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Mostrando postagens de 2025

Ele queria um museu, mas a morte veio antes...

  Morte repentina de antigo morador de distrito de Apucarana, que colecionava mais de 30 mil objetos antigos,   e pretendia transformar casa em espaço para abrigá-los, revela incertezas sobre projeto (Donizete Oliveira: Texto e fotos)   Antônio Carlos mostra antigo cortador de tabuinhas, usadas antigamente para cobrir casas U ma sexta-feira de sol, céu límpido e um vento brando, que assoprava levemente as plantações à beira da estrada. Típico dia de inverno. Vanderlei conduz o carro que me leva até o distrito de Caixa de São Pedro, a 22 quilômetros de Apucarana. Disseram que lá existe um morador que coleciona objetos antigos. À primeira vista, imaginei alguém que juntasse algumas velharias. Aparelhos de rádio, televisão, toca-discos, despertador, panela de ferro ou algo parecido, que vez ou outra vemos por aí. Chegamos ao local indicado. O dono dos tais objetos se aproxima. Nos convida para ir à pracinha do distrito. Iria falar da história do local e, em seguida, nos leva...

UM CABOCLO NA CIDADE

Alcino, chamado de “O cantor das estrelas”, trabalhou na roça e se mudou para Apucarana, onde  passou por diversos empregos, mas aos 57 anos conseguiu se dedicar ao seu dom, gravou cinco CDs e compôs mais de 50 músicas sertanejas (Texto e foto Donizete Oliveira) As ruas tranquilas de Miradouro, cidade mineira com pouco mais de dez mil habitantes, nas margens da BR-116, a conhecida Rio/Bahia, refletem o silêncio das montanhas que a cercam. Cenário perfeito para compor uma moda caipira, daquelas que narram a vida de um caboclo. Alcino José da Silva nasceu lá, mas veio criança com a família para o Paraná. Ele não pôde compor músicas apreciando as paisagens da cidade natal, mas inspirou-se na vida do interior, tornando-se compositor e cantor. Apesar de bucólicos, seus versos, às vezes, são tristes. Retratam o árduo trabalho na roça, que nem sempre traz recompensa. “Os violeiros cantando falam do meu sertão/Não pude ser feliz, só tive decepção/Trabalhei muitos anos, não tive compensa...

O PÃO NOSSO DE CADA DIA...

  Padeiro que bateu e assou massa por mais de 50 anos lembra do tempo em que as carroças faziam filas à frente das padarias para levar pão e leite até a casa dos moradores, que pagavam ao dono do comércio no fim do mês Texto e foto Donizete Oliveira Acomodado numa cadeira, ele não arreda os olhos do jogo de sinuca. A cada tacada, uma bolinha vai; outra vem. Até a última cair. O vencedor grita e joga o taco sobre a mesa. Pausa. Uma cerveja. Conversa fora. Mais uma partida. Aquele senhor grisalho permanece vidrado nas tacadas. Quem ganha, quem perde? Não importa. Vale o passatempo. Dos jogadores e dele, que anos a fios trocou o dia pela noite para ganhar o pão e garantir o pão alheio. Aposentado, assiste aos amigos, em intermináveis disputas de sinuca. Num bar na rua Osvaldo Cruz, em Apucarana. A maioria que ali frequenta o conhece. É Antenor Rafael. “Debulhar o trigo/Recolher cada bago do trigo/Forjar no trigo o milagre do pão”. Os versos de Milton Nascimento e Chico Buarque, ...