01-02T13:23:00.001-08:002022-01-02T13:23:40.457-08:00 VIAGEM - Pampulha, um mergulho na arte<p><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Complexo de monumentos arquitetônicos, visita obrigatória para quem vai à capital mineira, proporciona apreciar obras de renomados artistas brasileiros, exercício da fé cristã</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">e proximidade com a natureza</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Donizete Oliveira, texto e fotos*<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Uma
mistura de arquiteturas, museus e natureza, com muita água. A bacia
hidrográfica da Lagoa da Pampulha faz parte da bacia do rio das Velhas, que
desemboca no rio São Francisco. Muita coisa para ver nos seus 18 quilômetros de
extensão. A Igreja São Francisco de Assis é a principal obra do conjunto, com
mais traço de Oscar Niemeyer, que a projetou em 1942. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
construção da Pampulha prova a importância de um administrador público concluir
os projetos de seu antecessor. O prefeito de Belo Horizonte, Octacílio Negrão
de Lima, no seu primeiro mandato (1935-1938) iniciou o represamento do Ribeirão
Pampulha, com objetivo de construir uma lagoa. Em 1943, a obra foi completada
na gestão de seu sucessor Juscelino Kubitschek (1940-1945).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Niemeyer
a projetou, mas a fundação arquitetônica da Igreja São Francisco é do
engenheiro Joaquim Cardoso. Dizem que Niemeyer se inspirara nas montanhas de
Minas cobrindo-a de curvas. Primeira igreja do Brasil com traços modernistas é
o principal cartão-postal da capital mineira. Quem a visita deve se atentar aos
detalhes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por
exemplo, o altar principal, obra de Cândido Portinari. Dedicado a São Francisco de Assis, um cachorro no lugar do lobo
chocou autoridades eclesiásticas, deixando-a 14 anos isolada, sem celebrações
religiosas. Os 14 painéis da via-sacra e os externos completam o trabalho de Portinari.
Paulo Werneck assina os painéis figurativos e abstratos. Alfredo Ceschiatti
esculpiu os de baixo-relevo em bronze do batistério; Burle Marx projetou os
jardins.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas
a visita continua. A Pampulha é uma obra de arte. Cercada por casarões antigos,
vale a pena esticar o passeio ao Cassino, que virou museu de arte com um acervo
de 900 obras e à Casa do Baile, cartão-postal de BH, com fachada barroca. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Também
não podem ficar de fora o Iate Golfe Clube, com obras de Portinari e Burle Marx
e a Casa Kubitschek, construída para o então prefeito JK passar os fins de
semana, virou museu. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
aposentado Pedro Alves, um simpático senhor de 72 anos, que fica na Igreja de
São Francisco, é uma espécie de guia do local. Ele faz questão de mostrar e explicar os detalhes aos visitantes. “Faço com prazer, revelando as
belezas e os valores deste local, que é uma joia de Belo Horizonte e do
Brasil”, diz.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b style="font-family: Arial, "sans-serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">*O jornalista viajou a Belo Horizonte.</b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjW7Hik7vV9G4keKP6nf-o8EcKlsst8TZ4vb81oAFOPsxc8Yhhu53WyYhCq9ckkSCzQi4yWRKeQdTYj-Yo_EDdTjCKlTC8gpIoQvJcs4JhqvCbfS9_VnArrdRns0Vj2Jd92QjRhLyjxb3VK5nDdDHv3j7LPbJGGngF56SCMAQMEOUVoCaKr8idWdxDM=s4608" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjW7Hik7vV9G4keKP6nf-o8EcKlsst8TZ4vb81oAFOPsxc8Yhhu53WyYhCq9ckkSCzQi4yWRKeQdTYj-Yo_EDdTjCKlTC8gpIoQvJcs4JhqvCbfS9_VnArrdRns0Vj2Jd92QjRhLyjxb3VK5nDdDHv3j7LPbJGGngF56SCMAQMEOUVoCaKr8idWdxDM=w400-h300" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja de São Francisco de Assis, arte de Oscar Niemeyer</td></tr></tbody></table><br /><b style="font-family: Arial, "sans-serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><br /></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh_G8tFR1KYWDxVs14K9brygxO6wG4Yve8jFx15SA32HzlNNkbbkqucaXWplfQEEzlx6sNyi-YVyt1g6FFUKn-4X2C7REkQTYs0vJ9JR557A9eEpOLpihvlYh-y7W_uDzBV-DFK6UcRo_XtyBIMSGZqIY2JCAKAa2uBsK64vvuHOB2qt2OEQQSKolV0=s4608" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh_G8tFR1KYWDxVs14K9brygxO6wG4Yve8jFx15SA32HzlNNkbbkqucaXWplfQEEzlx6sNyi-YVyt1g6FFUKn-4X2C7REkQTYs0vJ9JR557A9eEpOLpihvlYh-y7W_uDzBV-DFK6UcRo_XtyBIMSGZqIY2JCAKAa2uBsK64vvuHOB2qt2OEQQSKolV0=w400-h300" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Visão parcial do encantador lago da Pampulha</td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhFWEENOtSiOUbiDemSD0vK4uyU0v7PhIUfKK18LO0RRmezkiWNxg9Yv74iUkOG8T_2ewg6A20MSG9RKz8MZAdrEiVjgZmGNuI5jBemsW-PnnFQ-bnxKkwYOgIh1SX5cjABrlm5I5yjeVKwd4eZREyRCToSOafVKYDcOIC-PqSGKXKaElD_l7WFVrWX=s4608" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhFWEENOtSiOUbiDemSD0vK4uyU0v7PhIUfKK18LO0RRmezkiWNxg9Yv74iUkOG8T_2ewg6A20MSG9RKz8MZAdrEiVjgZmGNuI5jBemsW-PnnFQ-bnxKkwYOgIh1SX5cjABrlm5I5yjeVKwd4eZREyRCToSOafVKYDcOIC-PqSGKXKaElD_l7WFVrWX=w400-h300" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Esculturas de JK, Niemeyer, Portinari e Burle Marx</td></tr></tbody></table><br /><b style="font-family: Arial, "sans-serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><br /></b></p>Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-42270621016720595032020-11-17T15:56:00.000-08:002020-11-17T15:56:15.831-08:00O FILÓSOFO DAS AMENIDADES<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Personagem conhecido nos bastidores
políticos maringaense, Antero Rocha começou a militância no movimento
estudantil passou pelo antigo MDB com atuações na imprensa e na realização de
eventos artísticos em Maringá<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: x-small;">(Texto e foto: Donizete Oliveira)</span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dizem que ele estava sentado à mesa de um bar e um amigo espalhou: ali
está o embaixador do Senegal! Trataram-no com todas as honras, servindo bebidas à vontade às mesas que ele ordenasse. Mas desfeita a farsa cada um teve de pagar o que consumiu a mando do suposto embaixador. A história corre. Cada um conta de um
jeito. O próprio não confirmava, disfarçava com um sorriso no canto da boca. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Antero
Silva da Rocha viveu a história política de Maringá desde 1970. Nascido num
lugarejo chamado Brejinho das Ametistas, distrito de Caetité (BA), numa família
de 12 irmãos. Em busca de dias melhores, se mudaram para Bandeirantes, ele
tinha dois anos. O pai, Sebastião, trabalhava no Instituto Brasileiro do Café (IBC),
e foi transferido para Cianorte. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Talvez
fosse melhor perguntar em que Rocha não trabalhou. O habitual “fiz de tudo um
pouco” lhe caía como luva. Office-boy, lavador de carro, auxiliar de feirante,
vendedor de flores eram alguns dos seus afazeres.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em 1970, ele se mudou para Maringá, onde
vivia com familiares. Entre eles, a mãe, Maria Ribeiro da Silva, com 90 anos, mas firme e forte.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
militância no movimento estudantil lhe abriu as portas para a política. Rocha
ingressou no antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), onde estavam as
principais lideranças que se opunham à ditadura militar. Mas ele ressalva: “Eu
não levo muito em conta essa coisa de partido, sempre sou oposição às coisas
que considero erradas”. “Até hoje sou assim”, ressaltou em entrevista à <b>Revista
Tradição</b>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ele
se lembrava com orgulho da eleição parlamentar de 1974, quando o MDB fez
maioria no Parlamento, assustando o governo federal e seu partido, a Arena. Um
dos eleitos na época foi Walber Guimarães, que Rocha assessorou por 10 anos.
Também trabalhou para o então deputado Luís Gabriel Sampaio. “Era uma época boa
em que o Brasil vivia uma ascensão política, com novos nomes”, disse, citando
Álvaro Dias, José Richa e Ulysses Guimarães, que comandou a abertura política
com a eleição e morte de Tancredo Neves, em 1985. No lugar dele assumiu José
Sarney, que governou até 1990. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
Maringá, Rocha candidatou-se a vereador por duas vezes, mas não obteve êxito.
“Saí pra ajudar o partido”, justificava, se referindo ao MDB. Mas o negócio
dele era mesmo os bastidores. Nos anos 70 e 80, chegou a participar de seis a
oito comícios por dia, apoiando seus candidatos. “Às vezes, ficava até 40 dias
fora de casa correndo o Paraná”, contou. No entanto, sua atuação foi além da
política, chegando à mídia e ao entretenimento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Trouxe
vários shows artísticos e peças de teatro para exibição em Maringá. Uma com
Zilda Mayo, na ditadura militar, deu o que falar e chegou a ser
proibida. Durante a apresentação, os atores ficavam nus no palco. Após
muita discussão acabou liberada e apresentada no antigo Cine Horizonte. Também
auxiliou Morimassa Miyazato, o More, na realização da Primeira Mostra de Cinema
de Maringá, em 1979. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Na
imprensa, Rocha atuou em jornais, revistas e até na antiga TV Tibagi. Sócio da
“Aqui, revista”, lançou “Mulher atual”, que trazia beldades na capa. Uma delas
estampou Deise Nunes, Miss Brasil, em 1986, e Kiki Pinheiro, Garota de Ipanema,
no mesmo ano. Ambas estiveram em Maringá num desfile na antiga boate Kalahari. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ele assinava a coluna “Grito de alerta”, com
críticas ácidas a políticos. Diz que parou porque o ameaçaram até de morte. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Divorciado,
sem filhos, ele disse que a corrupção, que tanto causa frisson, é uma prática
antiga. “O povo precisa eleger melhor seus representantes, deixando de escolher
Barrabás”, afirmou. Sobre Maringá, entende que todos os prefeitos de alguma
forma contribuíram para o desenvolvimento da cidade. “Eu amo Maringá e a vejo
com boas perspectivas, no caminho certo”, afirma Rocha, que apesar de
diabético, dizia levar uma vida normal. “É o mal do século, precisamos saber
conviver com ela”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Assim
era Antero Rocha, um filósofo das amenidades! Que não desistiu da militância
política. Ele morreu hoje (17 de novembro de 2020), aos 69 anos, de infarto.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhuduC_3ZEyoITdZktNd8gD7VVtZsPLWZJ7hL3-9zQoGIA5W7YuqilWsZy78W0YCq2aYp0p35mxvRQmZh-2hEbDlFdWTjibxSGJcmnE3VGvmz5D9GK_7AJgOmraF_IL6hwoFHJ5w3Yhp0/s2048/Antero+-+foto+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhuduC_3ZEyoITdZktNd8gD7VVtZsPLWZJ7hL3-9zQoGIA5W7YuqilWsZy78W0YCq2aYp0p35mxvRQmZh-2hEbDlFdWTjibxSGJcmnE3VGvmz5D9GK_7AJgOmraF_IL6hwoFHJ5w3Yhp0/w400-h300/Antero+-+foto+1.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Antero Rocha posa para foto no centro de Maringá</td></tr></tbody></table><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnyXh8X0m3p1E9b4TzTC2JDIMpWsPSfAdNRUlikQwh5_zg9T0Ytf7Z8FAfyPPlXCVHnnRy_wCLJF_fP9cjd9hOOe1i4R6WHXip0piCDWP9DKnzPgkVKpdsOiWaWi_FA9kV26dTss-kOtQ/s2048/Antero+-+foto+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1510" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnyXh8X0m3p1E9b4TzTC2JDIMpWsPSfAdNRUlikQwh5_zg9T0Ytf7Z8FAfyPPlXCVHnnRy_wCLJF_fP9cjd9hOOe1i4R6WHXip0piCDWP9DKnzPgkVKpdsOiWaWi_FA9kV26dTss-kOtQ/s320/Antero+-+foto+2.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Em 1981, estilo black power</td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></p>Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-83969641637985212142020-04-28T11:59:00.001-07:002020-09-23T20:19:59.912-07:00 UM CASO DE ABDUÇÃO EM MARINGÁ<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Há 40 anos óvni teria pousado em terreno
no Jardim Alvorada, um dos bairros mais conhecidos da cidade, e capturado o
eletricista Jocelino Mattos, que viu sua vida se transformar após o fenômeno,
que até hoje atrai mídia, ufólogos e curiosos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">(Texto e fotos Donizete Oliveira)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em
13 de abril de 1979 (Sexta-feira Santa), Jocelino de Mattos, então com 20 anos,
e seu irmão, Roberto Carlos de Mattos, 13, voltavam da casa de uma irmã por volta
das 23h30. De repente, na Rua Roberto Simonsen, nas proximidades da Escola
Municipal Ariovaldo Moreno, no Jardim Alvorada, avistaram uma estrela. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Brilhante
com uma espécie de cauda. Não deram atenção, mas o objeto começou a se deslocar
rapidamente no céu. Roberto Carlos cismou que havia algo estranho com aquela
estrela. Mas o irmão o encorajou. “Não é nada, vamos embora”, disse. “É uma
estrela comum, talvez com um pouco mais de brilho”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Na
época, havia muito mato e plantios de soja no Jardim Alvorada. Eles estavam a
cerca de 500 metros de um abacateiro numa trilha no meio de uma terra preparada
para o plantio de cereais. A estrela desceu e pousou no solo a alguns metros da
árvore. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Ouviram
um ruído estranho e, de repente, começaram a ser arrastados em direção àquela luz. “Passamos por uma valeta de uns dois metros de profundidade por três de
largura que havia no local, sem ver e sentir nada”, conta Jocelino, que hoje
vive no Conjunto Habitacional Requião 2, em Maringá, bairro próximo do Alvorada.
“Só notei que a gente chegou debaixo do abacateiro e daí em diante não vimos
mais nada, desmaiamos”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em
entrevista ao jornal O Diário do Norte do Paraná, que noticiou o caso em 17 de
abril de 1979, Jocelino disse que eles queriam andar em sentido contrário
ao objeto, mas uma força estranha os atraía. “Sentimos falta de ar, nosso coração
disparou, e na nossa cabeça havia um chiado infernal”, declarou. “Quando
chegamos perto da estrela (nave) caímos e começamos a ouvir uma fala estranha
que parecia inglês, francês, sei lá o que era aquilo... a gente não entendia
nada”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Apenas
Jocelino teria sido levado ao interior do objeto, seu irmão teria ficado
desacordado no solo. Ele se recorda apenas de uma frase que lhe fora
transmitida telepaticamente: “Nossa missão não está terminada”, teria afirmado
um dos seres, cuja aparência, Jocelino diz não se diferenciar de humanos.
Tinham costeletas, eram brancos, usavam botas pretas e vestuário prata. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Segundo
a mãe deles, Maria Rosa Mattos, que morreu em 2017, após o episódio, de
madrugada, ao chegarem à casa da família, a cerca de 800 metros do local,
pediram para não lhes tocar que estavam dando choque elétrico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Uma
irmã duvidou, passou a mão neles e sentiu um choque. Ela contou ao
jornal O Diário que a estrela voltara a brilhar novamente e lá do horizonte
emitiu um feixe de luz atingindo Jocelino e Roberto Carlos, que caíram duros na
porta da casa da família. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Os
vizinhos ajudaram carregá-los para dentro de casa. “Passaram cânfora e álcool
no nosso corpo”, diz Jocelino. Os irmãos, que ficaram das 23h30 de 13 de abril
às 4h30 da madrugada do outro dia, quando chegaram à casa da família estavam
exaustos, quase sem força, e com a roupa e o corpo sujos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Por
volta das 7 horas da manhã começaram a chegar carros de reportagem à casa da
família Mattos. Com medo, eles procuraram a polícia e registraram queixa.
Soldados do 4º Batalhão de Maringá averiguaram o terreno ao redor do
abacateiro, mas nada encontraram. “A repercussão e as constantes brincadeiras
maldosas provindas de algumas pessoas me chateavam muito”, afirma Jocelino.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Para
evitar curiosos e imprensa que o procuravam constantemente, ele permaneceu por
três anos trabalhando em outras cidades. “Não aguentava mais falar sobre o
assunto”, diz. Após o caso, a vida dele se transformou. Passou a fazer
experiências com tratamentos naturais e a produzir remédios por meio de
elementos químicos e plantas medicinais, os quais ele doa a pessoas com
problemas de saúde que o procuram. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">ABDUZIDO DESCREVE EXPERIÊNCIA SEXUAL</span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O médico Osvado Alves, de
Mandaguari, que morreu em 2017, e se dedicava ao tratamento natural e à
hipnose, pesquisou o caso. Em 1981, ele submeteu Jocelino e sua mãe, Maria Rosa
Mattos, a uma sessão de hipnose. Sob as indagações do médico, eles descreveram
o que se passou naquele dia. A seguir, um trecho do relato de Jocelino. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Osvaldo Alves - Em que lugar da nave
você está?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> -
Estou em algo parecido com uma cadeira de dentista, muito moderna, sofisticada
e mecanizada. A temperatura no ambiente é normal. Tem um aparelho na minha
cabeça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">OA - Como os equipamentos são colocados
na sua cabeça?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino -</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> É
parecido com um capacete, Sinceramente, não vejo muito bem. Sei que estou consciente
o tempo todo, mas vejo somente que o capacete é móvel.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">OA - Você conversa com quem na nave?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino -</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">
Converso somente com a mulher. Porém, outros seres falavam comigo antes de ela
chegar. Ela entrou por uma porta e sentou ao meu lado. Começa a me fazer...
começa a me acariciar amavelmente... Passa a mão pelo meu rosto, cabelo, peito,
por todo meu corpo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">OA - Você fica excitado?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino -</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">
Sim. Agora ela abre uma parte da roupa, uma espécie de zíper. Não posso ver
nada direito... estou em cima dela. Fazemos sexo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">OA - Que tipo de sensação ela demonstra?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino -</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> Ela
não demonstra nada, nenhuma sensação. Tem um prazer gelado... Diz poucas
palavras, apenas que é uma mulher viajante, mas não especifica que tipo de
pessoa é.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">OA - Como se comunicam?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino - </span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Conversamos
por pensamento. Ela não precisa mexer os lábios para conversar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">OA - Como é essa mulher?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino -</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> Ela
usa um macacão preto. Seus cabelos são longos, negros e caem sobre os ombros.
Ela não permite que eu veja seu corpo, permanece vestida o tempo todo. É uma
moça alta, de mais ou menos 1,75 metros de altura (mais alta que eu), seus
olhos são negros, tem sobrancelhas e sua pele é morena, mais escura que a dos
homens que estão na nave.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">OA - Tem outras características?</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino -</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> O
nariz e os olhos são iguais aos nossos, tem lábios médios e não vejo se há
dentes. Tem orelhas comuns. É uma moça muito bonita em relação às terráqueas.
Não usa nenhuma joia, sua roupa é fechada até o pescoço, não consegui saber se
tinha seios ou não. Ela não permite que eu veja ou toque.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">OA - O que vocês conversaram?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino -</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> Ela
me diz que talvez a semente cresça. Nós conversamos sobre a Terra, sobre a
maneira neurótica que as pessoas vivem. Ela diz que a vida aqui é cheia de
conflitos, guerras e fome, que ninguém se preocupa com os efeitos de tudo isso.
Diz também que ela como todos os outros da nave são amigos, que vieram numa
missão para nos julgar, ou algo parecido... Agora ela se retirou pela mesma
porta que entrou.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">OA - Fale mais sobre essa missão. Eles
vieram para nos julgar?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino -</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">
Eles teriam que observar nosso comportamento, ver a nossa ética e esse foi um
dos motivos pelo qual me raptaram. Eles dizem vir de um lugar muito longe,
entre as estrelas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">OA - Como você sai da nave?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino -</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">
Flutuando, levam-me até o lugar onde o meu irmão está deitado. A nave está a
uma distância de mais ou menos 800 metros da árvore, a cinco metros do solo.
