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Mostrando postagens de 2017

ASSIM NASCEU O PAGODE DE VIOLA EM MARINGÁ

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Nos anos 1950, Tião Carreiro vinha com frequência a Maringá, de onde saía com seu parceiro, Pardinho, para se apresentar nos circos da região, e numa dessas paradas no antigo Hotel Paulistano, com ajuda de Zorinho, atual maestro Itapuã, ele criou uma batida diferente na viola, consagrando um novo jeito de tocar o instrumento. É o que mostra o documentário “A mão direita do Itapuã – um caminho possível para conhecer o ritmo do pagode”, realizado pelo músico e pesquisador paulista Saulo Alves (Texto: Airton Donizete -  Fotos: Divulgação e Domingos Bernardino) Houve um tempo em que Maringá respirava música sertaneja. Não, não é exagero. Não era como hoje em que músicas ditas sertanejas se propagam por várias mídias. Na década de 1950, os que dispunham de rádio ouviam programas sertanejos e, por aqui, havia os circos e o auditório da Rádio Cultura, na esquina das Avenidas Herval e 15 de Novembro, com apresentações e encenações sertanejas. A televisão engatinha

O DIA EM QUE A CIDADE VIROU SERTÃO

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Tinoco, mito da música caipira, foi homenageado em Maringá, em 2009, com show cuja renda foi revertida para tratamento de saúde de sua mulher, Nadir, que estava com câncer (Texto e foto: Airton Donizete) Tinoco posa para foto na Cerealista Pantaneira, de Maringá; ele esteve na cidade para show no Clube Olímpico, em 2009, cuja renda foi destinada para tratamento de saúde da mulher dele, Nadir, que viria a morrer logo depois, vítima de câncer O telefone toca. Era o Aníbal, compadre do Tinoco, convidando o Fregadolli (da Revista Tradição ) para almoçar na Cerealista Pantaneira. No cardápio, frango caipira e polenta. Mas a atração principal era o próprio Tinoco que se preparava para o show em sua homenagem no Clube Olímpico, de Maringá. A renda do evento foi revertida para custear tratamento de saúde de sua mulher, Nadir, que estava com câncer.  Eu fui junto, pois era a oportunidade de entrevistar Tinoco, um dos últimos representantes da música caipira. De camisa verm

VIDAS ERRANTES

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Moradores de rua de São Paulo e Maringá revelam histórias angustiantes e contam como enfrentam o desafio de dormir ao relento e andar sem destino pelas cidades (Texto e fotos Airton Donizete) Morador de rua  em São Paulo, que tem pelo menos 15 mil na mesma situação - A produção de “refugo humano” ou, mais exatamente, de seres humanos refugados, os que não puderam ou não quiseram ser reconhecidos, os que não obtiveram permissão para ficar, é um produto inevitável da nossa sociedade. É consequência inseparável da modernização, efeito colateral da construção da ordem e do progresso econômico - diz trecho na contracapa do livro “Vidas desperdiçadas”, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Caminhando pela Avenida São João, centro de São Paulo, uma cena me faz refletir sobre as palavras que lera no livro de Bauman. Passa da meia-noite. Um pombo solitário belisca resquícios de comida em volta do cobertor encardido de um andarilho que dorme na calçada. Ué, mas o pom

ELES PUSERAM MARINGÁ NA VANGUARDA DA ARTE

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Um mineiro, um paulista, um japonês, um alemão e um italiano, na longínqua década de 1950, deram formato à história artística de um embrião de cidade, que crescia exuberante em meio àquele inóspito sertão Texto: Airton Donizete Fotos: Acervo da Gerência de Patrimônio Histórico e AD Maringá não é apenas “Cidade Canção”; é uma cidade de sorte. Pelo menos, em se tratando de arte. Logo após sua fundação, em 10 de maio de 1947, cinco artistas de peso se estabeleceram aqui. Na década de 1950, eles se destacaram cada em sua área, transformando Maringá numa referência artística. A influência deles foi fundamental para construir uma identidade da arte local. O historiador João Laércio Lopes Leal assim se refere aos anos 1950 no livro “História artística e cultural de Maringá – 1936/1990”: “Um decênio farto em figuras, acontecimentos, produtos e práticas relacionados ao cultivo desse universo tão rico e revelador de um tipo de mentalidade peculiar, pois as manifestações artístico

TEMPERATURA VERBAL SOBE NA FRIA CURITIBA

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Depoimento de Lula à Justiça Federal, na capital do Estado, inflama ânimo de militantes prós e contras o ex-presidente, que trocaram farpas pelas ruas Texto e fotos Airton Donizete Fui a Curitiba de carona num ônibus fretado por militantes que iriam à manifestação em prol do ex-presidente Lula. Saímos de Maringá por volta da meia-noite e meia de quarta-feira. Na entrada de Curitiba, parada na Polícia Rodoviária. Revista das bolsas e interior do ônibus. Um passageiro portava uma máscara antigás. Os policiais ficaram na dúvida. Pode? Não pode? Após muita confabulação e troca de informações pelo celular com superiores, liberaram o equipamento. Afinal, se é algo destinado à proteção do indivíduo, então, pode, não é? Seguimos até a rua Getúlio Vargas, em um terreno que fica entre a Rodoferroviária e o estádio do Paraná Clube. Ali, militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) levantaram um acampamento. O ônibus ficou lá. Segui a pé com um grupo até a Praça Santos A