(Texto e foto Donizete Oliveira)
Eu
passava sempre por ali. Um pé de fruta diferente se destacava. À primeira
vista, não reconheci. Minha memória visual ajudou. Lembrei-me dos frutos quase
redondos, bicudos. Naqueles livros didáticos do antigo segundo grau eu sempre
os via. É cacau, recordei!
Muita gente para em frente à grade e arrisca palpites. Quase sempre o confunde com
caju. Mas aí alguém se lembra do chocolate que remete ao cacau. Uma pesquisa no
Google diz que a safra de cacau vai de setembro a fevereiro, e a civilização
maia o considerava um alimento que deuses davam aos homens.
Após
muita insistência consegui falar com o proprietário do terreno de 600 metros
quadrados, com duas casas, na Avenida Juscelino Kubitschek, em Maringá. Fiquei
na espreita. De repente, chegou Melchiades Ribeiro dos Santos, um maringaense
nascido em 10 de dezembro de 1956. Seu pai, Tertuliano, é de Jequié, e sua mãe,
Matilde, de Mutuípe, ambos os municípios da Bahia.
Pedreiro, duas filhas, viúvo,
ele conta que plantou o pé de cacau em 1983. Trouxe a muda de Jequié. De lá
para cá foram muitas safras. O pé ficava no fundo de casa e foi transferido
para frente, mas sempre produzindo vistosos frutos, que começam no tronco e se
espalham pelos galhos.
Santos diz que a curiosidade sobre o
cacaueiro é constante. No momento da entrevista, chegou um rapaz de bicicleta
em busca de um fruto. A mulher dele passara pelo local e quis experimentá-lo.
“Ela insistiu tanto que eu vim aqui algumas vezes até encontrar o proprietário
para pedir um fruto”, afirmou.
Mas o pé de cacau pode mudar de
endereço. Santos pretende vender o terreno com as casas. Vai depender do novo
proprietário. “Mas vou cultivar mudas e levar pra outro lugar, não quero perder
a planta que, aqui no Sul, chama atenção de muita gente”, afirma.
![]() |
O pedreiro Melchiades e o pé de cacau que plantou em 1983, em terreno na Avenida JK