Vou junto de meu irmão e não vejo mais os ocupantes da nave.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">OA - o que faz ao encontrar seu irmão?</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Jocelino -</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">
Tento ir para casa. Estamos muito desgastados, precisamos nos apoiar para
levantar. Eu me sinto muito mal. Lembro que no caminho para casa, vi três luzes
passando como um flash no céu.</span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">
</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span><b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> </span></b><b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">UFÓLOGO
DESTACA IMPORTÂNCIA DO CASO</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O professor de yoga e meditação,
Paulo Cesar de Oliveira, 55, pesquisa ufologia há 30 anos. Em 2001, lançou o
livro “Naves Cósmicas – portal de luzes”, que aborda o assunto. Para ele, o
caso que envolve Jocelino é um dos mais importantes da ufologia porque revela
um contato “de nível profundo”. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Avalie o “caso Jocelino”?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Utilizando
parâmetros da ufologia científica, na classificação criada pelo astrofísico
Josef Allen Hynek, seria um caso de “contato imediato de sétimo grau”, o mais
alto da escala, em que são criados seres híbridos entre homens e
extraterrestres, por métodos artificiais e “naturais”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Portanto,
é um dos mais importantes casos da ufologia mundial, pois além do contato ser
de nível profundo, teve implicações que alteraram a vida de algumas pessoas,
como o ufólogo Ademar José Gevaerd, que começou em Maringá, pesquisou esse caso
e se tornou mundialmente famoso. Hoje, é editor de uma das mais respeitadas
publicações sobre ufologia do mundo, a revista UFO. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Há algo especial sobre constantes
aparecimentos de Óvnis em Maringá?<o:p></o:p></span></b></div>
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> </span><br />
<div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;"> Poderíamos dizer que
sim, uma vez que já investigamos vários casos de contato e avistamentos de
óvnis na cidade. Alguns dizem que Maringá é rota de óvnis e abriga um portal
dimensional.</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;"> </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;">Seria uma passagem para a
quarta dimensão, cuja entrada ficaria em Maringá.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWVJa55nWif6mVw95WK_Jo7Q8i8eda37DnJ7K08rHKjCnMf6JdmurxXkOBpNyfSN6mdRNdcSY54SWtX2amPmHjviTzGXRFSKrCWdd1alJic5SoIeFXp3Wxi-gmNMeqUAspmQMHr1oNros/s1600/Ovnis+-+foto+1+principal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWVJa55nWif6mVw95WK_Jo7Q8i8eda37DnJ7K08rHKjCnMf6JdmurxXkOBpNyfSN6mdRNdcSY54SWtX2amPmHjviTzGXRFSKrCWdd1alJic5SoIeFXp3Wxi-gmNMeqUAspmQMHr1oNros/s640/Ovnis+-+foto+1+principal.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jocelino retorna próximo ao local onde teria sido abduzido, no Jardim Alvorada, e aponta para o céu, lembrando o caso</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeF-eJCxjQcRH4fBr35QfFg5X1Dt6Jkwn8LmwMnSyY0XEhPdTOyhsNY6o7w9X3SzJXQ9E4cY5sh3h0Z19iJrA1Ou3IC2BnN2aTX094f8l1EEGe8xz_Czbe6kDPGiwCp5-ooeQQdvz3PaQ/s1600/Ovnis+-+foto+3+principal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1100" data-original-width="1600" height="438" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeF-eJCxjQcRH4fBr35QfFg5X1Dt6Jkwn8LmwMnSyY0XEhPdTOyhsNY6o7w9X3SzJXQ9E4cY5sh3h0Z19iJrA1Ou3IC2BnN2aTX094f8l1EEGe8xz_Czbe6kDPGiwCp5-ooeQQdvz3PaQ/s640/Ovnis+-+foto+3+principal.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maria Mattos, mãe de Jocelino, na época, em O Diário, que com outros meios de comunicação deu ampla cobertura ao caso </td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixWaVX_qmY-Ci-8n6LtBtTsyPVslT8rP2Qa0PqRmB3D9n1_CgGzRyl-heLs8KUNz96hBtKMjkCDAzJfS3VN0thLcWoxOsa2ta-Kd2DC8cJXYPhnGEhPJh8T-rseiMtkokwvQAW22LG4lo/s1600/Ovnis+-+foto+4+-+boxe+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixWaVX_qmY-Ci-8n6LtBtTsyPVslT8rP2Qa0PqRmB3D9n1_CgGzRyl-heLs8KUNz96hBtKMjkCDAzJfS3VN0thLcWoxOsa2ta-Kd2DC8cJXYPhnGEhPJh8T-rseiMtkokwvQAW22LG4lo/s640/Ovnis+-+foto+4+-+boxe+3.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A casa de Jocelino virou uma espécie de laboratório, rotina que ele segue após o episódio, fabricando medicamentos naturais</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFgVqneJgjf0mdeNx7vl27cEkKYiMao5EMHzThmiMJ651ZlRqQcxCHMtE7uuVBomhbTDg-3QUaQ6YPzyugvWkJQiW_MZ5M7zCcdRocByIFcYkrbRwDfOc-fT61dN7BdFvJYYFn-q0UaqA/s1600/Paulo+-+uf%25C3%25B3logo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFgVqneJgjf0mdeNx7vl27cEkKYiMao5EMHzThmiMJ651ZlRqQcxCHMtE7uuVBomhbTDg-3QUaQ6YPzyugvWkJQiW_MZ5M7zCcdRocByIFcYkrbRwDfOc-fT61dN7BdFvJYYFn-q0UaqA/s640/Paulo+-+uf%25C3%25B3logo.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Para o ufólogo Paulo César de Oliveira, o "caso Jocelino" está entre os mais importantes da ufologia mundial</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-5495464876560153662020-04-15T19:45:00.001-07:002020-04-16T06:11:51.478-07:00Ditadura censurou informações sobre epidemia de meningite que apavorou o Brasil nos anos 70<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A desinformação ajudou a espalhar a
doença, assustando o Brasil, que, em 1974, não dispunha de atendimento
especializado para diagnosticar e tratar os casos nem de vacina para imunizar
ao menos os moradores de São Paulo, onde houve mais vítimas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">(Donizete Oliveira, texto e pesquisa)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Eu
tinha oito anos. O ano era 1974. Morava na roça, em Califórnia, norte do Paraná.
Numa localidade chamada Laranjal. Havia lavoura de café, feijão, arroz e milho.
O pasto era grande. Meu pai tinha algumas vacas de leite. Pelo menos duas vezes
por semana, eu levantava cedo e pegava uma caneca de alumínio com um pouco de
cachaça no fundo e corria até o curral. Com certa rapidez, meu pai puxava a
teta da vaca e a enchia de leite fresco. Misturado à cachaça dava um gosto
especial. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
casa, a única fonte de informação era um rádio Semp, valvulado, com quatro
faixas. À noite e pela manhã, meu irmão sintonizava as rádios de São Paulo. Por
ali, a gente sabia o que se passava no Brasil. Televisão apenas na cidade. Foi
num distrito Marilândia do Sul, chamado Leão do Norte, que eu assisti à Copa do
Mundo de 1970. Numa TV Colorado em preto e branco eu vi o Brasil ser tricampeão
mundial no México. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas
uma notícia no rádio e espalhada pelos vizinhos perturbou aquela vida tranquila
na roça. Começamos a ouvir uma palavra estranha, que logo ganhou lugar nos bate
papos em meio às fileiras de pés de café. Era a meningite. Uma doença que
provocava uma terrível dor de cabeça que levava à morte. Diziam que a dor de
tão forte chegava a trincar o osso do crânio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">As
crianças eram as maiores vítimas. Eu ficava apavorado. A mãe não deixava a
gente tomar sol nem sair de casa, à noite, com medo do sereno, que, dizia ela,
poderia desencadear aquela terrível doença. Em 1974, o Brasil viveu uma
epidemia de meningite. Ao pesquisar o assunto verifico que foram<span style="color: #4d4d4d;"> dois subtipos de meningite meningocócica. Um tipo C, em 1971,
e outro tipo A, em 1974. </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dor
de cabeça, febre alta, rigidez na nuca. Os dados não são precisos, mas em São Paulo, houve média de mil casos por mês e
mais de 500 mortes. Os Jogos Pan-americanos que seriam realizados na capital
paulista, em 1975, foram transferidos para a Cidade do México. O Instituto de
Infectologia Emílio Ribas era o único hospital em condições de atender os
pacientes infectados. Superlotado foi obrigado a fechar as portas. Muitos
ficaram sem atendimento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nas
periferias das grandes cidades muitos morreram sem diagnóstico e tratamento. No
Emílio Ribas, o cenário era assustador. Colchões espalhados pelos corredores,
crianças em pias de laboratórios, profissionais de saúde ajoelhados para atendê-las
no chão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
Brasil estava sob uma ditadura militar. O governo, sem meios de resolver a
situação e com justificativa de segurança nacional, censurou a divulgação de
quaisquer informações sobre a epidemia. Os meios de comunicação não podiam falar
do assunto. Sem informação, a maioria não sabia o que fazer frente à doença. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Uma vacinação em massa a fez retroceder. A
aplicação era feita com injetores de ar comprimido. Parecidos com uma pistola
injetava a vacina sob pressão, sem agulha. O governo comprou 60 milhões de dose
de vacina da França. Em quatro dias, com ajuda do Exército, foram vacinadas 11
milhões de pessoas. Os casos diminuíram, mas a doença persistiu até 1977. Não
desapareceu, mas, atualmente, é controlada com vacinação fornecida pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2muel6ZdYqqeOWqyzS7rvjAYK5IEmkpk9YTFtBFlfIJETHER5VERw37r8WHg-_1KtFozsaurZqJIZXVehbB1RWC2gWp9PHkEsEx03kwBCSAVF-dNgoP_1KK70g7DVf2FBpBM8kGb9jDM/s1600/Foto+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="427" data-original-width="640" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2muel6ZdYqqeOWqyzS7rvjAYK5IEmkpk9YTFtBFlfIJETHER5VERw37r8WHg-_1KtFozsaurZqJIZXVehbB1RWC2gWp9PHkEsEx03kwBCSAVF-dNgoP_1KK70g7DVf2FBpBM8kGb9jDM/s400/Foto+2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A vacinação com um aparelho de ar comprimido causava pavor nas crianças</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi91QVAa-Le1D7FKAidtcXyJBuQ4jhPDy_ChzW6XjJE3xwqhi-x6LENqDmLM7l_9DE5sh6_hUJOLCrqwMZmQDh-EuLhouluTIhVnVTKeyI5zrh2suXk06ANtm6VjCliq5y44Ci7v91VHyE/s1600/Foto+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="238" data-original-width="212" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi91QVAa-Le1D7FKAidtcXyJBuQ4jhPDy_ChzW6XjJE3xwqhi-x6LENqDmLM7l_9DE5sh6_hUJOLCrqwMZmQDh-EuLhouluTIhVnVTKeyI5zrh2suXk06ANtm6VjCliq5y44Ci7v91VHyE/s400/Foto+3.jpg" width="356" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa da revista Veja denunciava a censura que imperava sobre a doença</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSFFTIwWY2iKDuR_rVJsZ8weJHU0lUa7CwhyJ8yLMNsM-iAbG3lXSSPM14YXgKgniJIwSn90RCwbsRpsmWV63F7HNb3MIPDpalMtLbBw-3oXK-9YuDizwffPMpjsW6mbbkTPXBkhIDoJ4/s1600/Foto+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="549" data-original-width="976" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSFFTIwWY2iKDuR_rVJsZ8weJHU0lUa7CwhyJ8yLMNsM-iAbG3lXSSPM14YXgKgniJIwSn90RCwbsRpsmWV63F7HNb3MIPDpalMtLbBw-3oXK-9YuDizwffPMpjsW6mbbkTPXBkhIDoJ4/s400/Foto+1.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A ditadura militar proibiu a imprensa de divulgar informações sobre a epidemia </td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<br />Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-83440516314771253472020-04-03T10:52:00.002-07:002021-04-15T08:53:25.079-07:00Gripe espanhola - Desesperados, doentes procuravam atendimento nas delegacias de polícia <br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A falta de um sistema de saúde público
fez aumentarem os mortos, cujos corpos eram abandonados nas ruas do Rio de Janeiro em meio a ratos e urubus, formando um cenário devastador <o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;">(Donizete Oliveira, jornalista e
historiador)<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Minha
infância se passou na roça. Meu pai, José, era contador de
causos. Em dias chuvosos, eu sentava na taipa do fogão a lenha para
ouvi-lo. Ele nascera em 1915, infelizmente, morreu com apenas 64 anos de um
tumor no intestino. Seus causos, muitas vezes, retratavam episódios de sua
difícil infância, em pleno auge da chamada gripe espanhola, que, segundo
estudos, matou pelo menos 50 milhões de pessoas pelo mundo entre 1918 e 1919.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Mesmo
após seu pico, ainda provocava medo. Meu pai dizia que qualquer gripe levava as
pessoas ao desespero, imaginando ser a temida gripe espanhola que, no Brasil,
matou em torno de 35 mil pessoas. O Rio de Janeiro, que tinha 910 mil
habitantes, em 1918, foi a cidade que mais sofreu com a pandemia, registrando
15 mil mortes. Em apenas um dia houve 930 óbitos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
desaparelhamento do setor de saúde contribuiu para a catástrofe. Mas a censura imposta pelos militares
ajudou a agravar a situação, criando dificuldades para o esclarecimento público.
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Houve um caos na capital carioca. Corpos
espalhados pelas ruas em meio a ratos e urubus, e os moradores desesperados,
sem poder trabalhar, provocavam saques. Fechamento de cafés, teatros, escolas e
clubes sociais e o isolamento familiar atenuou a catástrofe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Remédio
não havia. Vacina nem pensar. A ciência não conhecia a ação dos vírus. De tudo
se anunciava para curá-la. Diziam que cachaça, limão, mel e alho faziam efeito.
Os ingredientes misturados eram servidos aos doentes. Há quem diga que,
retirando o alho, a mistura deu origem à caipirinha. Começava como uma gripe comum e, em
pouco tempo, evoluía para pneumonia grave. A pele do doente ganhava um tom
azulado, chamado cianose, por causa da falta de oxigênio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A
morte era certa e rápida. Sem sistema de saúde adequado, os doentes,
desesperados, procuravam ajuda nas delegacias de polícia. Uma das vítimas foi o presidente da República, Rodrigues Alves. Eleito para seu segundo mandato (1918-1922) morreu antes de assumir o cargo. O lado bom foi que as
autoridades começaram a pensar na importância de se estruturar a saúde pública.
Assim, nasceu o Departamento Nacional de Saúde Pública que, em 1930, no governo
Getúlio Vargas, se transformou no Ministério dos Negócios da Educação e Saúde
Pública. Que é embrião do atual Ministério da Saúde e do Sistema Único de Saúde
(SUS), criado na Constituição de 1988. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O carnaval de 1918 fora cancelado por causa da temida gripe, mas, em 1919, com o
arrefecimento da doença, ele voltou animado. “Não há tristeza que possa/
Suportar tanta alegria/ Quem não morreu da espanhola/ Quem dela pôde escapar/
Não dá mais tratos à bola/ Toca a rir, toca a brincar...”, dizia uma das
inúmeras marchinhas cantadas nos clubes e ruas do Rio de Janeiro. Carmen
Miranda emplacou o sucesso: “E o mundo não se acabou”, que dizia: “Anunciaram e
garantiram/ Que o mundo ia se acabar/Por causa disso/Minha gente lá de
casa/Começou a rezar”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A origem da gripe espanhola foi nos Estados
Unidos. Navios a levaram para Europa, onde acontecia a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). Soldados fracos e doentes nas trincheiras imundas facilitaram a
contaminação e transmissão do vírus. Ao Brasil, a doença chegou também por via
marítima. Fala-se no navio Demerara, que desembarcara passageiros no Recife,
Salvador e Rio de Janeiro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
nome “gripe espanhola” não significa que a doença tivera origem na Espanha. Assim
foi nominada porque a Espanha, neutra na guerra, foi o país que mais a
divulgou. Daí veio o termo “gripe espanhola”. Em 2005, cientistas realizaram o
sequenciamento genético do vírus responsável pela pandemia de 1918 e
constataram que se tratava da Influenza A (H1N1). Uma cepa deste mesmo vírus
voltou a se manifestar em 2009, quando provocou entre 150 e 575 mil mortes no
mundo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMpUePs2FX4cz2yiDNHMPZDLshCOaIGSDqDG_2HjrNQkLeDJ7AaJLy_Ia1Px5k1Mc1sLO1xYzXPhxiqCF_OZEBHYhr0PYzncjuhatbInP434zGlNWfqcih3KQ91Vq2DbZS48AQ4jDFXLc/s1600/Gripe+espanhola+-+foto+1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="387" data-original-width="680" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMpUePs2FX4cz2yiDNHMPZDLshCOaIGSDqDG_2HjrNQkLeDJ7AaJLy_Ia1Px5k1Mc1sLO1xYzXPhxiqCF_OZEBHYhr0PYzncjuhatbInP434zGlNWfqcih3KQ91Vq2DbZS48AQ4jDFXLc/s400/Gripe+espanhola+-+foto+1.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jornais da época retratam o caos vivido no Rio de Janeiro durante a pandemia</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQONGuQDxrvUV9qDJhSbd8gFNsDUmdxxwRGPBlW5cBi3GCaN-40_4PDlYCz2tvGJhIIXVAAGwq8FTOCgnrYgQDvIWa5D57LVYE5q8o4WLrUhT__oqgbVfF0u8CQaUEGXrEdwkibfDaiXQ/s1600/Gripe+espanhola+-+foto+2.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="794" data-original-width="793" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQONGuQDxrvUV9qDJhSbd8gFNsDUmdxxwRGPBlW5cBi3GCaN-40_4PDlYCz2tvGJhIIXVAAGwq8FTOCgnrYgQDvIWa5D57LVYE5q8o4WLrUhT__oqgbVfF0u8CQaUEGXrEdwkibfDaiXQ/s400/Gripe+espanhola+-+foto+2.jpg" width="398" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Panfletos distribuídos alertavam sobre a doença que matou milhares no Brasil</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRziFgEv1IItXpUrArHO8q4_I9eKukxx4ZRrssy6eHrpKfthMmbgCDDjqt5vdN6SanLk63B9t4oqN13_QnufutTeZJMe5wJC2r2jWitNdzfZSJE_l7kNGj9Egf7R1NkZpm5A8K1MXEtaw/s1600/Gripe+espanhola+-+foto+3.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="402" data-original-width="680" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRziFgEv1IItXpUrArHO8q4_I9eKukxx4ZRrssy6eHrpKfthMmbgCDDjqt5vdN6SanLk63B9t4oqN13_QnufutTeZJMe5wJC2r2jWitNdzfZSJE_l7kNGj9Egf7R1NkZpm5A8K1MXEtaw/s400/Gripe+espanhola+-+foto+3.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O precário sistema de saúde do Brasil não conseguia atender os doentes</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></div>
<br />Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-81523122706756027872020-03-26T06:39:00.001-07:002020-03-26T12:13:13.977-07:00PESTE NEGRA: ISOLAMENTO SALVOU VIDAS<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Cidades cercadas por muros tiveram menos
mortes na pandemia que matou entre 25 e 70 milhões na Europa no século 14,
cuja transmissão se dava pela pulga dos ratos, que se proliferavam na sujeira
urbana<o:p></o:p></span></b></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: x-small;">(Donizete Oliveira, jornalista e historiador)</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Quando
escrevo este texto o Brasil contabiliza 61 mortos e 2.567 infectados pela
pandemia do coronavírus. Vários países em quarentena. Mas não é a primeira vez.
</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"> </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Volvendo os olhos na história
verificamos que mundo enfrentou algumas pandemias.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
mais terrível foi a peste negra ou peste bubônica, de 1347 a 1350. Historiadores
divergem, mas calculam-se entre 25 e 70 milhões de mortes na Europa. Surgida
na Ásia em regiões da China e Índia, ela chegou ao continente europeu por
navios, cujos porões sujos acumulavam ratos infectados, agentes transmissores
da moléstia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
pulga dos roedores ao picar as pessoas transmitia um bacilo chamado “Yersinia
pestis”. Bubônica oriunda de bulbo, furúnculos, que cresciam nos gânglios e se
assemelhavam a laranjas. Negra porque a pele ficava manchada por causa da
hemorragia interna, que destruía os órgãos. Febre alta, diarreia e delírio
completavam o drama dos doentes, que logo morriam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No século 14, as cidades europeias eram imundas.
Ratos proliferavam a esmo. As casas, muitas em forma de sobrados, não tinham
banheiros. O lixo jogado pela janela acumulava nas ruas. As necessidades
fisiológicas eram feitas em recipientes e também jogadas janela abaixo. Azar de
quem passasse pela calçada no momento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A medicina da época não conseguia fazer um
diagnóstico preciso da doença. Muitos a consideravam um castigo divino. Deus se
vingara da humanidade enviando aquele mal. A Igreja Católica comandava as
decisões políticas. Não católicos eram tachados de hereges e culpados pela
pandemia. Judeus, principalmente. Os que não foram mortos sofreram perseguição
e discriminação. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um
grupo de supostos médicos tratava os doentes. Eles vestiam uma espécie de
macacão preto e uma máscara com formato de bico. Em seu interior havia ervas
aromáticas e perfumes, cujo aroma, eles acreditavam que impedia a transmissão
da moléstia. A tática não funcionava, pois muitos deles contraíram o mal e
morreram. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
que ajudou a amenizar a catástrofe da peste foi o isolamento. Muitas cidades
eram cercadas por muros. As autoridades isolavam os moradores, evitando que
visitantes de outras regiões ampliasse o contágio. Mas, ao mesmo tempo, a
quarentena ajudou a aumentar a discriminação contra pessoas de fora, que
passaram a serem vistas como portadoras do mal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Cadáveres
da peste se transformaram em arma de guerra. Corpos contaminados eram
arremessados no lugar da munição de canhões para atingir os inimigos. Tática
utilizada na Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França (1337-1453) ajudou a
disseminar a doença. Não bastasse a pandemia e a guerra, no século 14, uma
grande fome arrasou a Europa. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Só
em 1894, o bacteriologista francês Alexandre Yersin descobriu o bacilo da peste
bubônica (Yersinia pestis). Outro pesquisador francês Paul Louis Sismond
confirmou que as pulgas dos ratos transmitiam a bactéria para o homem e outros
animais. Com a chegada dos antibióticos, a doença foi debelada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Outra
pandemia que arrasou o mundo foi a chamada gripe espanhola, entre 1918 e 1920.
