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Mostrando postagens de 2020

O FILÓSOFO DAS AMENIDADES

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  Personagem conhecido nos bastidores políticos maringaense, Antero Rocha começou a militância no movimento estudantil passou pelo antigo MDB com atuações na imprensa e na realização de eventos artísticos em Maringá (Texto e foto: Donizete Oliveira) Dizem que ele estava sentado à mesa de um bar e um amigo espalhou: ali está o embaixador do Senegal! Trataram-no com todas as honras, servindo bebidas à vontade às mesas que ele ordenasse. Mas desfeita a farsa cada um teve de pagar o que consumiu a mando do suposto embaixador. A história corre. Cada um conta de um jeito. O próprio não confirmava, disfarçava com um sorriso no canto da boca. Antero Silva da Rocha viveu a história política de Maringá desde 1970. Nascido num lugarejo chamado Brejinho das Ametistas, distrito de Caetité (BA), numa família de 12 irmãos. Em busca de dias melhores, se mudaram para Bandeirantes, ele tinha dois anos. O pai, Sebastião, trabalhava no Instituto Brasileiro do Café (IBC), e foi transferido para Cianorte.

UM CASO DE ABDUÇÃO EM MARINGÁ

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Há 40 anos óvni teria pousado em terreno no Jardim Alvorada, um dos bairros mais conhecidos da cidade, e capturado o eletricista Jocelino Mattos, que viu sua vida se transformar após o fenômeno, que até hoje atrai mídia, ufólogos e curiosos (Texto e fotos Donizete Oliveira) Em 13 de abril de 1979 (Sexta-feira Santa), Jocelino de Mattos, então com 20 anos, e seu irmão, Roberto Carlos de Mattos, 13, voltavam da casa de uma irmã por volta das 23h30. De repente, na Rua Roberto Simonsen, nas proximidades da Escola Municipal Ariovaldo Moreno, no Jardim Alvorada, avistaram uma estrela. Brilhante com uma espécie de cauda. Não deram atenção, mas o objeto começou a se deslocar rapidamente no céu. Roberto Carlos cismou que havia algo estranho com aquela estrela. Mas o irmão o encorajou. “Não é nada, vamos embora”, disse. “É uma estrela comum, talvez com um pouco mais de brilho”. Na época, havia muito mato e plantios de soja no Jardim Alvorada. Eles estavam a cerca de 500 metros de um ab

Ditadura censurou informações sobre epidemia de meningite que apavorou o Brasil nos anos 70

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A desinformação ajudou a espalhar a doença, assustando o Brasil, que, em 1974, não dispunha de atendimento especializado para diagnosticar e tratar os casos nem de vacina para imunizar ao menos os moradores de São Paulo, onde houve mais vítimas (Donizete Oliveira, texto e pesquisa) Eu tinha oito anos. O ano era 1974. Morava na roça, em Califórnia, norte do Paraná. Numa localidade chamada Laranjal. Havia lavoura de café, feijão, arroz e milho. O pasto era grande. Meu pai tinha algumas vacas de leite. Pelo menos duas vezes por semana, eu levantava cedo e pegava uma caneca de alumínio com um pouco de cachaça no fundo e corria até o curral. Com certa rapidez, meu pai puxava a teta da vaca e a enchia de leite fresco. Misturado à cachaça dava um gosto especial.     Em casa, a única fonte de informação era um rádio Semp, valvulado, com quatro faixas. À noite e pela manhã, meu irmão sintonizava as rádios de São Paulo. Por ali, a gente sabia o que se passava no Brasil. Televisão apenas

Gripe espanhola - Desesperados, doentes procuravam atendimento nas delegacias de polícia

