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A CIDADE DOS PICA-PAUS


Fotógrafo registra variedades da espécie que se prolifera em Maringá enfeitando as árvores de cores e barulho peculiar produzido pelas potentes bicadas nos galhos secos

Texto Airton Donizete
Fotos Wellington Carvalho

Ainda não eram 7 horas. Eu caminhava perto do Parque do Ingá, centro de Maringá. As batidas eram cada vez mais fortes: pá, pá, pá... Imaginei que alguém batesse o martelo numa tábua ou coisa parecida. Olhava, olhava e não via de onde vinha aquele som. Andei mais um pouco. Parei. Aí identifiquei: o som vinha de um poste. Era um pica-pau bicando a estrutura de ferro que protegia uma lâmpada.
Como este é possível ver muitos outros. Há muitas variedades de pica-paus em Maringá. Alguns emitem um som peculiar e mergulham entre as galhadas. Voam de um galho ao outro. Bicam, bicam. Se encontrarem comida permanecem ali por um tempo. Do contrário, seguem à procura de galhos e troncos secos de onde podem tirar sua refeição.
Leio no site Wiki Aves (site especializado em aves) que os pica-paus são de fácil identificação na natureza. Hábeis cavadores de buracos em troncos estão sempre a fazer barulho, facilitando a localização.   Eles têm a língua vermiforme, em forma de verme, e muito longa. Um potente instrumento para coletar insetos que ficam nos furos da madeira.
É uma ave de bico duro. No Wiki Aves também leio que os pica-paus suportam um impacto de cerca de 1200 G (força de aceleração da gravidade) ao bater seu bico numa árvore. A mesma ação entre 80 e 100 G pode provocar concussão cerebral num ser humano.
Os pica-paus não sentem nem mesmo dor de cabeça! Sua cabeça se desenvolveu com quatro estruturas diferentes, que lhe possibilitam bicar uma árvore até 22 vezes por segundo sem nenhuma lesão no cérebro.
Eles têm um bico forte, mas flexível; um hioide, uma estrutura de osso e tecido elástico que envolve o crânio; uma área de osso esponjoso no crânio e um pequeno espaço entre o crânio e o cérebro para o líquido cerebrospinal. Característica que os tornam especiais, com bico bastante resistente.
Especialistas dizem que no Brasil há em torno de 47 variedades de pica-paus. Em Maringá, é possível ver alguns. O fotógrafo Wellington César de Carvalho, 46, os fotografou em árvores da cidade.  São dele as fotos que ilustram este texto. Portanto, se você ouvir nas ruas de Maringá: pá, pá, pá... sem pausa por alguns instantes. Pode ser um pica-pau. De verdade. Não aquele do desenho, que faz sucesso na televisão, criado por Walt Lantz, em 1940.

PICA-PAUS FOTOGRAFADOS EM MARINGÁ

Pica-pau-cabeça-amarela
Pica-pau-do-topete-vermelho
Pica-pau-branco

Pica-pau-anão-barrado







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