Estima-se que pelo menos 50 milhões de pessoas morreram. Entre elas o então
presidente da República do Brasil, Rodrigues Alves, que fora eleito para seu
segundo mandato (1918-1922). Assunto da próxima coluna.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh29R3HGlEHWBbjEf-OUL3j80c0hChYngCzs1pzYSXk-msy4pSOhSvhsORbxy47H_Hj0J23wqRyv7M3bshQI1Ac5Zt1YUOmY07Hevg6_UVGjEEXpMk9X9xdHHAqOYgsoAJV1UixSJ4aUjE/s1600/Foto+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="888" data-original-width="1580" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh29R3HGlEHWBbjEf-OUL3j80c0hChYngCzs1pzYSXk-msy4pSOhSvhsORbxy47H_Hj0J23wqRyv7M3bshQI1Ac5Zt1YUOmY07Hevg6_UVGjEEXpMk9X9xdHHAqOYgsoAJV1UixSJ4aUjE/s400/Foto+3.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Doentes agonizavam pelas ruas das cidades na pandemia que arrasou a Europa</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td class="tr-caption"><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiY0qzETQ0QmQa8_m5o2Nnw8pGiXkqtZpKA32puVH3XlN792ztgH0IKK6CLlFX2CZVL8BtwM_-tM-h6ehBCxqqPmNeqIrwccaIOkn-IvJIUDSM4i3CK0edXL5FwmAdBHqOXmFiySYHcRw/s1600/Foto+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1102" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiY0qzETQ0QmQa8_m5o2Nnw8pGiXkqtZpKA32puVH3XlN792ztgH0IKK6CLlFX2CZVL8BtwM_-tM-h6ehBCxqqPmNeqIrwccaIOkn-IvJIUDSM4i3CK0edXL5FwmAdBHqOXmFiySYHcRw/s400/Foto+2.jpg" width="290" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vestimenta tradicional de médicos que atuavam na peste negra</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td class="tr-caption"><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz73O-ENZvvzB6_wr6dPAruKcaT-0jbLkAauMcE5qS-wjamO2mYYxxRcIUebcLW_Fa6XLFU9nehqFTvhGptu4mVli2mgr4TXFJHVApXUBfbxetBuMHGXb9pPObrQkWoxwSt27lmDqVBt0/s1600/Foto+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1142" data-original-width="1600" height="285" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz73O-ENZvvzB6_wr6dPAruKcaT-0jbLkAauMcE5qS-wjamO2mYYxxRcIUebcLW_Fa6XLFU9nehqFTvhGptu4mVli2mgr4TXFJHVApXUBfbxetBuMHGXb9pPObrQkWoxwSt27lmDqVBt0/s400/Foto+1.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Quadro "Triunfo da morte", de Pieter Bruegel, retrata o caos na pandemia </td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></div>
<br />Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-90009675044732000242020-02-04T11:00:00.002-08:002021-06-01T00:11:30.439-07:00Dilúvio de lama arrasa família de Noé<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;">(Texto e fotos Donizete Oliveira)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Segunda-feira,
9 de dezembro de 2019, 11h10. Cheguei a Brumadinho. Cidade pacata, de 39.520
habitantes, a 62 quilômetros de Belo Horizonte. Na pequena rodoviária procurei um táxi. Um descia a rua ao lado. Acenei, e ele parou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Disse
que queria ir à comunidade Córrego do Feijão, onde viviam 415 pessoas, pelo
menos até a tragédia anunciada, que a assolou. Relatório de Impacto Ambiental
divulgado em 2017 e revelado pela mídia indica que a Vale omitiu risco de
rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, ocorrido em 25
de janeiro de 2019. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Thiago
Mendes da Silva, 34 anos, me conduziu num Pálio Weekend, ano 2014. Ele era
consultor de vendas e, há cerca de um ano, começou a trabalhar com o táxi.
Cobrou R$ 80 para me levar até a localidade do Feijão, a 15 quilômetros de Brumadinho.
Uma estrada pavimentada com rejeito de mineração, alguns buracos e quebra-molas
improvisados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Para
ele, fazer aquele caminho é rotina, mas após o rompimento da barragem, tudo
mudou. Silva diz não reconhecer a paisagem. Ele sente falta de casas que via da
estrada e do vai e vem de gente. “Uns iam, outros vinham, havia mais vida”,
diz. “Hoje, a gente só vê tratores e máquinas escavando terra, o que é muito
triste porque eu era amigo de vários dos que morreram soterrados na lama”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Uma
das principais ruas que corta o bairro do Feijão não existe mais. Sobraram
apenas montes de lama seca e rejeito de mineração. Homens com tratores da Vale
trabalham no local. “Aqui havia casas”, aponta Silva. “A lama levou tudo”. Com
uma velocidade de 106 quilômetros por hora a avalanche varreu o que tinha pelo
caminho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Andar
pelo bairro rural do Feijão é saudar a tristeza. Pessoas cabisbaixas,
desconfiadas, revelam uma espécie de ressaca interminável. Falar sobre a
tragédia é reviver, rememorar a dor. Eles já falaram muito. Quantas perguntas!
Nos dias em que sucederam o rompimento da barragem, aquela comunidade esteve no
centro do mundo. Repórteres chegavam e saiam com bloquinhos de anotação, microfones,
gravadores, câmeras, fotos, filmagens...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Meu
desafio era encontrar alguém que perdera parentes disposto a falar sobre o
assunto. Tentei um, em vão; outro se esquivou; mais um, que pediu para eu
procurar uma associação que cuida dos parentes de vítimas do rompimento da
barragem. Senti que seria complicado, mas não desisti. Até que me indicaram uma
casa ao fundo, onde mora Noé, que perdera o filho soterrado na lama. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Dois
cachorros me recepcionaram latindo. Um senhor magro, cabelos grisalhos veio ao
meu encontro. Apresentei-me e expliquei o que queria, ele concordou em falar.
Difícil era compreender sua fala enrolada. Devagar fui decifrando sua pronuncia
resultado das sequelas de um acidente vascular cerebral (AVC), que sofrera
recentemente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A
doença é uma das causas da tragédia que se abateu sobre Noé Henrique de
Oliveira, 61 anos. O dilúvio de lama que arrasou Brumadinho soterrou o filho
dele, Rodrigo Henrique de Oliveira, 30 anos. No momento em que a barragem
rompeu, ele estava no refeitório da Vale, e a lama cobriu tudo. Encontraram seu
corpo após 16 dias. Ele deixou a mulher, quatro filhos e uma tristeza sem fim
que arrasou a família. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Noé
diz que no dia que antecedeu ao rompimento da barragem, Rodrigo os visitou. Ele
foi à casa dos pais e conversou muito até por volta das 21 horas. “Parecia dizer
adeus”, conta. “Proseamos sobre vários assuntos, ele jantou, se despediu e foi
embora”. No outro dia, foram surpreendidos pelo aviso de que a barragem havia
rompido, e seu filho estava no refeitório. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Mas
o drama da família continuou. Cinco meses após o dilúvio de lama, Noé perdeu a
sogra, cuja doença se agravou com a morte do neto. Uma tia também doente não
suportou e morreu. “Homem de Deus, estou sem chão”, lastima, com os olhos
marejados. “Tem noite que me levanto e fico andando pela casa feito uma barata tonta,
numa angústia que não tem fim”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
que parece dar um pouco de alento à família é uma cachorrinha que criou cinco
filhotes. Eles andam pela casa e despertam a atenção de quem chega. Antes de o
repórter perguntar, Noé diz que recebeu pouca ajuda do que lhe prometeram. “Recebo
R$ 998 da Vale apenas”, reclama. “Nada paga o que a gente está passando, mas
tinha de ser mais, esse valor não dá pra nada”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Uma
cena que não lhe sai da cabeça é a remoção dos corpos retirados da lama. Os
helicópteros os levavam, e os bombeiros os envolviam num plástico e os
penduravam num cabo instalado num campo improvisado próximo da comunidade do
Córrego do Feijão, de onde eram levados para identificação. “Ver aquele monte
de cadáver pendurados lá me dava um troço ruim, não posso lembrar daquilo, mas
sempre martela na minha cabeça”, afirma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Despedi-me
de Noé e sua mulher, Maria das Dores Barbosa, 52 anos. Voltei a Brumadinho. Fui
fotografar o Rio Paraopeba, que corta a cidade. A lama o tingiu de vermelho.
Nas margens, há manchas pretas, cor da lama que correu logo após o rompimento
da barragem. Parei na ponte. Chuviscava. Do outro lado vinha uma mulher apressada
com uma sombrinha. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Esbarrei-me
nela e, ao me desculpar, disse que fazia uma reportagem sobre a tragédia de
Brumadinho, que até 28 de dezembro de 2019 deixara 259 mortos e 11
desaparecidos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Não tenho palavras pra
descrever o que aconteceu, destruiu nossas vidas, nosso rio e nossa cidade”,
respondeu. Era Fátima Sodré, 56 anos, prima de Rodrigo, filho do Noé, que eu
entrevistara no bairro do Feijão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Segundo
ela, que é cuidadora de idosos, Brumadinho não se recupera em menos de duas
gerações. Diz que além do primo perdeu amigos, o que lhe dá uma agonia
constante. “Que a barragem ia romper se sabia, o problema é que ninguém se
importou e deu no que deu”, diz. Quanto ao rio, ela acrescenta que não tem
esperança. “Olhe aí, acabou tudo, morreu tudo aí dentro, não tem o que fazer para
nosso Paraopeba voltar a ser o que era”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Assim
segue a dolorosa saga da família de Noé e certamente dos demais que perderam
parentes, em Brumadinho. Diferente do herói bíblico, ele não se livrou do
dilúvio. A avalanche de lama levou o que ele tinha de mais precioso: o filho e arrasou
sua família. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDuIxDvuyt2jLrfhVF7tTlP84kd2OirYdRvConYHxXFFmsAXRLgbhSgKte7INr3EulG9q-EQqdgd7YEoYdNqRAy5g5wI6vr3L6L0DKh8rC-qjJmbKOYGgN4k2U3ou7_ba3FZ00pobDbOA/s1600/Brumadinho+-+foto+1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDuIxDvuyt2jLrfhVF7tTlP84kd2OirYdRvConYHxXFFmsAXRLgbhSgKte7INr3EulG9q-EQqdgd7YEoYdNqRAy5g5wI6vr3L6L0DKh8rC-qjJmbKOYGgN4k2U3ou7_ba3FZ00pobDbOA/s400/Brumadinho+-+foto+1.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Noé clama pela morte do filho, Rodrigo, que foi soterrado pela lama</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrv2my45lgXeSCaupfoc2S6a9yUi6AgQab4WvCqBdd0Vb_cEmjEflBDlXt4QNXatI-w04lnnJR3lbTRZmnhXhx4Ua0TBRoGd_9Qab85SxGYmy6UnqdGv3N5AuVd2yG_GcS8rKynP2iO84/s1600/Brumadinho+-+foto+3.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrv2my45lgXeSCaupfoc2S6a9yUi6AgQab4WvCqBdd0Vb_cEmjEflBDlXt4QNXatI-w04lnnJR3lbTRZmnhXhx4Ua0TBRoGd_9Qab85SxGYmy6UnqdGv3N5AuVd2yG_GcS8rKynP2iO84/s400/Brumadinho+-+foto+3.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Debaixo da lama, em Brumadinho, ainda há corpos soterrados</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwgAjEFsjwcErmZ4vDu-mLHdiSo0CKRVBVhtNYurRqraxDSYgEK3TIO5Jd6WggbNQNYutvprRHX9FOGNeJK0TfYNumwRdF9t8DS8fxKI8yU29X2rW3JBEHVcH3uAlynRKGfH2o_GmIajY/s1600/DSCF5787.JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwgAjEFsjwcErmZ4vDu-mLHdiSo0CKRVBVhtNYurRqraxDSYgEK3TIO5Jd6WggbNQNYutvprRHX9FOGNeJK0TfYNumwRdF9t8DS8fxKI8yU29X2rW3JBEHVcH3uAlynRKGfH2o_GmIajY/s400/DSCF5787.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Moradores dizem que o rio Paraopeba nunca mais será o mesmo após a tragédia</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><b> VALE DIZ ATUAR PARA REPARAR DANOS</b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
Vale, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma continuar trabalhando para
reparar integralmente os danos causados pelo rompimento da Barragem Córrego do
Feijão, com iniciativas para reestabelecer social e ambientalmente os
munícipios impactados, priorizando o diálogo próximo com as comunidades e o
poder público.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
empresa diz seguir apoiando as ações do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil
na busca pelos 11 desaparecidos. Até o momento, 259 corpos foram identificados.
Em relação às indenizações individuais e trabalhistas, a empresa já celebrou
mais de 4.000 acordos, indenizando integralmente as pessoas. Nestas ações, já
foram despendidos recursos de cerca de R$ 2 bilhões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Essas
pessoas têm à disposição o Programa de Assistência Integral aos Atingidos, que
dá suporte às famílias para que possam planejar seu futuro. O projeto oferece
planejamento e educação financeira; apoio para compra de imóveis; assistência
técnica rural, ao microempreendedor e às atividades de complemento de renda;
além de acompanhamento social. Até o momento, 650 pessoas já aderiram
ao programa voluntariamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A Vale
celebrou a prorrogação do auxílio emergencial, por 10 meses. A empresa entende
que a prorrogação do acordo reforça seu compromisso com a reparação dos danos
causados pelo rompimento da barragem, de forma célere e abrangente com
iniciativas para reestabelecer social e ambientalmente os munícipios
impactados, priorizando o diálogo próximo com as comunidades e o poder público.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
acordo foi homologado pela 6ª Vara da Fazenda Pública, e contou com a
participação do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Ministério
Público Federal, Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais, Advocacia Geral
da União, Advocacia Geral do Estado de Minas Gerais, Defensoria Pública Federal
e Estado de Minas Gerais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
empresa apresenta também à comunidade do Córrego do Feijão um projeto de
requalificação urbana chamado território-parque, um conceito que inclui ações
de melhoria da infraestrutura (reforma, pavimentação e urbanização de ruas,
casas e estruturas), reativação econômica e desenvolvimento do turismo local,
além de cuidado com a memória das vítimas do rompimento da barragem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">O Ministério Público, de Minas Gerais, denunciou por crime doloso, funcionários da Vale. Ninguém está preso. </span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-26426865012822437742020-01-24T06:12:00.003-08:002020-01-30T06:22:38.720-08:00UM PÉ DE CACAU EM MARINGÁ<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><b>(Texto e foto Donizete Oliveira)<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Eu
passava sempre por ali. Um pé de fruta diferente se destacava. À primeira
vista, não reconheci. Minha memória visual ajudou. Lembrei-me dos frutos quase
redondos, bicudos. Naqueles livros didáticos do antigo segundo grau eu sempre
os via. É cacau, recordei!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Muita gente para em frente à grade e arrisca palpites. Quase sempre o confunde com
caju. Mas aí alguém se lembra do chocolate que remete ao cacau. Uma pesquisa no
Google diz que a safra de cacau vai de setembro a fevereiro, e a civilização
maia o considerava um alimento que deuses davam aos homens. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Após
muita insistência consegui falar com o proprietário do terreno de 600 metros
quadrados, com duas casas, na Avenida Juscelino Kubitschek, em Maringá. Fiquei
na espreita. De repente, chegou Melchiades Ribeiro dos Santos, um maringaense
nascido em 10 de dezembro de 1956. Seu pai, Tertuliano, é de Jequié, e sua mãe,
Matilde, de Mutuípe, ambos os municípios da Bahia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Pedreiro, duas filhas, viúvo,
ele conta que plantou o pé de cacau em 1983. Trouxe a muda de Jequié. De lá
para cá foram muitas safras. O pé ficava no fundo de casa e foi transferido
para frente, mas sempre produzindo vistosos frutos, que começam no tronco e se
espalham pelos galhos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Santos diz que a curiosidade sobre o
cacaueiro é constante. No momento da entrevista, chegou um rapaz de bicicleta
em busca de um fruto. A mulher dele passara pelo local e quis experimentá-lo.
“Ela insistiu tanto que eu vim aqui algumas vezes até encontrar o proprietário
para pedir um fruto”, afirmou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas o pé de cacau pode mudar de
endereço. Santos pretende vender o terreno com as casas. Vai depender do novo
proprietário. “Mas vou cultivar mudas e levar pra outro lugar, não quero perder
a planta que, aqui no Sul, chama atenção de muita gente”, afirma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXk4Kkc9jM0tWetN7DDH4Sbhw4pCYpIYRFV5zpeHbcmowQZNeCDWmyfmNE50sp8MubST8nHsEM2b9HrhTn3dc2VbTx8V-mBjJ9AcwnMsUtTQENXA1ngUCAy2JiJ3GSWfclK-EmuQzRl9Q/s1600/Cacau+-+foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXk4Kkc9jM0tWetN7DDH4Sbhw4pCYpIYRFV5zpeHbcmowQZNeCDWmyfmNE50sp8MubST8nHsEM2b9HrhTn3dc2VbTx8V-mBjJ9AcwnMsUtTQENXA1ngUCAy2JiJ3GSWfclK-EmuQzRl9Q/s400/Cacau+-+foto.jpg" width="400" /></a></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 15.3333px;">O pedreiro Melchiades e o pé de cacau que plantou em 1983, em terreno na Avenida JK<o:p></o:p></span></b></div>
<div>
<b><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 15.3333px;"><br /></span></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<br />Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-7192510309503558712019-05-06T07:20:00.002-07:002020-02-13T09:59:51.904-08:00 O distrito que é um oásis de tranquilidade<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Antigos moradores permanecem no Barreiro, distrito de Apucarana, que outrora concentrou movimentadas olarias, das quais originou o nome, que
lembra o barro pegajoso e vermelho<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um
domingo. Dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida para os católicos. Fazia
22 anos que eu não ia para aquelas bandas. Saindo de Maringá, Mandaguari,
rodovia PR-444, Caixa de São Pedro, distrito de Apucarana, Fazenda Valéria e
chega-se a outro distrito de Apucarana, o Barreiro, onde acontecia uma
movimentada festa para a criançada, iniciativa da comunidade local. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quando estive lá fotografei um senhor de
chapéu branco, que jogava truco. Indaguei sobre ele, e me informaram que se
tratava do seu Carlos, um antigo morador da localidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
Barreiro, quando eu era menino e morava em Apucarana, o frequentava para jogar
bola no campo que ainda existe por lá. Me lembro do famoso advogado, o doutor
Cylleneo Pessoa Pereira, narrador de futebol da Rádio Guairacá de Mandaguari.
De vez em quando, ele e o saudoso radialista Airton Costa, numa carroceria de
caminhão, narravam jogos do Barreiro contra visitantes, que jogavam no
distrito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Lembro
também do Miguelzinho, exímio jogador do Barreiro, que tinha um potente chute.
Terror dos goleiros. Mas voltando ao seu Carlos. Encontrei-o novamente. Carlos
Ianisk nasceu em 5 de julho de 1928, em Canoinhas (SC) e chegou a Apucarana em
1951. A família foi morar no Barreiro, e ele trabalhar numa granja de frangos e
galinhas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Carlos
é viúvo, tem seis filhos e perdeu a conta de seus netos e bisnetos. Aposentado,
diz que foi poucas vezes ao médico e toma apenas um comprimido para controlar a pressão. Fuma um cigarrinho de palha mesclado com um de
filtro, toma umas cervejinhas de lata, chimarrão. “Não sinto nada, viu, rapaz”,
comemora. Dos velhos tempos do Barreiro, ele se lembra da abundância de peixe
que havia nos rios. “Bagre, lambari, cascudo, a gente pescava demais”, conta. No
local, havia três olarias, daí o nome do distrito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Antônio
João da Silva, um sul-mato-grossense nascido em 10 de maio de 1943. De uma
família de 13 irmãos, ele morou em Santa Catarina e carrega o apelido de
Catarina. É uma espécie de coordenador da Igreja Católica local (a capela do
Barreiro), em cujo interior há um painel com fotos e outros objetos que revelam
as várias fases do distrito desde a década de 50. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No
começo, a vida não era fácil. Catarina e a família se alimentavam de peixe,
derivados de milho, almeirão branco que nascia a esmo no meio da roça e até
macaco. “A gente tinha de se virar porque não havia fartura de comida como
hoje”, recorda. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Se
alguém ficasse doente recorria aos chás de plantas medicinais e às benzedeiras.