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A falta de um sistema de saúde público fez aumentarem os mortos, cujos corpos eram abandonados nas ruas do Rio de Janeiro em meio a ratos e urubus, formando um cenário devastador   (Donizete Oliveira, jornalista e historiador) Minha infância se passou na roça. Meu pai, José, era contador de causos. Em dias chuvosos, eu sentava na taipa do fogão a lenha para ouvi-lo. Ele nascera em 1915, infelizmente, morreu com apenas 64 anos de um tumor no intestino. Seus causos, muitas vezes, retratavam episódios de sua difícil infância, em pleno auge da chamada gripe espanhola, que, segundo estudos, matou pelo menos 50 milhões de pessoas pelo mundo entre 1918 e 1919. Mesmo após seu pico, ainda provocava medo. Meu pai dizia que qualquer gripe levava as pessoas ao desespero, imaginando ser a temida gripe espanhola que, no Brasil, matou em torno de 35 mil pessoas. O Rio de Janeiro, que tinha 910 mil habitantes, em 1918, foi a cidade que mais sofreu com a pandemia, registrando 15 mil

PESTE NEGRA: ISOLAMENTO SALVOU VIDAS

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Cidades cercadas por muros tiveram menos mortes na pandemia que matou entre 25 e 70 milhões na Europa no século 14, cuja transmissão se dava pela pulga dos ratos, que se proliferavam na sujeira urbana (Donizete Oliveira, jornalista e historiador) Quando escrevo este texto o Brasil contabiliza 61 mortos e 2.567 infectados pela pandemia do coronavírus. Vários países em quarentena. Mas não é a primeira vez.   Volvendo os olhos na história verificamos que mundo enfrentou algumas pandemias. A mais terrível foi a peste negra ou peste bubônica, de 1347 a 1350. Historiadores divergem, mas calculam-se entre 25 e 70 milhões de mortes na Europa. Surgida na Ásia em regiões da China e Índia, ela chegou ao continente europeu por navios, cujos porões sujos acumulavam ratos infectados, agentes transmissores da moléstia. A pulga dos roedores ao picar as pessoas transmitia um bacilo chamado “Yersinia pestis”. Bubônica oriunda de bulbo, furúnculos, que cresciam nos gânglios e se assemelha

Dilúvio de lama arrasa família de Noé

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(Texto e fotos Donizete Oliveira) Segunda-feira, 9 de dezembro de 2019, 11h10. Cheguei a Brumadinho. Cidade pacata, de 39.520 habitantes, a 62 quilômetros de Belo Horizonte. Na pequena rodoviária procurei um táxi. Um descia a rua ao lado. Acenei, e ele parou. Disse que queria ir à comunidade Córrego do Feijão, onde viviam 415 pessoas, pelo menos até a tragédia anunciada, que a assolou. Relatório de Impacto Ambiental divulgado em 2017 e revelado pela mídia indica que a Vale omitiu risco de rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro de 2019.                Thiago Mendes da Silva, 34 anos, me conduziu num Pálio Weekend, ano 2014. Ele era consultor de vendas e, há cerca de um ano, começou a trabalhar com o táxi. Cobrou R$ 80 para me levar até a localidade do Feijão, a 15 quilômetros de Brumadinho. Uma estrada pavimentada com rejeito de mineração, alguns buracos e quebra-molas improvisados. Para ele, fazer aquele caminho é rotina, ma

UM PÉ DE CACAU EM MARINGÁ

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(Texto e foto Donizete Oliveira) Eu passava sempre por ali. Um pé de fruta diferente se destacava. À primeira vista, não reconheci. Minha memória visual ajudou. Lembrei-me dos frutos quase redondos, bicudos. Naqueles livros didáticos do antigo segundo grau eu sempre os via. É cacau, recordei! Muita gente para em frente à grade e arrisca palpites. Quase sempre o confunde com caju. Mas aí alguém se lembra do chocolate que remete ao cacau. Uma pesquisa no Google diz que a safra de cacau vai de setembro a fevereiro, e a civilização maia o considerava um alimento que deuses davam aos homens. Após muita insistência consegui falar com o proprietário do terreno de 600 metros quadrados, com duas casas, na Avenida Juscelino Kubitschek, em Maringá. Fiquei na espreita. De repente, chegou Melchiades Ribeiro dos Santos, um maringaense nascido em 10 de dezembro de 1956. Seu pai, Tertuliano, é de Jequié, e sua mãe, Matilde, de Mutuípe, ambos os municípios da Bahia.             Pedreiro, du