Não faltam atividades para o pioneiro
Laércio Nickel, que nasceu em Poços de Caldas (MG) e chegou a Maringá em 1951,
ajudando a consolidar a profissão de dentista na cidade, onde vive até hoje no
seu apartamento cercado de objetos antigos e ainda exercendo um dos seus
hobbies: a fotografia
Texto Donizete Oliveira
Fotos Arquivo pessoal e DO
Uma
visita ao apartamento do dentista Laércio Nickel Ferreira Lopes, no centro de
Maringá, é uma volta ao passado. Aparelhos de som, máquinas de escrever,
câmeras fotográficas (mais de duzentas), entre outras relíquias, que só podem
ser vistas por lá. Ele vai à frente descrevendo cada objeto e se o visitante
imaginar que já viu tudo, Laércio Nickel mostra outro, olha nos olhos no interlocutor e dispara: “baba”. É de
babar mesmo ao descobrir detalhes de cada antiguidade.
Nascido
em 14 de abril de 1928, em Poços de Caldas (MG), ele chegou a Maringá em 1951,
com o amigo de infância e de profissão Newman da Silva Gomes. Laércio Nickel se
formara em Alfenas, no sul de Minas Gerais. Em Maringá, ele exerceu a
odontologia por mais de 50 anos e se casou com Lúcia Moreira, filha de Napoleão
Moreira da Silva, tradicional político local, cujo nome batizou uma das
principais praças da cidade. O casal tem os filhos: Vânia, Ênio, Sônia, Vera e
Luciano, quatro netos e dois bisnetos.
Fotógrafo,
apesar da idade, não tem dificuldade para explicar aberturas da lente e
velocidades do obturador conforme as condições de luz. Aliás, não faltam coisas
que ele faz, e bem feitas. Artesão (produz peças com miúdas pedras coladas),
escritor, rádio amadorista (quando havia poucos telefones em Maringá, ajudava
na comunicação), piloto de avião e colecionador de antiguidades. “Sempre fui
muito dedicado àquilo que gosto de fazer”, diz. “Tenho paixão em viver e
conviver com as pessoas”.
Um
livro seria pouco para contar as aventuras de Laércio Nickel. Só as de piloto
preencheriam algumas páginas. Por exemplo, aquela em que desligou o motor para
dar um rasante. O motor não religava, e ele tentou, tentou, até fazê-lo
funcionar no limite para completar a manobra. Por pouco, hein! Mas aquilo não
foi nada para quem se tornou um playboy de avião, como ele mesmo diz.
Com
tantos afazeres, Laércio Nickel sempre arrumou tempo para participar de clubes
de serviços comunitários. Em 14 de maio de 1953 foi fundada a Associação Maringaense de
Odontologia (AMO), numa reunião no antigo Aeroclube de Maringá. O dentista
pioneiro participou do ato, se tornando um dos fundadores da entidade, cujo
primeiro presidente foi seu amigo Newman da Silva Gomes. “Tempos difíceis, mas
também de muita união e colaboração de todos, sempre pensando na melhoria das
condições de trabalho dos profissionais dentistas em Maringá”, afirma.
Sua
atuação social em Maringá é ampla e diversa. Entre
outros feitos, fundador do Lions Clube de Maringá, na década de 50, um dos primeiros
do Brasil. Ele é o único fundador vivo e o Leão (membro do clube) mais
antigo do Paraná; homenageado diversas vezes pela entidade. Do Maringá Clube,
fundado pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP), é pioneiro
fundador.
Filho
de Luiz do Prado Ferreira Lopes e Maria Luiza Nickel Ferreira Lopes. O pai foi
coletor Federal em Alfenas e seu avô Gaspar José Ferreira Lopes prefeito
daquela cidade por três mandatos e senador mineiro na primeira República. Na
época, os Estados tinham câmaras legislativas, e ele exerceu o mandato em Minas
Gerais.
Em
14 de abril de 2018, Laércio Nickel celebrou seus 90 anos. Para comemorar, seus
parentes se reuniram em Maringá. Nada mais justo, pois é um pedaço da história
mineira que se juntou ao noroeste do Paraná, onde continua fazendo história.
Alvo de muitos cumprimentos, ele ouviu repetidas vezes: que esta data se
prolongue por muitos anos!
Laércio no apartamento dele, que se tornou quase um museu |
Com a mulher, Lúcia Moreira, cujo pai dá nome à praça em Maringá |
Vitrola, que funciona por corda, no apartamento dele |
Filhos e demais parentes na comemoração dos 90 anos de Laércio |