“Mesmo na cidade, não havia médicos, havia farmacêuticos, mas nem sempre era
possível chegar lá por causa das precárias estradas e falta de condução”, diz. O
bom eram as festas que existiam no distrito reunindo milhares de pessoas, com
churrasco, bebidas e guloseimas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas
logo as coisas evoluíram. Hoje, pelo menos 70 famílias moram no Barreiro. Os
que não dispõem de propriedades rurais trabalham na cidade ou são aposentados.
“Evidente que as coisas melhoraram, mas a modernidade trouxe outros problemas”,
afirma Catarina. “Por exemplo, os furtos em residências e o consumo de droga”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mesmo assim, o Barreiro é um oásis de
tranquilidade. Não é difícil ver morador sentado na porta de casa proseando com
o vizinho. Galinhas, patos, porcos, cachorros e gatos pelas ruelas de terra.
Nas lagoas artificiais, garças, saracuras e marrecos selvagens. Voltarei. Não
daqui a 22 anos, mas logo, para tomar umas com o seu Carlos lá no Barzinho, à
beira da estrada. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><b>A SEGUIR: </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><b>Antigo bar do Barreiro, na beira da estrada, que corta o distrito</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><b>Seu Carlos, uma espécie de patrimônio da comunidade</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><b>Comunidade reunida faz a festa para as crianças, no Dia das Crianças, em 2018</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><b>Cristo no interior da Igreja do Barreiro</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><b>Catarina e seu inseparável Fusca, no Barreiro</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLpIidN7SiPcbWP0GvZ0dQ1w8Ku8lNckwDM2uODqVjWPcLT39e0d8185tzFR_-0c8s2wbmSN2MRuVJSuXNGhFdFM9TsRI9XVaCO0UEHI3eSXApzRBeyP7HId-WKmquf41J6uQ-5Xscjtw/s1600/DSCF1821.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLpIidN7SiPcbWP0GvZ0dQ1w8Ku8lNckwDM2uODqVjWPcLT39e0d8185tzFR_-0c8s2wbmSN2MRuVJSuXNGhFdFM9TsRI9XVaCO0UEHI3eSXApzRBeyP7HId-WKmquf41J6uQ-5Xscjtw/s320/DSCF1821.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW6QpVYJiyYsIQ-4pkqFClwwRK1srK_x5S_sXY5ztuvZgazH4HFBAA_ZWdogxgqaIxHt0Q2Ggsva8A-V2ZoCIml46t8TZPLSpFojEpEnD4mKA-OoX7r9U3KAVtgj8I0I1gf75cTxvfXuE/s1600/DSCF1839.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW6QpVYJiyYsIQ-4pkqFClwwRK1srK_x5S_sXY5ztuvZgazH4HFBAA_ZWdogxgqaIxHt0Q2Ggsva8A-V2ZoCIml46t8TZPLSpFojEpEnD4mKA-OoX7r9U3KAVtgj8I0I1gf75cTxvfXuE/s320/DSCF1839.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4KC9soPZUOzQS5qUW62booFhEUWo0oKtPajpYUqP3qs-97hWcKwem8yUT4hVfOHb5R5WQ50vmOoleCTTbHgzh6n022IWQ6VzMJCoFkX7uchNlR3GmWE-Q8711RnA43BeUlywpavpAFZY/s1600/DSCF1888.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4KC9soPZUOzQS5qUW62booFhEUWo0oKtPajpYUqP3qs-97hWcKwem8yUT4hVfOHb5R5WQ50vmOoleCTTbHgzh6n022IWQ6VzMJCoFkX7uchNlR3GmWE-Q8711RnA43BeUlywpavpAFZY/s320/DSCF1888.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKaUyUNZKc6uRK4qS6hJUkjzZ8rXkvUY3BDxQCPFi1I1rAI67XxX9pLXsGOmomMqckPTBaxRlKD2nPWsKClRxnI4Sp-6hnOUZb2iZISo93xOetBp7gyjib9VxB8EPmS6wBmn48Bk36Dio/s1600/DSCF1877.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKaUyUNZKc6uRK4qS6hJUkjzZ8rXkvUY3BDxQCPFi1I1rAI67XxX9pLXsGOmomMqckPTBaxRlKD2nPWsKClRxnI4Sp-6hnOUZb2iZISo93xOetBp7gyjib9VxB8EPmS6wBmn48Bk36Dio/s320/DSCF1877.JPG" width="240" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRgmrTl7CBkhddTeZ9cez0e0M_s_GTjAVK-dGwjNHTQ_adnd9g3Ef2IPrqHt-p9H8bObY-P7THtVqVhvJIBJcDVM8UX6gt_Ixcm1TBWDlpAZg-XgzoJXmvHmJCYiZ4GQJY4NvdZIxksRM/s1600/DSCF1894.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRgmrTl7CBkhddTeZ9cez0e0M_s_GTjAVK-dGwjNHTQ_adnd9g3Ef2IPrqHt-p9H8bObY-P7THtVqVhvJIBJcDVM8UX6gt_Ixcm1TBWDlpAZg-XgzoJXmvHmJCYiZ4GQJY4NvdZIxksRM/s320/DSCF1894.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<br />Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-1514456938389522532018-02-12T14:24:00.002-08:002021-02-13T17:13:12.976-08:00ANTIGOS CARNAVAIS <br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0px;">
<b style="text-indent: 36pt;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"> Tanto riso,</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Oh! quanta alegria, <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Mais de mil palhaços no salão <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Arlequim está chorando <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Pelo amor da Colombina <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">No meio da multidão <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">(“Máscara
negra”, Zé Kéti e Hildebrando Matos – 1967)<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Era uma das marchinhas mais ouvidas e dançadas em clubes, ruas e
avenidas de Maringá, </span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal; text-indent: 36pt;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Sarandi, </span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal; text-indent: 36pt;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Marialva, Mandaguari, Jandaia do Sul, Apucarana, Nova
Esperança e Astorga</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Texto: Airton Donizete<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 36pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Fotos: Arquivo pessoal<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Não
é saudosismo, mas o carnaval não é mais o mesmo. Até por que não existem mais
marchinhas como “Máscara Negra”, do saudoso Zé Kétti. Entre tantas outras,
claro. É preciso recorrer ao passado para mostrar que houve bons carnavais em
Maringá e região. Em Maringá, até o fim dos anos 80, a folia tinha Rei
Momo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">A escolha de quem ocuparia o trono de Rei Momo, em Maringá, não era
fácil. Elói Victor de Mello, então presidente da Comissão Organizadora do Carnaval
no começo dos anos 80, convocou a diretoria para uma reunião, que definiu: o Rei Momo seria o assessor político e escritor Osvaldo Fernandes Reis. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Com
aval do secretário Otávio Salvadori e do presidente Léo de Paula e Silva, ambos
do Clube Olímpico, Mello comunicou a decisão a Reis, que ficou de responder no
dia seguinte. Ele foi chamado para uma reunião na Prefeitura. Ao chegar lá, a
Imprensa o aguardava para uma coletiva. “Não tive chance de decidir nada”,
afirmou ele numa entrevista a este Blog, pouco dias antes de morrer em 2017. “A escolha já estava feita”. <o:p></o:p></span><br />
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Antes dele havia o popular Tião Carabina, que marcou época no reinado de momo em Maringá. Luiz Carlos Pavesi completa a lista daqueles que recebiam a chave da cidade. Não se pode esquecer de Maria das Dores, a Donzinha, que, nos anos 50, brilhou como rainha do Carnaval. </span><br />
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">As escolas de samba também marcaram época em Maringá. Imperadores do Samba, Asa Negra, Unidos da Vila Operária e Caprichosos de
São José desfilavam nas avenidas centrais da cidade. Milhares de pessoas
assistiam aos desfiles. Um corpo de jurados avaliava determinados quesitos das
escolas e apontava as campeãs. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Reis reinou<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Definido
pelos jornais como simpático e acessível, Reis foi Rei Momo entre 1981 e 1986.
Com 140 quilos, ele tornou-se uma figura de prestígio em Maringá. Durante o
Carnaval, reinava no Olímpico, mas transitava pelo Maringá Clube, Country,
Acema, Teuto-Brasileiro e Bailão Popular do Atlântico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Em
todos os clubes, Reis era recebido com euforia e respeito. “Me achava realmente
um rei”, recordou ele na entrevista a este Blog. “Havia mesa preparada pra mim e
muita gente aguardando para fotos e cumprimentos”. Apesar de pertencer ao Clube
Olímpico, ele reinava para a cidade, inclusive de posse das chaves que recebera
do então prefeito João Paulino Vieira Filho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Natural
de Bom Sucesso (Vale do Ivaí), Reis chegou a Maringá em 1953. Assessorou vários políticos, autodidata e
autor de dez livros. Após passar por uma cirurgia de redução de estômago parou
de engordar. Os problemas de saúde, no entanto, se agravaram com o tempo, e ele morreu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ele dizia ter boas recordações do
carnaval maringaense. “Era um tempo bom, que elevava o nome da cidade para todo
o Paraná e até pelo Brasil”, afirmou. “Infelizmente, tudo acabou”. Para ele, a
culpa era da televisão, que levou a folia para dentro de casa. “A gente ia ao
carnaval para festejar, mas as pessoas curtem tudo na telinha, sem sair da
poltrona”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">A escola de Sarandi<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">No
início dos anos 80, um grupo de estudantes do Colégio Estadual Olavo Bilac, de
Sarandi, se reunia para bater papo. Entre uma conversa e outra, cantarolavam letras
de sambas. Bolsas eram improvisadas como pandeiros. Até que Maurílio Barbosa sugeriu que fundassem um bloco de carnaval.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Os
amigos toparam e escolheram o nome do bloco: “Saranda-auê”. O número de
participantes cresceu, e em 1986 transformou-se em escola de samba. Nascia a “Saranda-auê”,
presidida por Maurílio Barbosa. Faltavam instrumentos. Eles procuraram o então
prefeito de Sarandi, Hélio Gremes, que lhes cedeu espaço para instalação de uma
barraca nas festas de aniversários da cidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Com
o dinheiro arrecadado compraram parte dos instrumentos. Mais tarde o então
deputado Antônio Bárbara e o prefeito da época, Júlio Bifon, doaram à escola os
instrumentos que faltavam. Assim, a “Saranda-auê” transformou-se numa das
maiores escolas de samba da região. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">A
escola realizou memoráveis desfiles em Sarandi. Segundo Barbosa, em <st1:metricconverter productid="1989, a" w:st="on">1989, a</st1:metricconverter> “Saranda-auê” foi
campeã do carnaval de rua de Maringá, mas a comissão organizadora não teria reconhecido o resultado. Em <st1:metricconverter productid="1992, a" w:st="on">1992, a</st1:metricconverter>
“Saranda-auê” voltou a desfilar em Maringá e sagrou-se campeã novamente. Desta
vez, o título foi validado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Jandaia, a referência<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Não
se pode falar do carnaval na região sem citar Jandaia do Sul. Unidos da Vila
Rica, Unidos da Vila Santo Antônio e Afujan, patrocinada pela empresa Jamel, se
encarregavam do desfile de rua na cidade. Milhares de pessoas iam à Avenida
Getúlio Vargas para ver as escolas. A Unidos da Barra Funda de Apucarana e
integrantes do Clube Recreativo de Mandaguari participavam dos desfiles, nos anos 80 e 90. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">A
coordenação era do carnavalesco Celso Germano de Oliveira, o Pelé, que morreu
em 2013. As escolas acabaram, mas ele continuou a promover bailes carnavalescos todos os anos no Salão da Ampac em Jandaia do Sul. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Para
ele, o carnaval de rua sucumbira-se pela falta de dinheiro e gente para
organizar a festa. “Naquela época, eu era autônomo e tinha tempo de correr
atrás de tudo”, disse à<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Revista Tradição</i>,
em 2011. “Hoje (na época), sou empregado e não tenho a mesma disponibilidade”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Pelé
acrescentara que a falta de dinheiro era o maior entrave. “Não se põe uma
escola com 400 componentes na avenida, como era a Unidos da Vila Santo Antônio,
com menos de R$ 200 mil (em 2011)”, calculara. “Como não se tem de onde tirar
esse dinheiro, não tem desfile”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Desfile ousado em Apucarana<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Em
Apucarana, havia quatro escolas de samba: Unidos da Barra Funda, Salário
Mínimo, Águias do Alvorecer e Garotos do Paraíso. Durante o carnaval, pelo
menos duas vezes, saíam na avenida principal da cidade e atraíam milhares de
pessoas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">A
Unidos da Barra Funda, fundada em 1967, foi campeã do carnaval de rua de
Apucarana por três anos seguidos: 1985, 1986 e 1987. Presidida pelo saudoso
Paulo Henrique Venâncio, o Bavária, encantava a multidão com criativos sambas
enredos e fantasias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">A
alta inflação dos anos 80 serviu de inspiração. “Vou sonhar/vou sonhar bem
alto/ esquecendo nossa rica inflação", dizia o samba enredo da Salário Mínimo em
1988. Fundada em 1979, por muitos anos foi comandada pelo advogado Dirceu Borges
Filho, o Dirceuzinho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Fundada
em 1986, no ano seguinte, a Águias do Alvorecer ousou ao desfilar, na avenida, com duas mulheres de seios nus. O top-less causou
frisson, mas ajudou a divulgar a escola. </span><span style="text-indent: 36pt;">Etelvino
Francisco, o Chico Preto, comandava a Garotos do Paraíso, que fez sucesso em
1987, com o carro alegórico Princesa Isabel. Ele sempre viajava ao Rio de Janeiro
em busca de sambistas para reforçar temporariamente o elenco da escola.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">A folia nos clubes<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Se
em Jandaia e Apucarana, o carnaval brilhava na rua, em Mandaguari, era nos
clubes. Nos anos <st1:metricconverter productid="50, a" w:st="on">50, a</st1:metricconverter>
folia era no Clube do Aeroporto. Nos anos 60, os foliões se reuniam no Salão do
Boliche, ao lado da Igreja Nossa Senhora Aparecida. </span><span style="text-indent: 36pt;">Nos
anos seguintes, os blocos fizeram sucesso no Clube Recreativo. Eles se reuniam
na Avenida Amazonas, de onde partiam para o clube ao som de tradicionais
marchinhas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">O
mesmo ocorria no Clube dos 30 <st1:personname productid="em Marialva. A" w:st="on">em
Marialva. A</st1:personname> reunião de blocos atraía muita gente. Não era
diferente no Clube Campestre de Nova Esperança, onde havia a tradicional
“Bandinha do Clube”. Formada por antigos integrantes, todo carnaval eles se
reuniam para a famosa batucada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Blocos animados em Astorga<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Outro
carnaval que deixou marca na região era o do Astorga Tênis Clube (ATC). Nos anos 60 foi um dos mais badalados. A coordenação era da professora
Florinda Gonçalves Lourenço. Dezenas de blocos animavam as noites de folia.
Durante o ano, eles se cotizavam e compravam as roupas para confeccionar as
fantasias. </span><span style="text-indent: 36pt;">Dona
Florinda, como era conhecida, perdera a conta dos prêmios que ganhou nos
carnavais. Quase todo ano, o bloco liderado por ela, conquistava o primeiro
lugar. Ao lado do marido, Antonio Lourenço e dos filhos, ela não dava pausa nos
quatro dias de folia com duas matinês.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Segundo
Florinda, que concedeu entrevista à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revista
Tradição</i>, em 2009, as drogas e a violência fizeram o carnaval perder a
graça. “No meu tempo, o lança-perfume era tolerado porque não era usado como droga”,
disse. “Bebida alcoólica também tinha, mas os que exageravam iam curtir
o álcool lá fora do clube”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Florinda
contou que os foliões punham a imaginação para funcionar. Uma das fantasias que
ajudou a criar e fez sucesso foi inspirada nas cores do cigarro Minister. “De
tanta badalação que deu até um canal de TV veio filmar nosso baile”, ressaltou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><b><br /></b></span>
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><b>FOTOS </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , sans-serif"><b>Os memoráveis desfiles de carnaval de Jandaia do Sul</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , sans-serif"><b>Saudoso Osvaldo Reis, Rei Momo em Maringá</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="font-size: 12pt;"><b>Dona Florinda e o marido, Antônio, num dos
muitos carnavais de Astorga</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , sans-serif"><b>Mulheres com seios à mostra no desfile, em Apucarana </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD_fAZxhuSA3NXx0Gq0v43RAOeuVyvmqwCOpnwxE-7FntS3GkulNItspXBM7lFAA_WFpcqdtVXxns4-lpGrm1fb2FTJvyaeqC9Q1MS6nmjjIrlPCVFcFvICC6rRtnE1JqnhnJbDUz52gQ/s1600/Carnaval%252C+foto+3.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="864" data-original-width="1216" height="283" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD_fAZxhuSA3NXx0Gq0v43RAOeuVyvmqwCOpnwxE-7FntS3GkulNItspXBM7lFAA_WFpcqdtVXxns4-lpGrm1fb2FTJvyaeqC9Q1MS6nmjjIrlPCVFcFvICC6rRtnE1JqnhnJbDUz52gQ/s400/Carnaval%252C+foto+3.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYv2YGDMd5Ko1ryYiL9vv4xpuxePKHTkGbfS4bVbdcOAub_um3VsbTSnfDoDwxrerILWVSa8UUOIrz4Q5V_jtkZTA35xL-3ewZWLC2Xp653XSNxnNVeKHmIBkIKE40bVvY4BSskHjz4Fk/s1600/Carnaval%252C+foto+4.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1282" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYv2YGDMd5Ko1ryYiL9vv4xpuxePKHTkGbfS4bVbdcOAub_um3VsbTSnfDoDwxrerILWVSa8UUOIrz4Q5V_jtkZTA35xL-3ewZWLC2Xp653XSNxnNVeKHmIBkIKE40bVvY4BSskHjz4Fk/s400/Carnaval%252C+foto+4.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUN5oQVO9mYBGFHQ2lfiBjP70Kkrnv6z4ynExOeFvWjNlro3rKwfatVWHuTJfkov2Npq01vN1KrLT8mEkeGDM09PfS69bj7z-6e19qvNCQaic0beceLH7osb3P1Q8V-f7umuSvYMuhFwI/s1600/Carnaval%252C+foto+5.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1204" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUN5oQVO9mYBGFHQ2lfiBjP70Kkrnv6z4ynExOeFvWjNlro3rKwfatVWHuTJfkov2Npq01vN1KrLT8mEkeGDM09PfS69bj7z-6e19qvNCQaic0beceLH7osb3P1Q8V-f7umuSvYMuhFwI/s400/Carnaval%252C+foto+5.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS-l0iM2_-ToMOB8JUfzuJpXXWzXH7-3RHvwuZj2k5BekcbmjyncOzl9tJmoyRUFgYQrlPBGYDz5Im141W8anGSDusajpj7e7TuJnorR2BOrq7DphRlmtuTKC-zl_kfggavq6qUPx5vsU/s1600/Carnaval+-+foto+2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="308" data-original-width="239" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS-l0iM2_-ToMOB8JUfzuJpXXWzXH7-3RHvwuZj2k5BekcbmjyncOzl9tJmoyRUFgYQrlPBGYDz5Im141W8anGSDusajpj7e7TuJnorR2BOrq7DphRlmtuTKC-zl_kfggavq6qUPx5vsU/s320/Carnaval+-+foto+2.jpg" width="248" /></a></div>
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<br />Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-46864302429448990042017-12-17T17:07:00.000-08:002017-12-17T17:07:53.226-08:00ASSIM NASCEU O PAGODE DE VIOLA EM MARINGÁ<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Nos anos 1950, Tião Carreiro
vinha com frequência a Maringá, de onde saía com seu parceiro, Pardinho, para
se apresentar nos circos da região, e numa dessas paradas no antigo Hotel
Paulistano, com ajuda de Zorinho, atual maestro Itapuã, ele criou uma batida
diferente na viola, consagrando um novo jeito de tocar o instrumento. É o que
mostra o documentário “A mão direita do Itapuã – um caminho possível para
conhecer o ritmo do pagode”, realizado pelo músico e pesquisador paulista Saulo
Alves</span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue;"><b><span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">(Texto: Airton Donizete - </span></b><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;">Fotos: Divulgação e Domingos
Bernardino)</span></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: blue;"><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Houve
um tempo em que Maringá respirava música sertaneja. Não, não é exagero. Não era
como hoje em que músicas ditas sertanejas se propagam por várias mídias. Na
década de 1950, os que dispunham de rádio ouviam programas sertanejos e, por
aqui, havia os circos e o auditório da Rádio Cultura, na esquina das Avenidas
Herval e 15 de Novembro, com apresentações e encenações sertanejas. A televisão
engatinhava; o lazer se resumia aos circos, às apresentações de duplas
sertanejas e ao cinema.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Diante de tanta batida de viola e
cantoria naquela boca de sertão, a jovem Maringá começou a atrair muitas duplas
sertanejas de São Paulo. Apresentar-se por aqui era certeza de casa cheia e
cachê garantido. O Hotel Paulistano, que ficava ao lado da Praça Raposo
Tavares, tornou-se o destino da maioria delas. Com o passar do tempo, ganharam
intimidade com o gerente do hotel, Antônio Martim Filho. Conhecido por Lenço
Verde, ele se tornou empresário artístico das duplas na região, acertando shows
e apresentações em circos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> O músico e pesquisador musical Saulo Sandro Alves
Dias, 45, de São Paulo, se interessou por um detalhe dessa história. Graduado e
mestre em música, Doutor em Educação e pós-doutor em música pela Unicamp, ele soube
que Tião Carreiro criou o pagode de viola em Maringá. Frequentador assíduo da
Cidade Canção, o parceiro de Pardinho permanecia meses no Hotel Paulistano, de
onde partia para apresentações na região. Nas horas de folga, Lenço Verde ia
com ele, de jipe, levar roupa do hotel para lavar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-
O Tião era um sujeito muito simples que, inclusive, me ajudava em pequenas
tarefas no hotel – dizia Lenço Verde. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
pesquisa de Saulo rendeu um documentário que acaba de ser lançado em São Paulo.
“A mão direita do Itapuã – um caminho possível para conhecer o ritmo do pagode”
revela como o pagode de viola foi criado em Maringá. O filme de 22 minutos
exibe dois personagens que perfazem a história: o animador e apresentador sertanejo
Orlando João Zenaro Manin, 78, o Coronel do Rancho, e Ozório Ferrarezi, 78, o
Zorinho, que por muitos anos formou a dupla Zezinho e Zorinho, e hoje é o
maestro Itapuã, professor de música em Santa Carmem (MT).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Coronel
do Rancho, na gerência da Rádio Cultura, acompanhava os ensaios de Tião
Carreiro numa salinha nos fundos da emissora. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-
Tião era um sujeito inquieto. Pegava a viola, mexia e remexia nas cordas, até
que um dia notei uma batida diferente, e ele me contou que aquele estilo se
chamava pagode -. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
batida diferente vinha dos ensaios entre Tião e Itapuã, no Hotel Paulistano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um
dia Tião lhe disse que tentava criar um novo ritmo na viola, mas os violonistas
não se acertavam no acompanhamento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-
Então pedi a ele que tocasse a novidade pra mim. Ouvi por um instante o repique
da viola e não pensei duas vezes em complementar com o violão aquele ritmo
parecido com rumba espanhola e aí foi um casamento perfeito, dando origem ao
pagode de viola -, conta Itapuã.</span><span style="font-family: "Verdana","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Itapuã
afirma no documentário que visitara Tião no hospital em São Paulo pouco antes
de ele morrer, em 1993. O violeiro nunca disse publicamente que o maestro o
ajudara a criar o pagode, mas lhe teria feito uma revelação durante a visita no
hospital. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Ele
me disse: ‘quero que todos saibam que este moço foi meu parceiro na criação do
pagode de viola’ e nunca reivindicou seus direitos -. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Itapuã
se emociona com a revelação do então parceiro, dizendo não fazer questão do
reconhecimento público. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-
O que importa é minha amizade com o Tião, que foi muito bonita e possibilitou
essa parceria - afirma. Em 1956, viria o primeiro disco em 78 rotações de Tião
Carreiro e Pardinho, com as músicas: “Boiadeiro Punho de Aço” e “Cavaleiros do
Bom Jesus”. Ali, já podiam ser notados os primeiros acordes do pagode que
ganharam perfeição em 1960 com “Pagode em Brasília”, clássico de Teddy Vieira e
Lourival dos Santos. <b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Saulo diz que não pretendia incluir
o norte e noroeste do Paraná nas pesquisas que realiza sobre música, mas ao
saber da parceria entre Tião e Itapuã na criação do pagode seus planos mudaram.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-
<span style="letter-spacing: -0.2pt;">Este fato, que julgo ser
bastante importante para a compreensão da história da música sertaneja, ocorreu
em Maringá - diz o pesquisador, acrescentando que a música sertaneja tornou-se
muito presente em toda esta região, acompanhando o ciclo econômico do café e os
empreendimentos da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.2pt; line-height: 150%;"> - A Rádio Cultura de Maringá, por
exemplo, tocava o cancioneiro caipira para atender ao grande número de
migrantes que ocupou a região, que já eram ouvintes da música de viola -. </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Ele pretende continuar pesquisando a
música sertaneja no norte e noroeste do Paraná. <span style="letter-spacing: -0.2pt;">Para Saulo, as modas campeiras “Paraná do Norte” e “Filão
de Ouro”, ambas do compositor Diogo Mulero, o Palmeira, dão ideia acerca da
visão de mundo que permeia o cancioneiro de matriz cultural caipira.</span></span>
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
- <span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Diogo
Mulero e Luizinho (Palmeira e Luizinho) foram <span style="letter-spacing: -0.2pt;">pioneiros entre as incontáveis duplas que ‘faziam o norte
do Paraná’ - uma expressão típica entre as duplas que se hospedavam no Hotel
Paulistano, que ficava ali na Rua Joubert de Carvalho, do lado da Praça Raposo
Tavares -, arremata o pesquisador. Mário de Almeida, parceiro na realização do
documentário, muito contribuiu para a qualidade final do trabalho. </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwwN_3GVMAdhbfHO1tcQAtwcZcv-Bx0hGeAaoT_wQigVgNFA7RC-TxFhwicIZKEgTyTXlk4g2DUmpgFxTjO2zq-f6Omh7DQvbo54bdLJpruumOo7xoZ0d2Th1OsbI-1YW_LmXFmScyBJg/s1600/Pagode+-+foto+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwwN_3GVMAdhbfHO1tcQAtwcZcv-Bx0hGeAaoT_wQigVgNFA7RC-TxFhwicIZKEgTyTXlk4g2DUmpgFxTjO2zq-f6Omh7DQvbo54bdLJpruumOo7xoZ0d2Th1OsbI-1YW_LmXFmScyBJg/s400/Pagode+-+foto+2.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O pesquisador Saulo Alves lança documentário sobre criação do pagode de viola, em Maringá<br /><br /><br /></td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMpZg7lWHTG4G41HgmPY3pcOqd1HHOQaqCXqa_3MAZxwpg63NJ7TWGJkLoeZWUfNyTCE4JN863-7o7PyIkZUXK4ErMXTBvv1w4oUkLxXfpa9IIW6c22CC-nXzSB8IFh8BTHL9ELffJEEA/s1600/Pagode+-+foto+4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMpZg7lWHTG4G41HgmPY3pcOqd1HHOQaqCXqa_3MAZxwpg63NJ7TWGJkLoeZWUfNyTCE4JN863-7o7PyIkZUXK4ErMXTBvv1w4oUkLxXfpa9IIW6c22CC-nXzSB8IFh8BTHL9ELffJEEA/s400/Pagode+-+foto+4.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Zorinho, atual maestro Itapuã, entre a dupla Milionário e Zé Rico, foi parceiro de Tião Carreiro </td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL0KVS2xS32nlNX_o69g6yuqL_m-eHC-WuKTdTI3zfJ4gFd1OFy4r_RVdAD_oPa6jAYP0a3ZdywEj3hlHeHM9yDa7xsdsecXCzyraTrCYZ8yH1KaHHasRValQfAeQzaxzhzIhZ7Qi4z_M/s1600/38150004.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1062" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL0KVS2xS32nlNX_o69g6yuqL_m-eHC-WuKTdTI3zfJ4gFd1OFy4r_RVdAD_oPa6jAYP0a3ZdywEj3hlHeHM9yDa7xsdsecXCzyraTrCYZ8yH1KaHHasRValQfAeQzaxzhzIhZ7Qi4z_M/s400/38150004.JPG" width="265" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O animador sertanejo Orlando Manin, o Coronel do Rancho, diz que testemunhou a criação do pagode de viola em Maringá, por Tião Carreiro, na década de 1950, quando o violeiro, com seu parceiro Pardinho, vinha à cidade com frequência </td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"></span></span></b><br /><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"></span></span></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf3dCi4fDjHSnbRjGwK8UxaQDk1pIuuQN9jJ38SUlpvv6H72VjS9h69pkMqjKyd5Uwq7X0xXOMTfpYJEwQibzAveok99VgW6nxT0j1rOc9hRGfwLofmHkTe7S3u5FSRME-8RChlpyh4GU/s1600/Pagode+-+foto+5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="900" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf3dCi4fDjHSnbRjGwK8UxaQDk1pIuuQN9jJ38SUlpvv6H72VjS9h69pkMqjKyd5Uwq7X0xXOMTfpYJEwQibzAveok99VgW6nxT0j1rOc9hRGfwLofmHkTe7S3u5FSRME-8RChlpyh4GU/s320/Pagode+-+foto+5.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tião Carreiro, que, segundo o documentário de Saulo, criou o pagode de viola em Maringá</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br /><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></b></div>
Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-19210783475237527182017-07-03T12:47:00.002-07:002017-07-03T13:03:45.738-07:00O DIA EM QUE A CIDADE VIROU SERTÃO<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><span style="color: red;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><span style="color: red;">Tinoco, mito da música
caipira, foi homenageado em Maringá, em 2009, com show cuja renda foi revertida para
tratamento de saúde de sua mulher, Nadir, que estava com câncer</span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><span style="color: red;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><span style="color: red;">(Texto e foto: Airton Donizete)</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><span style="color: red;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje1QeBQxMYNRV_BuQPuNOVPW2Olm89ZKr43-z693cYjattZ68hqTdhk11EbS4NEqQ04pXkRbipoegpnMTfnvmqbxK5TSYfFiz3XWqpnMLyBaSGs7bT_oYbySHRCC7qnDhskPN7OQxt_hM/s1600/fto+tinoco+1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1062" data-original-width="1600" height="424" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje1QeBQxMYNRV_BuQPuNOVPW2Olm89ZKr43-z693cYjattZ68hqTdhk11EbS4NEqQ04pXkRbipoegpnMTfnvmqbxK5TSYfFiz3XWqpnMLyBaSGs7bT_oYbySHRCC7qnDhskPN7OQxt_hM/s640/fto+tinoco+1.JPG" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tinoco posa para foto na Cerealista Pantaneira, de Maringá; ele esteve na cidade para show no Clube Olímpico, em 2009, cuja renda foi destinada para tratamento de saúde da mulher dele, Nadir, que viria a morrer logo depois, vítima de câncer<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">O telefone toca. Era o Aníbal,
compadre do Tinoco, convidando o Fregadolli (da <i>Revista Tradição</i>) para almoçar na Cerealista Pantaneira. No
cardápio, frango caipira e polenta. Mas a atração principal era o próprio
Tinoco que se preparava para o show em sua homenagem no Clube Olímpico, de
Maringá. A renda do evento foi revertida para custear tratamento de saúde de
sua mulher, Nadir, que estava com câncer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;"> Eu fui junto, pois era a oportunidade de
entrevistar Tinoco, um dos últimos representantes da música caipira. De camisa
vermelha, calça branca e óculos escuros, nos aguardava. Ele autografava alguns
DVDs que seriam vendidos no show, mas logo me convidou para ir a uma salinha ao
lado, pois tem dificuldade para ouvir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Pena que o tempo era curto. Tinoco
tinha de almoçar e cumprir alguns compromissos antes do show. Um personagem
como ele é uma espécie de poço cujo fundo ainda não foi atingido. Sempre é
possível cavar mais um pouco. E lá fui eu com minha cavadeira, ou melhor, meu
gravador. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">José Perez, o Tinoco, nasceu em 19 de
novembro de 1920 em Platânia (SP) e João Salvador Perez, o Tonico, em 2 de
março de 1917 <st1:personname productid="em São Manuel" w:st="on">em São Manuel</st1:personname>,
no mesmo Estado. Começaram a cantar como Irmãos Perez, mas logo foram batizados
pelo Capitão Furtado, apresentador do programa “Arraiá da Curva Torta”, na
Rádio Tupi. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Não demorou muito, e o palhaço
Saracura lançou o bordão: ‘Dupla Coração do Brasil’. O apresentador Dárcio
Campos passou a chamá-los de ‘Os expoentes máximos da música sertaneja’. Daí em
diante, a história é longa e só mesmo Tinoco para nos contar um pouco dela, bem
ao seu estilo com aquela linguagem caipira que não se ouve mais. Afinal, pelo
menos por um dia, a cidade virou sertão. Veja trechos do dedo de prosa, a
seguir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Fale
um pouco da carreira de Tonico e Tinoco?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">TINOCO</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"> – Nossa carreira começou quando me
conheci por gente. Naquele tempo, não tinha foinha. Minha mãe era índia. Eu
cantava fininho e o Tinoco mais grosso. A gente fazia versinho assim: “O tatu
casou com a onça, a onça ranhou o tatu”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Nós morava na roça, no sertão de São
Manoel. Apredemo compor, tocar, sem ouvir ninguém. Então, sempre falo: quem deu
a mão pra nóis foi Deus. Abraçamo o dom que Deus nos deu. Foram 72 anos de
carreira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Platânia fica a <st1:metricconverter productid="15 quilômetros" w:st="on">15 quilômetros</st1:metricconverter> de
São Manuel. Eu andando lá com o prefeito vi uma casinha de madeira onde nóis
moramo 80 anos atrás. Aí, o prefeito desmontou ela e levou pra Platânia e fez
uma casa curturar. Lá, está todo nosso acervo. Nas paredes, tem o sinal da
fumaça da lamparina. O mesmo fugão de lenha onde minha mãe cozinhava. A taipa
onde nóis esquentava fogo. Naquele tempo, não tinha cuberta pra aquecer. Tudo
isso aconteceu na década de 40 no começo da nossa carreira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">A carreira de vocês
deslanchou quando o Capitão Furtado batizou-os? <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">A gente já cantava antes, mas ali
começou tudo. Ele deu nome e levou nóis pra gravar. Foi o primeiro passo. Foi
na Rádio Difusora, que depois passou a chamar Tupi. Era do grupo das Emissoras
Associadas comandadas por Assis Chateaubriand. Ele disse que a gente precisava
de um nome bem caboclo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">E deu certo. Tamos aí até hoje. Digo
tamos porque depois que o Tonico morreu, vai fazer 14 anos no próximo dia 13 de
agosto, eu me senti obrigado a manter a estrada de Tonico de Tinoco. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">E Deus me ajudou. Gravei três CDs
cantando a voz do Tonico fazendo a segunda e a primeira. Tive uns parceiros,
mas não deu certo. Agora, eu faço dupla: Tinoco e Deus. O amor do povo é uma
beleza. Você vê a juventude, 80% no meu show. E nossas músicas, não têm uma que
inventamos. É tudo história de vida. Por isso que elas entram no coração e não
sai mais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">
<b> <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Tonico e Tinoco vieram
muitas vezes ao Norte do Paraná?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Nossa... Nóis ajudamo a desbravar isso
aqui. Quando nóis vinha aqui tavam derrubando mato. Olha, tudo é coisa por
Deus. Os pais e o filho mais velho vinha comprar terra nesse trecho de Londrina
a Mandaguari. Vinha com dinheiro pra pagar a terra. E já contratava camarada
pra derrubar mato. Tudo isso a gente acompanhava. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">E Maringá?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Vim pra cá quando não tinha estrada.
Só jipe pra chegar. Muita gente acabava de chegar de carroça. Se a família era
grande, vinha três, quatro carroças. Uma trazendo mantimento. Tinha mais dois
cavalos amarrado atrás; quando um cansava, ponhava o outro. Eu e o Tonico não
tinha onde comer. Então, eu chegava lá onde as carroças tavam na horinha do
almoço. Eles convidava pra almoçar, e eu levava um caldeirão pra trazer, era
pra comer no outro dia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Eu com o Tonico levava uma caneca só
pra beber água. Em qualquer riozinho de beira de estrada você baixava e bebia.
Não tinha poluição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Você disse que as
músicas de vocês contam histórias reais, por que hoje não se faz mais músicas
assim?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Não... hoje é tudo descartavi... Tem
cantor que repete uma linha 10, 20 vezes. Outro só quer chacoalhar a bunda pra
dançar. Mais, nóis, Tonico e Tinoco sempre desviamo disso. Não é só agora, não.
Lá atrás também. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Certa vez, a gravadora
quis que vocês usassem uma roupagem moderna e vocês não aceitaram?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">É... houve isso. Foi quando o Roberto
Carlos e a Jovem Guarda estourou. Por que essa roupa lumiante aqui? Quis saber.
A gravadora (Continental) falou: “Vou mudar vocês”. Eu falei:”Mudar como?”.
Vocês vão sair num carro sem capota pra mostrar o novo visuar. Falei, não.
Para, para... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Depois disso, esperei dois anos pra
gravar. Até passar aquela onda. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Quantos discos Tonico e
Tinoco gravaram?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Não dá nem pra contar. Quando fizemo
50 anos de carreira era 80 LP e quase 300<b>
</b>de 78 rotações. Aqueles que têm uma música de cada lado. Temos bastante
também daqueles disquinhos que saiu na década de 70, aqueles que tinha que pôr
um peso em cima da agulha pra conseguir tocar. Músicas? Contando tudo que
gravamos e fizemos passa de 1500. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">Batidas
na porta. É o compadre (do Tinoco) Aníbal que vem chamar Tinoco para almoçar,
pois um canal de TV espera-o para gravar. Tenho de encerrar a entrevista. À
noite, centenas de fãs aplaudiram-no no Clube Olímpico. Acompanhado de Juliano
César, Márcia Mara, Zé Paulo, Gilberto e Gilmar, Léo e Giba e Teodoro e
Sampaio, Tinoco cantou alguns de seus principais sucessos. Segundo a coluna
DIA-A-DIA, do saudoso jornalista Edson Lima, o evento arrecadou R$ 49.585,00.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: small;">
<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-size: small;"><br /></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-67756124869936617292017-06-12T17:53:00.001-07:002017-06-12T17:59:32.404-07:00VIDAS ERRANTES<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Moradores de rua de São
Paulo e Maringá revelam histórias angustiantes e contam como enfrentam o desafio
de dormir ao relento e andar sem destino pelas cidades</span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">(Texto e fotos Airton
Donizete)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMdQq2bDzHjZTy3GpcvUYSsTITTyPAnD-wrnJ1oADh3KEmklN6gPjd1C1ggI1rXgZCyNogOOh8yboUl0i9E_gcYt_6KOx87t0Xyc43MQHIYDHhUmTtfQKbwTEO8gGkvp2xpqPpFFD7IaU/s1600/P%25C3%25A9+-+foto+7.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMdQq2bDzHjZTy3GpcvUYSsTITTyPAnD-wrnJ1oADh3KEmklN6gPjd1C1ggI1rXgZCyNogOOh8yboUl0i9E_gcYt_6KOx87t0Xyc43MQHIYDHhUmTtfQKbwTEO8gGkvp2xpqPpFFD7IaU/s400/P%25C3%25A9+-+foto+7.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Morador de rua em São Paulo, que tem pelo menos 15 mil na mesma situação<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
A produção de “refugo humano” ou, mais exatamente, de seres humanos refugados, os
que não puderam ou não quiseram ser reconhecidos, os que não obtiveram
permissão para ficar, é um produto inevitável da nossa sociedade. É
consequência inseparável da modernização, efeito colateral da construção da
ordem e do progresso econômico - diz trecho na contracapa do livro “Vidas
desperdiçadas”, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Caminhando
pela Avenida São João, centro de São Paulo, uma cena me faz refletir sobre as
palavras que lera no livro de Bauman. Passa da meia-noite. Um pombo solitário
belisca resquícios de comida em volta do cobertor encardido de um andarilho que
dorme na calçada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Ué,
mas o pombo não dorme? Indaguei-me. Pelo jeito, não. Até as aves se adaptam à
rotina de São Paulo. À noite, talvez, evite a concorrência na disputa por restos
de comida na calçada. Durante o dia, teria de disputá-lo com outros pombos que ali
vivem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.4pt;">A
cena do pombo lembra os moradores de rua da capital paulista, cuja existência é
um desafio constante. Alguns puxam carrinhos com papéis que juntam para vender;
outros dormem debaixo de marquises ou em algum canto onde possam se acomodar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Eles
pedem esmolas nos semáforos ou sentados na calçada. A Praça da Sé é uma espécie
de reduto deles. Ali, uns falam sozinhos ou fazem gestos como se estivessem
discutindo com alguém. De repente, se revoltam e esmurram o invisível com socos
no ar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Há
os que preferem o silêncio e a desconfiança. Talvez escaldados pelas agruras
das ruas, evitam conversas. Mas há os sempre prontos a falar, desabafar. Eu, o
professor Almir e o irmão dele, Júlio, caminhamos pelo Pátio do Colégio
(centro). Naquele local, os padres jesuítas levantaram a primeira construção de
São Paulo. Muitos moradores de rua ali. Alguns vivem até em barracas
improvisadas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaD3Knhwd_FVxbMSO93ZJtHi6_uykGL5G6tWKooiHN4T6qELWWzhw3exDQEOUiRMVX_zcD1h1Pft_Ibp02YFoycin21i1O9iuLvtd9LAJDJ1_crbLV9iqOjp2nouFGZ1j5oiL1_dqd0Ho/s1600/Moradores+de+rua+-+foto+6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaD3Knhwd_FVxbMSO93ZJtHi6_uykGL5G6tWKooiHN4T6qELWWzhw3exDQEOUiRMVX_zcD1h1Pft_Ibp02YFoycin21i1O9iuLvtd9LAJDJ1_crbLV9iqOjp2nouFGZ1j5oiL1_dqd0Ho/s400/Moradores+de+rua+-+foto+6.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.4pt;">Vejo
um sujeito de cabelos pintados de vermelho. Simpático, ele topa falar. De
Vitória (ES) veio para São Paulo tentar carreira de cantor. O sucesso não lhe
sorriu. Douglas Silva, 32 </span><b style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.4pt;">(foto acima)</b><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.4pt;">, lançou um CD, mas a gravação “não virou”. Sem emprego
e dinheiro, restou-lhe a rua.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
Mas não sou vagabundo - defende-se. - Durmo embaixo de um abrigo na calçada,
dividindo espaço com outros moradores de rua. Vez ou outra chega alguém me
dizendo: “cantor não liga, não, vou cheirar um pó aqui”. Eu fico na minha. Não
uso drogas -. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">De
volta à Praça da Sé. Um homem puxa um carrinho de catar papel com uma cachorra
amarrada ao lado. Renildo Conceição, 66, vive na rua. A cachorra Vanessa o
acompanha há três anos. Gorda e pelo liso, ele diz que a cadela é tratada com
carne e ração, que ganha no comércio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
Quando peguei ela era bebê. Virou minha companheira. Dorme do meu lado e, se
necessário, me defende – diz ele, enquanto Vanessa late sem parar com cachorros
que passam perto do carrinho.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6TIAHCbmuU0i8OlLApJZeHTfdsg086e8uADkiec6YNjZbSiqLdu_yQN5ScPmio32yj4o2tZrBcrdem8p6-BzB-AvFUSBJ5Y-SL52WgqIu-WNN4_F2tMdI1sBNMhC1YHO8ppoQLRMLBw4/s1600/Moradores+de+rua+-+foto+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6TIAHCbmuU0i8OlLApJZeHTfdsg086e8uADkiec6YNjZbSiqLdu_yQN5ScPmio32yj4o2tZrBcrdem8p6-BzB-AvFUSBJ5Y-SL52WgqIu-WNN4_F2tMdI1sBNMhC1YHO8ppoQLRMLBw4/s400/Moradores+de+rua+-+foto+2.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Voltei
à região da Praça da República. Na Rua 24 de Maio, encontrei o Ângelo Tadeu <b>(foto acima)</b>, um
paulista de 50 anos nascido na capital. Princesa, Neguinha e Laika estão
amarradas ao seu carrinho de carregar papel. Elas latem com quem se aproxima.
Ele diz gostar de animais, e as cadelas são companheiras fiéis nas andanças
pela cidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Solteiro,
diz morar na rua há 35 anos. Ele conta que desavenças com a família o levaram a
sair de casa. – Não dá certo, não. Eles lá (os parentes) e eu aqui – afirma.
Trabalhou por muitos anos em um depósito de construção, mas perdeu o emprego e
não conseguiu voltar ao mercado de trabalho. Sem dinheiro e casa foi morar na
rua. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
Uma vida sofrida – reclama. - Eu fui assaltado umas dez vezes. No Inverno, a
situação se agrava, o que ajuda, graças a Deus, é o coração bom das pessoas,
que doam cobertores e roupa de frio pra gente -, diz, ressaltando que não falta
comida para as cadelas, que estão castradas e gordas. – O povo dá ração, osso e
até carne -. A venda de papel lhe rende cerca de R$ 15,00 por dia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
É pouco, mas dá pra se virar – declara ele, afirmando não consumir bebida
alcoólica nem drogas. – Evito porque essas coisas fazem mal. Eu bebia cachaça,
mas fiquei doente um tempo, tive de tomar remédio e então parei de vez -. <o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCVPxVbSiP3g-ATR_JQtxP03ipdnxMN8D5j-oDTLiCvFi929Lfa0ub2ZwbuJERv6UhlaVGxo7MsRcCGMKRXjq0oZTnHU6BqKdfX7wYXhv1mJntHrw-qBGbGwrg6Zf6pd9yLP5XDtf7aBk/s1600/Moradores+de+rua+-+foto+8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCVPxVbSiP3g-ATR_JQtxP03ipdnxMN8D5j-oDTLiCvFi929Lfa0ub2ZwbuJERv6UhlaVGxo7MsRcCGMKRXjq0oZTnHU6BqKdfX7wYXhv1mJntHrw-qBGbGwrg6Zf6pd9yLP5XDtf7aBk/s400/Moradores+de+rua+-+foto+8.jpg" width="300" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Maringá
também tem moradores de rua. Um deles é Paulo Luís do Prado, conhecido por Zé
Mochila <b>(foto acima)</b>. Estava eu o radialista Rogério Rico numa padaria, na Avenida Herval,
ele se aproximou. Rico que o entrevistara em seus programas de rádio, o
apresentou a mim. Nascido em Floriano, distrito de Maringá, ele não sabe
precisar quanto tempo vive nas ruas, mas deixou a família com 17 anos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Com
56 anos, Prado diz que uma igreja evangélica lhe causou uma decepção e o fez
desanimar da vida. Por algum tempo ficou internado num hospital psiquiátrico.
Com dois irmãos em Sarandi e um em Cascavel, ele diz viver de pequenos bicos e do
Bolsa Família, auxílio do governo federal que lhe rende R$ 85,00 por mês. Diz
não consumir bebida alcoólica e cigarro, o que lhe permite economizar e guardar
uns trocados na poupança. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
mãe dele ficou viúva três vezes. O primeiro marido, pai dele, se matou nas
margens do córrego Taquaruçu, em Floresta, onde sua família morava. Ele carregou
uma espingarda cartucheira, amarrando um barbante no gatilho e no dedo do pé.
Encostou o cano no ouvido e disparou a arma, morrendo no local. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
Eu tinha um ano e só lembro que nossa casa ficou cheia de gente para o velório
e eu engatinhando debaixo do caixão do meu pai – conta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Prado
permanece em Maringá, mas de vez em quando viaja pelo Brasil. Conhece Rio
Grande do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro e até a Argentina. A rua lhe é
familiar, mas também lhe traz dissabores. Assaltaram-no quatro vezes. A
experiência o levou a tomar cuidado ao escolher um local para dormir. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Ele
evita permanecer ao relento, desprotegido. Se não conseguir pernoitar em
albergues ou outros lugares de acolhimento, procura marquises de postos de
combustível e borracharias. Diz que nesses locais se sente mais seguro, pois
está próximo de gente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Solteiro,
ele quer se casar. Diz que até os 60 anos encontrará a mulher “da sua vida”.
Antes, quer fazer uma cirurgia para extrair uma hérnia na virilha que lhe
incomoda e uma verruga no rosto. Outro sonho é ser pastor evangélico, apesar da
decepção religiosa que sofreu e sobre a qual prefere não comentar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
Eu tenho o dom do Espírito Santo. Agora sinto um calor no corpo. É o Espírito
Santo se manifestando – afirma ele no momento da entrevista. Leitor da Bíblia e
de gibis, Prado diz também gostar de música. Amado Batista e Roberto Carlos são
seus cantores prediletos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Um
hábito dele é falar de gastronomia. Durante esta entrevista, ele citou algumas
receitas. Por exemplo: bater leite com ovo e trigo misturado ao polvilho de
mandioca resulta num delicioso bolo. Para ele, preparar tempero é fácil. Basta
misturar alho, shoyu, vinagre, sal e pimenta do reino ou cebola. Se o interlocutor
tiver paciência de ouvir é uma dica gastronômica atrás da outra.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><b><span style="color: red;">"REINSERÇÃO SOCIAL É A SAÍDA", DIZ PROFESSORA</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><b><span style="color: red;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><b><span style="color: red;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;"><b>A
professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de
Maringá (UEM), Ana Lúcia Rodrigues, 55 <i>(foto abaixo)</i>, e coordenadora do Programa de Mestrado
em Políticas Públicas, da mesma instituição, e do Observatório das Metrópoles,
Núcleo da UEM, diz que os moradores de rua de Maringá estão desprotegidos e a
melhor maneira de amenizar o problema é a reinserção social. Entrevista a
seguir.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxnE6BP4phIe-dNL0Y_MIiC0U5ore0GkK6_NCjikM7FQyRTTDMtz_couiuT0MU3zw99ssQL_FnpiLjzXVZfCJfaQma3hzQ3ZaI-KbtPPM_LeQxsthX6ZGhAm2B8NvVskaUCeK9bZB9QOo/s1600/Moradores+de+rua+-+foto+boxe+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="640" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxnE6BP4phIe-dNL0Y_MIiC0U5ore0GkK6_NCjikM7FQyRTTDMtz_couiuT0MU3zw99ssQL_FnpiLjzXVZfCJfaQma3hzQ3ZaI-KbtPPM_LeQxsthX6ZGhAm2B8NvVskaUCeK9bZB9QOo/s400/Moradores+de+rua+-+foto+boxe+1.jpg" width="266" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Como
está a situação dos moradores de rua em Maringá?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Desprotegidos
e desassistidos pela assistência social, considerando que há uma política
nacional para a população em situação de rua, aprovada pelo decreto número
7053/2009 do Ministério de Desenvolvimento Social. Pela qual, diversos projetos
e recursos são disponibilizados aos municípios. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Em
Maringá, são três projetos nacionais implantados: o Centro POP Rua, que atende
durante o dia com serviços especializados que reúnem equipe de psicólogos,
assistentes sociais, educadores sociais, pessoal de abordagem, entre outros.
São oferecidas diversas atividades no local, como higiene, alimentação, contato
com familiares, busca de reinserção, orientações e encaminhamentos para
serviços públicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
Casa de Passagem (antigo Albergue), lugar para dormir que já abrigou mais de
100 pessoas por noite atualmente atende apenas 30. Há ainda o Portal da
Inclusão, onde as pessoas ficam durante um ano, morando em uma casa alugada
pela Prefeitura, atendidos por equipe técnica, para serem reinseridas no
mercado de trabalho e na sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Também
este projeto poderia incluir mais de 100 pessoas, mas Maringá optou por abrigar
apenas dez. É muito pouca gente nessa situação na cidade, o que permite ao
poder público enfrentar o problema e dar repostas eficientes. Não será com a
repressão, a violência ou a velha prática da passagem para irem embora que a
questão será resolvida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Frequentemente
se ouve dizer que moradores de rua é um problema complexo. Qual é a solução
para ele? <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">É complexo,
sim, pois as pessoas nessa condição reúnem um conjunto de vulnerabilidades. São
pobres e, a maioria, desempregada; dependentes químicos; muitos têm problemas
graves de saúde. Mas por meio de investimento público é possível responder às dificuldades
que elas enfrentam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Também
é necessário ampliar vagas nos espaços públicos de atendimento; criar lavanderias
coletivas em alguns pontos da cidade, onde eles próprios possam lavar e secar
suas roupas; instalar geladeiras nas calçadas em que possam depositar alimentos
para que eles consumam; construir pequenas estruturas cobertas e abertas, nas
praças públicas, com bancos e ganchos para dependurar redes, entre outras
medidas. Todas as estruturas com manutenção e limpeza públicas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas
a melhor politica é a reinserção social, pois nas duas pesquisas que realizamos
em Maringá, em 2015 e 2016, 92,5% e 93,3% disseram que desejavam sair da rua. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">No
caso de Maringá, qual o perfil dessa gente?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Constatamos
que 90% são homens; 30% são brancos e 65% pretos ou pardos; 50% têm ensino fundamental
incompleto; 13% ensino médio; 3,5% nenhuma escolaridade; 20% fundamental
completo e 0,5% superior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #222222; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 9.5pt; line-height: 115%;"> </span><span style="color: #222222; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não conseguimos abordar todas as
pessoas. Abordamos e entrevistamos 160 em 2015 e 117 em 2016. Há uma estimativa
de que havia nos dois momentos cerca de 200 pessoas nas ruas de Maringá, mas
observamos que em 2017 esse número vem aumentando. Estamos organizando nova
pesquisa este ano, que será realizada até julho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: red;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: red;">MAIS DE 15 MIL MORAM NAS RUAS DE SP; 291 EM MARINGÁ</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.4pt;">A
Assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento
Social (SMADS) informou que o Censo da População em Situação de Rua da Cidade
de São Paulo, em 2015, detectou 15.905 pessoas nessas condições. O órgão diz
que é um assunto complexo, levando em conta a peculiaridade de cada pessoa
nesta situação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">No
entanto, informa que a gestão atual tem como meta melhorar e ampliar os
serviços já existentes na cidade e, além disso, dois programas específicos para
essa população já estão em andamento: o "Espaço Vida" e o
"Trabalho Novo".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> Diz
ainda que os atuais Centros de Acolhida serão reconfigurados e
"transformados" em Espaço Vida, melhorando sua estrutura, ampliando
os serviços e as áreas comuns. Assim, o padrão de qualidade será maior do que o
existente, além de pretender que sirvam como campo de preparação para o
trabalho em diversas áreas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> O
programa Trabalho Novo promove a capacitação e inserção dos moradores em situação
de rua no mercado de trabalho, proporcionando emancipação e conquista de
autonomia dessas pessoas, como empregado ou empreendedor. Formalização de
parcerias com empresas de diversos segmentos já acontece. O trabalho em
conjunto entre o setor público e o privado é fundamental para a realização do
objetivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Acrescenta
que, atualmente, a SMADS realiza abordagem de moradores em situação de rua em
toda a cidade. Eles são encaminhados aos serviços com foco em cada segmento
específico: pessoas sozinhas, famílias, idosos, crianças e adolescentes,
população LGBT e imigrantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> Maringá<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A Assessoria de Imprensa da Prefeitura informou que a Secretaria de
Assistência Social e Cidadania (Sasc) identificou 291 moradores de ruas em
Maringá, em 2016. Declara que a Prefeitura oferece o Centro de Referência
Especializado para Pessoas em Situações de Rua (Centro Pop). No local, são realizadas
ações para a reconstrução de projetos de vida, atividades de higiene,
alimentação, lazer, interação e reflexão social, fortalecimento de vínculos
interpessoais e familiares e, consequentemente, a reinserção social. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">As pessoas são encaminhadas à Associação Aliança de Misericórdia e à
Casa de Passagem Santa Luiza de Marilac. O Centro Pop também oferece,
diariamente, Serviço Especializado em Abordagem Social para adultos. Em 2016, a
Sasc registrou 2.332 atendimentos (1.763 migrantes) pelo Centro. Em 2017, 310
(130 migrantes).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-18612422616148952132017-05-21T15:59:00.000-07:002017-05-23T07:52:33.637-07:00ELES PUSERAM MARINGÁ NA VANGUARDA DA ARTE<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Um mineiro, um paulista, um japonês, um
alemão e um italiano, na longínqua década de 1950, deram formato à história
artística de um embrião de cidade, que crescia exuberante em meio àquele
inóspito sertão<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Texto: Airton Donizete<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Fotos: Acervo da Gerência de Patrimônio
Histórico e AD<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Maringá
não é apenas “Cidade Canção”; é uma cidade de sorte. Pelo menos, em se tratando
de arte. Logo após sua fundação, em 10 de maio de 1947, cinco artistas de peso
se estabeleceram aqui. Na década de 1950, eles se destacaram cada em sua área,
transformando Maringá numa referência artística. A influência deles foi
fundamental para construir uma identidade da arte local. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
historiador João Laércio Lopes Leal assim se refere aos anos 1950 no livro
“História artística e cultural de Maringá – 1936/1990”: “Um decênio farto em
figuras, acontecimentos, produtos e práticas relacionados ao cultivo desse
universo tão rico e revelador de um tipo de mentalidade peculiar, pois as
manifestações artístico-culturais numa área onde essas não são prioridades, nem
mesmo levadas a sério, e, mesmo assim, teimam em acontecer, só demonstra o
quanto interessante é sua história”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Na
literatura, Ary de Lima. Claro, na mesma época, surgiram eminentes figuras das
letras: Jorge Ferreira Duque Estrada, Antônio Augusto de Assis (A. A. de Assis),
Antônio Mário Manicardi, Dari Pereira, Benedito Moreira de Carvalho, Zaia
Carvalho, Galdino Andrade, Verdelírio Barbosa, João Amaro de Farias, entre
outros. Mas Lima, digamos assim, foi o representante mor da área naquela década
de 1950.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b style="font-family: Arial, sans-serif; text-indent: 35.4pt;"><br />O mineiro talentoso</b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiauoq_I8s72IOvKDbPqN-JB_TdvcYv3Plj9fR-Xc2u5Xb3AaHEw2N3j-osTsf3WD3CuSbLAaUfrNMaDe1hOR4AuKf3VrC5dFXEAhd1jNBdK567HUqiKSLbekNwtqomvuVfVv1-c5Z2QuA/s1600/Ary+-+foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="408" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiauoq_I8s72IOvKDbPqN-JB_TdvcYv3Plj9fR-Xc2u5Xb3AaHEw2N3j-osTsf3WD3CuSbLAaUfrNMaDe1hOR4AuKf3VrC5dFXEAhd1jNBdK567HUqiKSLbekNwtqomvuVfVv1-c5Z2QuA/s640/Ary+-+foto.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ari de Lima, mineiro militante político e precursor da literatura maringaense</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Natural
de São Sebastião do Paraíso (MG), Lima foi professor, político, poeta e
jornalista. Nasceu em 1914 e, aos 14 anos, era respeitado professor de
português e literatura. Na sua cidade natal foi radialista, jornalista e
político, elegendo-se suplente de deputado estadual. Ele era da União Democrática
Nacional (UDN), oposição ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), de Getúlio
Vargas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
1952, veio para Maringá, assumindo a gerência do Banco Mineiro da Produção. A
cidade fervia com gente de muitas partes do Brasil. Em 1954, deixou o banco, retomou
a carreira de professor, dedicando-se ao jornalismo e à política. Na Rádio
Cultura, comandou o programa “Marcha dos Pioneiros”, narrando a saga dos colonizadores
de Maringá; apresentava também “Coisa de outro mundo”, no qual com ironia
denunciava mazelas locais, regionais e nacionais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com
o poeta A.A. de Assis redigia a revista “Maringá Ilustrada”. Em parceria com
Aniceto Matti compôs a letra do “Hino a Maringá”. Compôs também os hinos de
Loanda (PR), São Sebastião do Paraíso (MG) e Sinop (MT). Autor dos livros: “Sol
poente e sol nascente”, “O sertão ressuscitou”, “Meu Brasil brasileiro – poemas
caboclos”, “Discursos parlamentares”, “Melancólico destino das Sete Quedas”,
“Panorama florestal brasileiro”, “Turismo – nova aurora de esperanças”, “O
desbravador Ênio Pepino”, “O Dia Nacional do Folclore” e “O verde está
morrendo”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> O italiano que veio por acaso</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif45CTyxx9ftHZf19FGiqt5WsQuLNqnEyImdQZETue6BmKfBKn9FGoMe6JwqsL7tc6_fYwvpzu5IX6Ta4Zd-DFthMa8YU47U_x-jQpjff_ZWmewmkUAX4Is0OLkLHetL2E5Ig30qRBWn8/s1600/Aniceto+Matti+-+foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="512" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif45CTyxx9ftHZf19FGiqt5WsQuLNqnEyImdQZETue6BmKfBKn9FGoMe6JwqsL7tc6_fYwvpzu5IX6Ta4Zd-DFthMa8YU47U_x-jQpjff_ZWmewmkUAX4Is0OLkLHetL2E5Ig30qRBWn8/s640/Aniceto+Matti+-+foto.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Professor Aniceto veio da Itália e ministrou as primeiras lições de música na "Cidade Canção"</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nascido
norte da Itália, na região de Piacenza, em 1920, o maestro Aniceto Matti é
precursor da arte musical em Maringá, na década de 1950. Com nove anos de
idade, ganhou seu primeiro piano. Aos 28 anos, concluiu, num conservatório da
Itália, o curso superior em música. Também cursou licenciatura poética e
dramática. Em 1948, ele mudou-se para Buenos Aires, onde viveu por cinco anos
com tios e primos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com
33 anos, em 1953, veio passear em Londrina. Queria conhecer as plantações de
café do norte do Paraná, o que o levou a pegar carona num caminhão e vir até
Maringá. Caiu uma chuvarada fazendo muita lama. Ele pretendia voltar a
Londrina, mas, talvez por causa do mau tempo, não encontrou o caminhoneiro que
o trouxera. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Queria retornar à Argentina, mas o</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt;"> pioneiro Joaquim
Dutra o incentivou a ficar e lhe arrumou um emprego na Rádio Cultura. Dava aula
de piano e acordeão e cuidava da parte artística do “Clube do Caçula”, um dos
programas de sucesso da emissora. Conheceu Ary de Lima, que trabalhava na
emissora, e o professor Geraldo Altoé, que o convidou para dar aula de Educação
Artística no Colégio Estadual Gastão Vidigal. Matti e Lima venceram o concurso
para a escolha do hino a Maringá.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Apaixonado pelo teatro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh200HGKITWcMZd2JkuxXU4qEs4AXFFsP_H0oM2INZuk_tyqcZaj8bY9LvMw-Fz6282ut9pq883SjzIHW8CaK8piVY1Pq6gLqblZlB0zFgCH1Hb11bebdrCxYFJiKLGI3a57sdAijauqj4/s1600/Calil+-+foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh200HGKITWcMZd2JkuxXU4qEs4AXFFsP_H0oM2INZuk_tyqcZaj8bY9LvMw-Fz6282ut9pq883SjzIHW8CaK8piVY1Pq6gLqblZlB0zFgCH1Hb11bebdrCxYFJiKLGI3a57sdAijauqj4/s640/Calil+-+foto.jpg" width="426" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Calil Haddad contribuiu para o desenvolvimento da arte cênica em Maringá<br />
<br /></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nascido
em Jaú (SP), em 1926, Calil Haddad era o 11º filho de uma família de 12 irmãos,
cujos pais eram Regina e Nassib Haddad. Eles vieram de Jacarezinho, norte do
Paraná, e chegaram a Maringá em 1946. Calil cursou o primário e o ginásio em
Jacarezinho, destacando-se nas disciplinas de francês, latim e matemática. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nassib
fora professor na Síria e, em Maringá, tornou-se comerciante de tecido com a
Casa São Jorge, no Maringá Velho. Formado em direito, Calil não exerceu a
profissão, tornando-se professor. Simpatizante do comunismo, a paixão dele, o teatro, tornou-se realidade
ao conhecer Victor Andreata, um alemão radicado no Brasil, que se dedicava à
arte circense. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
historiador João Laércio destaca no livro “História Artística e Cultural de
Maringá – 1936/1950”: “Victor ensinou-lhe desde a percepção do potencial da
pessoa para atuar, até a forma como lidar com os atores, a fim de extrair o
máximo rendimento na hora do ensaio e no momento de execução da peça”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Superando
as dificuldades da época, Calil, fundou, em 1956, o grupo “Teatro Maringaense
de Comédias (TMC)”. Em 1959, encenaram a peça “Irene”, de Pedro Bloch. Nos anos
seguintes, entre outras, apresentaram “As árvores morrem de pé”, do escritor
espanhol Alejandro Casona. Participavam do TMC: Lair Krambeck, Darcy Urizzi,
Jerônimo da Silva, Élvio Lemos, Edna Pereira, José Klenckner, Carmen Lopes,
Lucia Pires, Edno Gonçalves Fernandes, Raimundo Tavares, Simone Motta, Joerson
José Inocêncio, Moacir Cardoso, Zeneide Corrêa, Célia Rosa de Souza e Domingos
Fernandes. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O cronista da imagem<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV7bGZG6X85kDU-YyHxc0ZK0Ki-xxtUmCi148NSsCyRLxYPYaD1SUgekDE8fuZWtY0_6iOLIcQ8yLXRYAnDKEc1ZMQFzlzoYlMPtx1HpDTfXq1CrNoNfZ9v79gotl4hW9AgFyQKQxp7GU/s1600/Kenji+-+foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV7bGZG6X85kDU-YyHxc0ZK0Ki-xxtUmCi148NSsCyRLxYPYaD1SUgekDE8fuZWtY0_6iOLIcQ8yLXRYAnDKEc1ZMQFzlzoYlMPtx1HpDTfXq1CrNoNfZ9v79gotl4hW9AgFyQKQxp7GU/s640/Kenji+-+foto.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Kenji Ueta contou a história de Maringá registrando os principais eventos da cidade</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
arte fotográfica chegou a Maringá em 1940 com os japoneses: Shizuma Kubota, Tutomu
Sanuki e um teuto-brasileiro Augusto Eduardo Eidam. Mas eles encerram o negócio
no começo da década de 1950. Shizuma e Eidam, inclusive, venderam seus estúdios
para Kenji Ueta, que se tornou uma espécie de cronista fotográfico daquela
Maringá que começava a se desenvolver. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Seu
Kenji, como é conhecido, fala baixinho. Às vezes, se enrosca em algumas
palavras. Mas bater papo com ele vale a pena. Kenji chegou a Maringá, em 1951.
Um homem da lida. Após a morte dos pais trabalhou na roça, na região de
Ribeirão Preto, interior do Estado de São Paulo. Nascido no Japão, em 5 de
agosto de 1927, chegou ao Brasil aos cinco anos após viajar por 48 dias no navio
Santos Maru.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De
lá veio para Maringá, onde começou a trabalhar numa loja de tecido. Ele e os
irmãos Yukio e Tetsuaki juntaram algum dinheiro e entraram para o ramo de
fotografia. Logo nasceu o Foto Maringá, no qual está até hoje. Kenji se tornou
fotógrafo de eventos. Fotografava casamentos, batizados, festas de debutantes e
tudo que aparecesse naquela festiva boca de sertão. Mas tinha tino jornalístico
e de historiador. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Diferentes
de outros fotógrafos que registraram o nascimento da cidade, ele fotografava
com objetivo de guardar as imagens para mostrar no futuro. “Imaginei, do jeito
que Maringá está crescendo, mais tarde, o povo vai querer saber como era
antes”, racionou. “Então, comecei a registrar a transformação das ruas e das
casas de comércio”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Ele acredita na máxima de que uma imagem vale
mais do que mil palavras. Aliás, vai além. Diz que uma imagem vale por 100 mil
palavras. “Não adianta só contar é preciso mostrar”, declara. “Aí entram as
imagens que provam o que a gente fala”. Não faltam provas. O fotógrafo tem um
arquivo com milhares de cenas de Maringá. Muitas inéditas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O pintor da terra vermelha<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvLI9ezIQZ0jsT7IkNGQ6_MuAykGQV1A7aVM4Eo9FUuheTo4hN3AwFzwuTN3HDKqaY1rH3gZSs0lu_gUqN93RYZxV9w4vuO3YmK2aEyp0Z1akj5PnMPIvCwDQCjD4SYLP7LPbSkWfT0Fw/s1600/Edgar+-+foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvLI9ezIQZ0jsT7IkNGQ6_MuAykGQV1A7aVM4Eo9FUuheTo4hN3AwFzwuTN3HDKqaY1rH3gZSs0lu_gUqN93RYZxV9w4vuO3YmK2aEyp0Z1akj5PnMPIvCwDQCjD4SYLP7LPbSkWfT0Fw/s640/Edgar+-+foto.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Edgar Osterroht fugiu da guerra da antiga Prússia e retratou com sua pintura a história de Maringá</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dirigi-me
à rua Santa Maria, número 27, centro de Maringá, onde vive o artista plástico Edgar Werner
Osterroht. Atrás de uma mesa, numa sala espaçosa com quadros pelas paredes, ele
me recebeu. Não revela a idade, mas
pouco importa. Nasceu nos anos 1930 em Tilsit, na antiga Prússia, que foi
abolida no fim da Segunda Guerra Mundial. Fugindo dos russos, a família tentou
imigrar para o Canadá, mas preferiu o Brasil e, em 1951, chegou a Maringá. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Eles
chegaram à cidade na jardineira da Viação Garcia. De Apucarana a Maringá foram
cinco horas. Edgar levou algum tempo para se adaptar àquela terra vermelha e ao
imenso sertão que se formava na região. Para quem chegava, parecia o fim do
mundo. Principalmente, para alguém que vivia na Europa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Engenheiro,
ele foi topógrafo e urbanista da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP)
até a década de 1960. Ajudou a criar mais de 15 cidades na região e, entre
outros, trabalhou com os engenheiros Vladimir Babkov e Walter Kreiser, que,
segundo ele, é um dos inventores do helicóptero. “Foi uma época difícil, mas
interessante porque tudo o que se ia fazer era uma aventura”, lembra. “Pensei
em ir para São Paulo trabalhar mesmo que fosse de engraxate, mas acabei
ficando”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Casado,
dois filhos, Edgar é exímio desenhista. Aos dois anos já rabiscava figuras de
carro num papel. Dom que o acompanhou e o transformou num grande artista
plástico. Quando trabalhava na CMNP aproveitava as horas vagas para desenhar.
“Não havia rádio, televisão, jornais, revistas e nem bar para tomar cerveja,
então eu desenhava para não enlouquecer”, conta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os
desenhos de Edgar retratam a Maringá de outrora. Como ele mesmo diz no prefácio
de um dos seus livros: “Lembrando um pouco daquelas cidades de madeira do
famoso faroeste norte-americano”. Os desenhos dele se transformaram em dois
livros que revelam a história da cidade. Lançados em 1997 e 2007. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quem
chega ao seu escritório anexo a casa dele depara com um quadro do diretor da
CMNP, Alfredo Nyffeller, e outro do engenheiro Vladimir Babkov, da mesma
empresa. Mas as pinturas não se limitam a pessoas. Retratam ruas, avenidas e
famosos estabelecimentos comerciais da cidade. Por exemplo, o Hotel Maringá, no
Maringá Velho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Edgar
realizou a primeira exposição de arte de Maringá no Restaurante Lord Lovat, que
funcionava na Avenida Tiradentes. Na época, a arte causava espanto. “Aquele
alemão não tá bem da cabeça”, diziam. “Pintar casas sujas de barro velho”! Mas
aos poucos ele conquistou muitos admiradores e hoje é uma referência da
história de Maringá.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-73027992976967333912017-05-11T13:05:00.001-07:002017-05-15T19:05:51.020-07:00TEMPERATURA VERBAL SOBE NA FRIA CURITIBA<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Depoimento de Lula à Justiça
Federal, na capital do Estado, inflama ânimo de militantes prós e contras o
ex-presidente, que trocaram farpas pelas ruas<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Texto e fotos Airton
Donizete<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Fui
a Curitiba de carona num ônibus fretado por militantes que iriam à manifestação
em prol do ex-presidente Lula. Saímos de Maringá por volta da meia-noite e meia
de quarta-feira. Na entrada de Curitiba, parada na Polícia Rodoviária. Revista
das bolsas e interior do ônibus. Um passageiro portava uma máscara antigás. Os policiais ficaram na dúvida. Pode? Não pode? Após muita
confabulação e troca de informações pelo celular com superiores, liberaram o
equipamento. Afinal, se é algo destinado à proteção do indivíduo, então, pode,
não é?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Seguimos
até a rua Getúlio Vargas, em um terreno que fica entre a Rodoferroviária e o
estádio do Paraná Clube. Ali, militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra
(MST) levantaram um acampamento. O ônibus ficou lá. Segui a pé com um grupo até
a Praça Santos Andrade, no centro, onde havia uma manifestação pró-Lula,
organizada pela Frente Brasil Popular. Caveirão, helicóptero, snipers. Um gigantesco aparato de segurança. Pelo menos três mil homens entre policiais federais, militares, rodoviários federais, guardas municipais e agentes de trânsito de Curitiba espalhados pela capital do Estado. </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Pelo caminho, até a Praça Santos Andrade, se revelava a tensão em
torno do evento. </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.4pt;">Alguns
motoristas os chamavam de vagabundos; outros gritavam o nome do juiz Sérgio
Moro, que iria interrogar Lula. Havia também os que bradavam: - viva Lula!. A
troca de insultos permaneceu por todo o percurso. O clima da rua refletia
setores da mídia. A revista Veja da última semana traz Moro e Lula frente a
frente na capa. Azul contra vermelho. O jornal Metro, edição de Curitiba, do
dia do depoimento do petista, o estampa em vermelho na capa junto a Moro, de
azul.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O
movimento Curitiba Contra a Corrupção organizou um ato em frente ao Museu Oscar
Niemeyer, a cerca de um quilômetro do prédio da Justiça Federal, local do
interrogatório, e a três quilômetros da Praça Santos Andrade. Havia cerca de 300 manifestantes, mas o clima tenso
se espalhou pela cidade. Tomou conta das conversas. Em um ponto e outro era
possível ouvir discussões pró e contra Lula. O nível subia e descia. Alguns se
exasperam nos termos, resultando em bate bocas. Um menino que jogava bolinha
num semáforo discutiu com uma mulher. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
senhora bem vestida dizia estar do lado de Lula. O menino falava que o
ex-presidente era culpado; ela retrucou: - foi o presidente que mais fez pelos
pobres -. Um senhor que passava por ali disse imaginar o contrário. - Ué, pensei que ela era contra o Lula -,
afirmou. Mais adiante, um homem gesticulava e esbraveja ao celular: - Esses
vagabundos, tudo vagabundos -, repetia. Não deu para ouvir, mas parecia se
referir aos manifestantes pró-Lula. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Do
alto de um prédio uma mulher rodopiava uma bandeira do Brasil. Não sei de que
lado ela estava, mas a julgar pelas cores. Entre os contra Lula havia muito amarelo.
Parei na Praça Santos Andrade. Pensei: - o que vou fazer na Justiça Federal?
Pensei. -Não estou credenciado; vou
ficar lá de longe fazendo o que? Melhor ficar aqui pelo centro mesmo -. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Perto
do almoço, subi pela Rua XV de Novembro. Umas três quadras pra frente deparei
com quatro manifestantes contrários a Lula. Eles disseram que foram à Justiça
Federal; voltaram para o almoço e, mais tarde, retornariam para acompanhar o
depoimento. Para eles, Lula não seria preso naquele dia. Eles acreditam que o processo
contra ele se prolongue. Não quiseram arriscar uma data para a conclusão do
episódio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O
ato na Praça Santos Andrade se arrastou por nove horas. Com discurso de
políticos do PT e partidos aliados. Cantores se revezavam entre um intervalo e
outro. Destaque para os acordes de Pereira da Viola. Um mineiro de Teófilo
Otoni, no Vale do Mucuri, que tem uma maneira peculiar de pontear a viola. Toca
muito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">De
resto, sobrou o esperado pronunciamento de Lula. O depoimento dele à Justiça
Federal demorou cinco horas. Por volta das 20 horas, o líder petista chegou ao
local. A praça estava apinhada de gente. Segundo os organizadores da
manifestação, havia 50 mil pessoas vindas de várias partes do Paraná e do Brasil. A ex-presidente Dilma também veio. Antes dela,
falou Eduardo Suplicy, vereador mais votado de São Paulo na última eleição. Bastante
aplaudido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Enfim,
Lula. “Estão cansados”? perguntava a locutora do evento. Eu estava, e muito.
Havia viajado quase a noite toda. O petista encerrou o discurso pedindo a
verdade e que provem do que o acusam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
Não quero ser julgado por interpretações; quero ser julgado por provas -,
disse, acrescentando: - Se um dia tiver que mentir pra vocês, eu quero que um
ônibus me atropele ali na rua -.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Ele
deixou o palco ovacionado pelos gritos: “Lula, guerreiro do povo brasileiro!”.
Eu me juntei ao grupo que me deu carona para esperar o ônibus e retornar a
Maringá. Chegamos por 5 horas da manhã. Que dia tenso! Sensação de final de
campeonato de futebol. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Apesar
da alta temperatura verbal na fria Curitiba, não houve incidentes entre
manifestantes. Apenas alguns rojões foram lançados contra os militantes do MST
acampados. Três barracas foram danificadas e duas pessoas tiveram ferimentos
leves. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><b>FOTOS</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 18.6667px;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 18.6667px;">Lula discursa na Praça Santos Andrade </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 18.6667px; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 18.6667px; text-indent: 35.4pt;">Segundo organizadores, havia 50 mil no </span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 18.6667px; text-indent: 35.4pt;">ato em prol do ex-presidente da República</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 18.6667px;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 18.6667px;">Pereira da Viola, um dos artistas que se apresentaram no ato</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 18.6667px;">Militantes vieram de várias partes do Paraná e do Brasil</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 18.6667px;">Máscara antigás, pode ou não pode? Enfim, liberada</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 18.6667px;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 18.6667px;">Policiais revistam ônibus que seguia para a manifestação, em Curitiba</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 18.6667px;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 18.6667px;">Poucos compareceram à manifestação em apoio à Operação Lava Jato, no Museu Oscar Niemeyer (Foto: UOL)</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwaw-Uy_4zmO-PTf2VlrCaxsnD9NjLE1JZ0bx6nXP1xg8yqZIsrT4WeN1zapOOVy9SlZGPHlGe5onfKc_SqWcd19u87V7Eb3MxhtFO6SiAV260l7_BCdL7mnu_dFWmQ11nj7G7yMX2r0k/s1600/DSCF4537.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwaw-Uy_4zmO-PTf2VlrCaxsnD9NjLE1JZ0bx6nXP1xg8yqZIsrT4WeN1zapOOVy9SlZGPHlGe5onfKc_SqWcd19u87V7Eb3MxhtFO6SiAV260l7_BCdL7mnu_dFWmQ11nj7G7yMX2r0k/s320/DSCF4537.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTHr6FeP5LRbq3RS5JsQB3BBmC5gK_chpn-nvMcax2NQbmabxWtyhPYAgTD0SID4wcjzkXxgueVFPy-Hu2WjdrvwmcK8FQzLG4wpbe5OScmLwroXVQOcYPnJkSUsDE40r5Yiu-y_HymCk/s1600/DSCF4551.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTHr6FeP5LRbq3RS5JsQB3BBmC5gK_chpn-nvMcax2NQbmabxWtyhPYAgTD0SID4wcjzkXxgueVFPy-Hu2WjdrvwmcK8FQzLG4wpbe5OScmLwroXVQOcYPnJkSUsDE40r5Yiu-y_HymCk/s320/DSCF4551.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIb4AM6nv9dHOTLbqg0XoHJKimX98iNx6I9m6r9IkHy-xzBnICz8cdKQ7Exo8RwDNgQ9xZjWKk1PCZg8an64OQ-P6ILe893OFv3dP8PK8FOt0KBUbcJjylGoFYa3H6Tk90ZV-ZGXtKqyU/s1600/DSCF4441.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIb4AM6nv9dHOTLbqg0XoHJKimX98iNx6I9m6r9IkHy-xzBnICz8cdKQ7Exo8RwDNgQ9xZjWKk1PCZg8an64OQ-P6ILe893OFv3dP8PK8FOt0KBUbcJjylGoFYa3H6Tk90ZV-ZGXtKqyU/s320/DSCF4441.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj67yMO6oVEZsnB927TGvO1pLF8IzxSehdsTcd9VXQKBcU_vznd988iWQJ2AIiA0uYhOS-t92QVsEGM-ze_NHQ4MjwiYry0VoEIXEUnOyxs8DylwE2he1G9whvCGR5a9wHBeQrg_hjjer8/s1600/DSCF4287.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj67yMO6oVEZsnB927TGvO1pLF8IzxSehdsTcd9VXQKBcU_vznd988iWQJ2AIiA0uYhOS-t92QVsEGM-ze_NHQ4MjwiYry0VoEIXEUnOyxs8DylwE2he1G9whvCGR5a9wHBeQrg_hjjer8/s320/DSCF4287.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4WWlF3buQ5061WkL8AkpnL-kdIfGB-6tv2UnuNeIFG6rzHB6psg87N87066qz2KOpWQcY11ahA0soYgavyLz7OYprRXi7N1RxPa9lLriwaB88uwpG3R9U3gNYEXq4FdChn_IOe692xS4/s1600/DSCF4278.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4WWlF3buQ5061WkL8AkpnL-kdIfGB-6tv2UnuNeIFG6rzHB6psg87N87066qz2KOpWQcY11ahA0soYgavyLz7OYprRXi7N1RxPa9lLriwaB88uwpG3R9U3gNYEXq4FdChn_IOe692xS4/s320/DSCF4278.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEk6bWlRjyqrFvB5QFA0oL6ZMNc1cyll8Ec33I7InQK8OVrXJnkrxKBpKa-BT9gGAxkR9WC40JtcEKTUrXD8ZbiV48WqNkGuS0Fdc28bknkFzdgKSOfiQofvujP6tb3k7GfiJlLlX5Cg4/s1600/DSCF4274.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEk6bWlRjyqrFvB5QFA0oL6ZMNc1cyll8Ec33I7InQK8OVrXJnkrxKBpKa-BT9gGAxkR9WC40JtcEKTUrXD8ZbiV48WqNkGuS0Fdc28bknkFzdgKSOfiQofvujP6tb3k7GfiJlLlX5Cg4/s320/DSCF4274.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2rOMTP-UTWr_DB0DAidWg_fM4bug8etiDSny3lYxiBDclM-zU8lPCuTvQIJgfjM9zEqbrsHTVMZL6vRJJMvyOLSahpAEhMQiFJwsIxgytimZ2ZyFqo4Jw4J9RruTYiwlQ4D2ywKVAyBs/s1600/Manifestantes+Museu+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="156" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2rOMTP-UTWr_DB0DAidWg_fM4bug8etiDSny3lYxiBDclM-zU8lPCuTvQIJgfjM9zEqbrsHTVMZL6vRJJMvyOLSahpAEhMQiFJwsIxgytimZ2ZyFqo4Jw4J9RruTYiwlQ4D2ywKVAyBs/s320/Manifestantes+Museu+2.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
</div>
Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-49112144966566604802017-05-06T17:39:00.000-07:002017-05-06T17:59:13.470-07:00UM DRAMA SEM FIM<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Família de Sarandi, cuja casa no Jardim
Independência foi destruída por rompimento da rede municipal de abastecimento
de água, espera há 17 anos por indenização da Prefeitura</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 0px;">
<b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">(Texto e fotos Airton
Donizete)</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
especialidade deste Blog é retratar perfis e trajetórias humanas que rendam
histórias interessantes. Mas histórias interessantes nem sempre são felizes. Às
vezes, são trágicas. É o caso desta. Em 3 de setembro de 2000, o Brasil
disputava um jogo das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Naquele
dia, o Brasil venceu a Bolívia por 5 X 0, mas a seleção quase ficou fora
daquela Copa do Mundo, amargando um terceiro lugar nas eliminatórias. No entanto,
na disputa do torneio, na Coréia do Sul e Japão, se reabilitou, sagrando-se
campeã mundial pela quinta vez. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Seguindo
o hábito de muitos brasileiros, uma família do Jardim Independência, de
Sarandi, assistia ao confronto entre Brasil e Bolívia. No momento do jogo, que
começou às 17 horas, a rede de abastecimento de água que chegava a casa deles,
na Rua Marechal Teodoro, 2177, esquina com a Avenida Danilo Massuia, se rompeu.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Imaginando
ser um problema comum, eles acionaram o Departamento Municipal de Água e Esgoto
da Prefeitura de Sarandi (atual Águas de Sarandi – Serviço Municipal de
Saneamento Ambiental). Funcionários do órgão desligaram a rede. No outro dia,
os reparos seriam feitos, e o abastecimento normalizado.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Feliz
com a vitória do Brasil, que dava início à sua recuperação nas eliminatórias, a
família foi dormir por volta das 23 horas. Na madrugada do dia seguinte, Maria Áurea da Silva, 66, acordou com estalos estranhos. Não havia energia elétrica.
Ao acender uma lanterna, ela percebeu que os rodapés das paredes internas da
casa estavam se soltando.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">
</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="background-color: black; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">“Após o problema, a família
morou de favor em casa de parentes por cerca de três anos. Silva conta que sua
avó Maria Aparecida Botega de Souza, que já estava doente, se abateu com o
caso. A doença se agravou, e ela morreu em 2004”</span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.4pt;">Assustada,
ela acordou o marido e os filhos. Eles passaram o restante da noite fora da
casa e, após o dia amanhecer, acionaram o Departamento Municipal de Água e
Esgoto e o Corpo de Bombeiros. A água jorrada pelo rompimento da tubulação religada
infiltrara no solo, comprometendo a estrutura do imóvel.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Uma
vistoria do Corpo de Bombeiro apontou que havia risco de desabamento. A
constatação inicial, dias depois foi confirmada em laudo pela mesma
instituição. Peritos particulares contratados pela família chegaram à mesma
conclusão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> Daí em
diante, a família vive um drama interminável. O que seria apenas um problema na
rede de abastecimento de água tornou-se um pesadelo que, em 2017, completa 17
anos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
família procurou o então prefeito Júlio Bifon (1997-2000) na tentativa de
resolver o problema. De acordo com Edson Caetano da Silva, 48, um dos quatros
filhos de Maria e Aparecido Caetano da Silva, 63, Bifon propôs reparar os
estragos com uma equipe da Prefeitura, mas ao verificar a gravidade da
situação, a proposta não foi adiante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O
caso foi parar na Justiça. Ele deixou a
Prefeitura; Aparecido Farias Spada, o Cido Spada (2001-2008), assumiu o cargo. A
esperança de resolver o problema se renovou. Ele era amigo da família. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
Fomos criados no mesmo bairro e, durante a campanha, ele se comprometeu a nos
ajudar, mas não houve acordo – relata Silva. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Ele
diz que Spada não fez proposta à família. De acordo com Silva, Milton Martini que
o sucedeu, em 2009, não se envolveu com o caso porque teve uma gestão
tumultuada. Em 2010, os vereadores o cassaram com base numa denúncia de abuso
de poder econômico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em
seu lugar assumiu o vice, Carlos Alberto de Paula Júnior. Silva diz que ele se
dispôs a revolver o problema cedendo-lhes um terreno no valor do imóvel
destruído. Segundo Silva, a família viu alguns terrenos ofertados pela
Prefeitura, mas não chegaram a um acordo nos valores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Carlos
de Paula deixou a prefeitura no ano passado sem resolver o caso. A Justiça deu
ganho de causa à família em Sarandi e no Tribunal de Justiça do Paraná. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em
2016, o valor devido à família entrou em precatório. Não há prazo para que o
pagamento seja efetuado. A casa danificada virou moradia de andarilhos e
consumidores de drogas. A Prefeitura derrubou o que sobrara da construção. Para
Silva, o valor do imóvel passa de R$ 180 mil. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Após
o problema, a família morou de favor em casa de parentes por cerca de três
anos. Silva conta que sua avó Maria Aparecida Botega de Souza, que já estava
doente, se abateu com o caso. A doença se agravou, e ela morreu em 2004. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
Minha mãe não se recuperou mais e foi se definhando até morrer – completa a
filha dela, Maria Áurea. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Os
quatro filhos de Maria e Aparecido com ajuda de parentes compraram uma casa
para o casal em outro bairro de Sarandi. A atitude da família se deu porque não
há prazo para a Prefeitura pagar a indenização. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
Meus pais não podiam ficar sem onde morar – afirma Silva, que se diz
decepcionado com a situação. Para ele, o caso é o retrato do Brasil. </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">– Imagine
o contrário, nós, pobres mortais, causando prejuízo à Prefeitura, ao Estado, à
União. Estaríamos fritos, já teríamos sidos executados judicialmente, mas como
somos a parte fraca, nada acontece com o outro lado -. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sarandi informou que a Prefeitura não
tem como prever uma data para o pagamento à família. O pagamento em precatório
será feito em 11 parcelas ao Tribunal de Justiça do Paraná, que repassará o
dinheiro à família quando a Prefeitura quitar a última parcela. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Júlio
Bifon, 75, na época do PSDB, disse que a Prefeitura propôs um valor de
indenização à família, mas eles rejeitaram. Segundo ele, queriam um montante
fora das condições do município. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
Eu não podia ceder porque depois poderia ser responsabilizado pelo Ministério
Público - afirmou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Cido
Spada, 49, que era do PT, diz que a família não aceitou fazer um acordo
conforme as condições financeiras do município, optando por seguir com a ação
judicial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">-
Obedecendo a princípios legais, a Prefeitura teve de recorrer da decisão,
levando o caso a instâncias superiores. Infelizmente, o acordo não ocorreu –
declarou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Por
várias vezes, tentamos falar com o ex-prefeito Carlos Alberto de Paula Júnior,
mas não obtivemos resposta. Um número de celular, fornecido por Antônio Santos,
âncora da Rádio Banda 1, de Sarandi, estava fora de área nas tentativas de
contato.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Que
o destino da família de Sarandi seja o mesmo da seleção brasileira na Copa do
Mundo de 2002. Nas eliminatórias jogou mal. Quase foi eliminada, mas se
reabilitou na competição e conquistou o pentacampeonato mundial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Fotos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">- A
casa destruída no Jardim Independência de Sarandi <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">- Edson
e a mãe dele, Maria Áurea, esperam, há 17 anos, pela indenização da Prefeitura<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">- Laudo
do Corpo de Bombeiros apontou risco de desabamento; imóvel ficou impossibilitado para moradia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC9qFLuekKeNEIdO3bjdRbS98FGchktvE6MgkukzTphVsdKA5BuKLRPnkSpXHzWFi2GCv9ak5Jb20U1_jwUZLyeZxU1uwylu4TWwCYbIppAwpmOyg7vSa3Apek1rAX_dmsAcTkLUr8qGI/s1600/Casa+destru%25C3%25ADda+-+foto+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC9qFLuekKeNEIdO3bjdRbS98FGchktvE6MgkukzTphVsdKA5BuKLRPnkSpXHzWFi2GCv9ak5Jb20U1_jwUZLyeZxU1uwylu4TWwCYbIppAwpmOyg7vSa3Apek1rAX_dmsAcTkLUr8qGI/s320/Casa+destru%25C3%25ADda+-+foto+1.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTK5EUnwZabn5Nd0bFYKNjRj1XeXQ2EIgCoP_iz0bj0HaDNePIKFirFaxZk0sJKuBMT2yGXeO4RFfBEprWfUpb6fzwVFnYMT3weMA2OGCBbLkiFC_c7Q4dJSyq1qRDzd8x91veCO1S-NE/s1600/Casa+destru%25C3%25ADda+-+foto+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTK5EUnwZabn5Nd0bFYKNjRj1XeXQ2EIgCoP_iz0bj0HaDNePIKFirFaxZk0sJKuBMT2yGXeO4RFfBEprWfUpb6fzwVFnYMT3weMA2OGCBbLkiFC_c7Q4dJSyq1qRDzd8x91veCO1S-NE/s320/Casa+destru%25C3%25ADda+-+foto+2.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsukx8EbgW3t017wJgyF3hdqpoeacwbF6_fdM8J4U3IqwfYDsLJ0B9S5ApMZNzRtB4_ztpGXrVWO5rBuZLqXpUl9o_Me0hpAAoTBweOWpnOXqM3buUDoWBvamHoZEir2xcNTu38jidA1g/s1600/Laudo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsukx8EbgW3t017wJgyF3hdqpoeacwbF6_fdM8J4U3IqwfYDsLJ0B9S5ApMZNzRtB4_ztpGXrVWO5rBuZLqXpUl9o_Me0hpAAoTBweOWpnOXqM3buUDoWBvamHoZEir2xcNTu38jidA1g/s320/Laudo.jpg" width="226" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6210496645653239517.post-57495176569968181062017-04-28T08:45:00.002-07:002018-03-31T14:37:29.141-07:00 O DIA QUE DUROU 50 ANOS<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: red;"><b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> </span></b><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O médico torturado, que perdeu um hospital em Mandaguari, e o ex-vereador de Apucarana, sequestrado na frente dos filhos, recordam os suplícios dos anos de chumbo, cujo cinquentenário ocorreu em 31 de março de 2014</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: red;"><b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> (</span></b><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Texto e fotos: Airton Donizete)</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: red;"><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Dizem
que o golpe que culminou com a ditadura civil/militar no Brasil ocorreu em 31
de março, mas testemunhas revelam que a data correta é entre 1º e 2 de abril.
Na madrugada de 2 de abril de 1964, o então presidente do Senado, Auro Moura
Andrade convocou o Congresso para sessão extraordinária e pronunciou a célebre
frase: “Declaro vago o cargo de presidente da República”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Detalhe,
o presidente João Belchior Marques Goulart, que seria deposto, se dirigia ao
Rio Grande do Sul. Portanto, estava em território nacional. Mas este é assunto
para outra reportagem. O objetivo aqui é mostrar como alguns personagens foram
perseguidos pela ditadura civil/militar no Brasil (1964/1985). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em
11 de setembro de 1975, por volta da meia-noite, o médico Osvaldo Alves, que
morreu, aos 78 anos, em 23 de março último, voltava de um casamento <st1:personname productid="em Arapongas. Na" w:st="on">em Arapongas. Na</st1:personname> frente
da casa dele, em Mandaguari, havia um fusca com três homens. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">De
acordo com Alves, entre eles estava o capitão Ismar Moura Romariz, do 30º Batalhão
de Infantaria Mecanizado, de Apucarana. Eles pediram a ele que fosse socorrer
uma pessoa que estava muito mal. Ele entrou no carro e, três quadras depois, o
fusca foi interceptado por dois camburões. Os militares o puseram num deles e
seguiram para Apucarana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O
médico não sabia o destino. Estava encapuzado e algemado. Demoraram mais de
quatro horas para percorrer os <st1:metricconverter productid="35 quilmetros" w:st="on">35 quilômetros</st1:metricconverter> entre Mandaguari e o 30º BIM.
“Era tortura psicológica, eles ficavam dando voltas”, recorda. “No trajeto,
todo momento, diziam que iam me matar”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Curitiba<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Ao
chegar ao quartel, em Apucarana, puseram Alves em outro carro. Embora dissessem
que o levariam a São Paulo, seguiram para Curitiba. Permaneceu por alguns dias
numa prisão, que ele não se recorda. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">De
lá foi para o presídio do AHU, onde ficou detido por dois anos. Por quatro
meses, esteve na mesma cela do escritor Ildeu Manso Vieira, morto em 2001. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Os
militares queriam que ele falasse das atividades de Ildeu Manso, na época,
ligado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Ele resistiu e foi torturado com
choque elétrico. “Não aguentava o cheiro de carne queimada, mas logo percebi
que aquele cheiro vinha do meu próprio corpo”, conta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Segundo
o médico, um dos torturadores era o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que
havia deixado o comando do DOI-Codi, de São Paulo, para atuar em outras regiões
do país. Alves também acusa o então capitão Romariz, do 30º BIM. “Ele torturou
muita gente aqui no Norte do Paraná e foi o responsável pela minha prisão”,
afirma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Hospital faliu<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Mas
o pior estava por vir. Em Mandaguari, Alves era dono do Hospital São Francisco.
Na época, um dos mais equipados da região. Com a ausência do médico, a
administração desandou, e o hospital faliu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Alves
diz que nunca participou do PCB, apenas tinha contatos com alguns dos seus
integrantes na região. Para ele, a condenação que lhe foi imposta revela como
agiam os militares. Qualquer um podia pagar por coisas que não cometera.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Como
indenização, ele recebe uma pensão do governo Federal. O dinheiro ajuda a
manter uma obra de caridade, que fundou em <st1:metricconverter productid="1984. A" w:st="on">1984. A</st1:metricconverter> Comunidade Social
Cristã Beneficente promove várias ações sociais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Atendimento
médico, odontológico, psicológico, assistência social, reforço escolar, oficinas
de literatura e esporte são algumas delas. “Hoje, sou um homem convertido a
Deus e, meu propósito, é ajudar a humanidade”, acrescenta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> Sete
meses e um dia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O
ex-vereador Pedro Agostineti Preto, 77, vive numa casa espaçosa no centro de
Apucarana. Atrás do homem solícito e bom de prosa, existe um passado que ele não
esquece. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em
14 de outubro de 1975, um camburão estacionou em frente da casa dele, por volta
da meia-noite. Militares o prenderam (ele prefere dizer que o sequestraram) na
frente dos dois filhos e o levaram para Curitiba. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Os
<st1:metricconverter productid="400 quilmetros" w:st="on">400 quilômetros</st1:metricconverter>,
entre Apucarana e a capital do Estado se transformaram na viagem mais longa da
vida dele. Durante todo o percurso, os militares o ameaçavam de morte. “Eu
fiquei mais preocupado com a família”, afirma. “Se alguma coisa acontecesse
comigo, meus filhos ficariam desamparados”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em
Curitiba, Pedro ficou preso num antigo quartel da cavalaria do Exército. Após
10 dias, o levaram para a antiga prisão do “AHU”, onde permaneceu por sete
meses e um dia. Ele perdeu a conta dos depoimentos que concedeu aos militares. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Como
castigo, tinha de assistir às sessões de tortura dos companheiros. “Usavam esse
jogo psicológico com todo mundo”, conta. “Quando eu era interrogado por um
agente, sempre de madrugada, outro, ao seu lado, ficava fazendo testes na
máquina de choque para me amedrontar, e isso realmente dava medo”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Choques no ânus<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
pior coisa que ele diz ter visto foi um torturador introduzir um cano com
dispositivo elétrico dentro do ânus de um companheiro de cela. “Eles faziam
isso para que o choque fosse dado lá dentro, evitando deixar marcas externas”,
afirma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> </span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Ele
também viu um preso beber na marra urina de um torturador. Os que iam para o
pau-de-arara vestiam uma espécie de bata sem nada por baixo. Quando ficavam
dependurados, a vestimenta caía, e os órgãos genitais ficavam expostos. “Aí
aplicavam os choques”, acrescenta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Diz
que não foi torturado fisicamente porque reconheceu um dos torturadores, que
fora delegado em Apucarana. “Não que ele quisesse ser bonzinho comigo, mas,
talvez, pelo medo de ser identificado posteriormente não deixou que me
torturassem”, declara. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> <b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Casa vigiada por agente <o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">disfarçado de sorveteiro<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;"> </span></span><span style="color: red; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.4pt;">Enquanto
Preto estava preso, a família dele, em Apucarana, recebia ameaças constantes.
“Diziam que todos seriam mortos, coisas desse tipo”, recorda-se. Um agente do
extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) ficava de plantão próximo da casa
dele com um carrinho de sorvete. Ele dava sorvetes para os filhos na tentativa de
obter informações sobre o pai.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">A
prisão ocorreu porque o acusaram de pertencer ao Partido Comunista Brasileiro
(PCB). “Sempre tive admiração pelos comunistas, mas eu era do antigo MDB”, diz.
“Fui vítima de uma conspiração do então governo do presidente Geisel, que
desencadeou uma série de prisões para demonstrar à população que os comunistas
queriam derrubar o governo, o que era um absurdo”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: red;"><b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> </span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Um
emissário do PCB o procurara com proposta de que ele organizasse o partido na
cidade. Uma reunião chegou a acontecer numa chácara de sua propriedade para viabilizar
o partido em Apucarana, mas não houve consenso. “O que eles queriam era o que
nós, do MDB, também queríamos, ou seja, a redemocratização do país”, afirma
Pedro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;"> Julgado pelo Supremo Tribunal Militar
(STM), Preto foi absolvido por falta de provas. No começo da década de 1980,
foi anistiado pelo presidente João Baptista Figueiredo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: red;"><b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> </span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em
1998, o então deputado estadual Beto Richa apresentou projeto de lei na
Assembléia Legislativa que obrigou o Estado a reconhecer e pagar indenizações a
seus ex-presos políticos ainda vivos ou a suas viúvas. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: red;">Preto,
a exemplo de Osvaldo Alves, recebeu R$ 30 mil de indenização. Mas ele espera
resultado de uma ação que tramita na Justiça, pela qual pede outra indenização
ao governo Federal.<b><o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: red;"><b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> </span></b><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Quando
foi preso, Preto era imobiliarista e, ao retornar à cidade, viu seu negócio
falido. “Não tinha quem cuidava dos meus negócios aqui”, diz. “A prisão me
deixou numa pior, sem dinheiro e condições de tocar a vida”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: blue;">Comissão da Verdade</span><span style="background-color: white;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Alves
e Preto dizem que a Comissão da Verdade instituída pela então presidenta Dilma
Roussef, cujo objetivo foi examinar e esclarecer graves violações contra os
direitos humanos entre 1946 e 1985, veio em boa hora. Ele e Alves, no entanto, temem
que forças ocultas atrapalhem o trabalho dos membros da comissão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Para
Alves, embora o Brasil esteja vivendo uma democracia, as instituições ainda são
frágeis. “Pode ser que os membros da comissão tenham boa vontade, sejam pessoas
dignas, mas haverá muita resistência, principalmente, dos militares”, acredita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Preto
acrescenta que a comissão é um avanço, mas teme que haja resistência de setores
da sociedade que até hoje resistem à democracia. “Mas confio no povo e nos
meios de informação, como a internet, que podem ajudar muito os membros dessa
comissão”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">(Reportagem publicada em abril de 2014
na Revista Tradição, de Maringá)</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> </span><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">FOTOS:</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.4pt;">O
médico Osvaldo Alves, que morreu recentemente, foi perseguido pela ditadura e
perdeu um hospital, em Mandaguari</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 28px;">Preto foi sequestrado por militares na frente dos filhos, em Apucarana<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLEdyljuclF0Sn-7xVXIxQFgiOZcA_wMhFGs0lu5kCxNviwijPzhLWWmM2OiDUIZ9YD320PahHMGb7IyWF0XFGvcYN9mSA11k8jD5syLEvylFdULjlC2Iod4JR3hc7KXPRUwisx6QsyQY/s1600/Golpe%252C+foto+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLEdyljuclF0Sn-7xVXIxQFgiOZcA_wMhFGs0lu5kCxNviwijPzhLWWmM2OiDUIZ9YD320PahHMGb7IyWF0XFGvcYN9mSA11k8jD5syLEvylFdULjlC2Iod4JR3hc7KXPRUwisx6QsyQY/s320/Golpe%252C+foto+1.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr4C1T1qrrrSFdeKlJX6SFDJ6LEItPToNaaQtmAQG7zTxg2k1kFrA7f2w5KnKMjU-oDKtN8n8VCcYc2g-iklXtVus-oGa4N14ne-gvwNjOoy1wYqnG8OCx9sOCKtGsGAqytCnZGRwhlnM/s1600/Golpe%252C+foto+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr4C1T1qrrrSFdeKlJX6SFDJ6LEItPToNaaQtmAQG7zTxg2k1kFrA7f2w5KnKMjU-oDKtN8n8VCcYc2g-iklXtVus-oGa4N14ne-gvwNjOoy1wYqnG8OCx9sOCKtGsGAqytCnZGRwhlnM/s320/Golpe%252C+foto+2.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
Donizete Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/16636835110159852159noreply@blogger.com0